Intervenção de Carlos Prazeres, Membro da DOR de Lisboa, Encontro Nacional do PCP sobre eleições e a acção do Partido

Privatizações, delapidação do país e corrupção

Privatizações, delapidação do país e corrupção

É cada vez mais evidente que é o poder dos grandes grupos económicos e financeiros, com as imposições da UE, que decide as políticas económicas.

Uma realidade que no nosso país tem como executantes PS/PSD/CDS, que colocaram nas mãos do grande capital importantes sectores e empresas públicas, estratégicas para o nosso desenvolvimento: a PT, os CTT, a EDP, a Petrogal, a ANA, a EFACEC, a banca, os seguros. Uma cumplicidade que continua a abrir caminho para que os grandes grupos económicos se apoderem de mais sectores estratégicos e de serviços públicos, como são os exemplos dos sectores da saúde, educação e das águas.

As privatizações têm revelado a promiscuidade entre o poder económico e o poder político com um permanente branqueamento e uma esquematização corrupta, de submissão e tráfico de influências, suportada pelo sistema capitalista.

As consequências e danos são incalculáveis. O ataque a direitos laborais, com a destruição da contratação colectiva e substituição de trabalhadores por outros sub-contratados, como na PT ou EDP, espartilhadas em dezenas de empresas, com milhares de trabalhadores a prestar serviço e que vivem com o salário mínimo, condenados à precariedade, arredados dos acordos de empresa.

A perda de património público, com a venda de edifícios, infraestruturas, conhecimentos construídos e adquiridos ao longo de anos com investimento público. A destruição de serviços essenciais para as populações, como é o caso dos CTT e do serviço público postal. A perda de instrumentos de regulação e a liberalização com os consequentes aumentos de preços para as populações e o escandaloso engordar de lucros a partir de bens essenciais (as energias) como é o caso da Petrogal e grupo Galp.

Lucros estes que revertem para uns poucos accionistas, que retiram tudo o que podem das empresas, distribuem mais dividendos que lucros, deixando os trabalhadores e o país cada vez mais pobres. Lucros que contrastam com o empobrecimento do povo e dos trabalhadores, que todos os dias lutam com muita dificuldade para pagar as suas contas.

A decisão do tribunal de contas dá razão ao PCP, confirma o crime para o país que foi a privatização da ANA e é exemplo paradigmático: vende-se uma empresa aos desbarato: cerca de mil milhões de euros.

Em apenas 10 anos, a Vinci já fez esse valor e obteve lucro de 309 milhões. Entretanto, a construção do novo aeroporto de Lisboa, infraestrutura fundamental ao país, arrasta-se. Naturalmente, o interesse da Vinci é não gastar esse dinheiro, metê-lo no bolso e continuar a fazer remendos na Portela, com todas as consequências para o desenvolvimento económico do país, como para o ambiente e segurança.

São estas as políticas que unicamente favorecem uma pequena minoria que se apropria da riqueza, que acentua a exploração e o agravamento das condições de vida dos trabalhadores e do povo. Políticas postas em prática pelos mesmos que depois circulam pelos mais altos cargos destas empresas que beneficiaram, numa teia obscura de interesses.

Torna-se necessária uma política de ruptura com as opções de onde germina a corrupção económico-financeira e a sua ligação aos processos de privatizações, que acabe com a submissão política ao poder dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros.

É imperativo lutar pela recuperação do controlo público das empresas e sectores estratégicos, colocando de novo ao serviço do povo e do país. Lutar por uma política que valorize o trabalho e os trabalhadores.

Por um Portugal livre, justo e fraterno, sem desigualdades e sem exploração.