Intervenção de Ângelo Alves, membro da Comissão Política do Comité Central, Encontro Nacional do PCP

Em defesa da paz

Em defesa da paz

Camaradas,

O quadro internacional em que vamos travar a batalha eleitoral é complexo e perigoso.
Os problemas gerados pelo desenvolvimento capitalista são instrumentalizados para intensificar a exploração e a opressão e para alimentar agendas reaccionárias, belicistas e antidemocráticas.
 
Está muito em jogo: direitos, conquistas, valores universais, vidas, muitas vidas, segurança e o futuro da Humanidade.

A própria verdade é uma das vítimas deste quadro: Os que defendem a paz, os direitos e a democracia, são caluniados e perseguidos. Os que promovem a exploração, restringem liberdades, alimentam o fascismo e a guerra, são apresentados como imaculados paladinos do “mundo democrático e civilizado”, como eles dizem.

Civilizado?  Um Mundo que gasta centenas de milhar de milhões na indústria da morte enquanto centenas de milhões de seres humanos morrem com fome ou doenças evitáveis, dormem na rua ou não têm emprego?

Democrático? Um Mundo onde os membros da NATO cortam na saúde, na educação, nos salários e nas pensões, para desviar dinheiro para a guerra; onde a União Europeia mais parece um conselho de guerra subordinado aos EUA; e onde órgãos de comunicação social instigam a guerra ou justificam massacres?

Não, camaradas. Isso não é nem democrático nem civilizado! É retrocesso e é barbárie. Retrocesso onde os “donos disto tudo” não hesitam em criar e promover criaturas como os Trumps, Bolsonaros e Venturas deste Mundo - gente e forças que nada têm de anti-sistema. São, aliás, do pior que o sistema tem: uma espécie de tropa de choque que semeia ódios e divisões para servir os interesses dos seus criadores e mandantes.

É inevitável? Não! Exige luta, determinação, organização, esclarecimento e verdade!
E a verdade, dura como punhos, é que esta barbárie não é sinal de força dos poderosos, é antes uma reacção violenta de quem, perante a luta dos trabalhadores e do povos e grandes mudanças na situação internacional, já não consegue manter o seu poder sem recorrer às medievais ideias do “olho por olho” ou do “comigo ou contra mim”.

Eles sabem, como nós sabemos, como e porque começa a guerra. Sabem que a guerra na Ucrânia, a que urge pôr fim e que já poderia ter terminado se houvesse vontade para tal, foi instigada e preparada com ingerências e golpes, com promoção de forças fascistas, com provocações e alargamentos da NATO.

Eles, que apelidam de terroristas todos os que se lhe oponham, sabem que são eles próprios os responsáveis pelo financiamento, criação e armamento de grupos terroristas, nomeadamente nas guerras do Afeganistão, do Iraque, da Líbia ou da Síria.

Eles sabem o que podem provocar quando elegem a China como inimigo estratégico, quando se ingerem na questão de Taiwan ou quando criam tentáculos da NATO na Ásia Pacífico. Tal como sabem que a única razão de países como Cuba serem vítimas de um feroz bloqueio é porque o seu digno e corajoso exemplo é perigoso para a teia de domínio imperialista.
 
Um domínio que assenta também numa ofensiva ideológica baseada na mentira. Assim é porque eles sabem que na batalha das ideias, quando a verdade vencer, serão os povos a conquistar a Paz retirando poder àqueles que instigam e defendem a guerra.

Dar mais força à CDU é dar mais força à verdade. É dar força aos que erguem a bandeira da soberania nacional e do direito dos povos à autodeterminação e ao desenvolvimento, aos que defendem a Carta das Nações Unidas.

Reforçar a CDU é somar força à força dos que estão na linha da frente da luta contra a opressão e o fascismo, em defesa da democracia.

É alargar o campo dos que defendem uma política externa que, cumprindo a Constituição, liberte Portugal de amarras que prejudicam os nossos interesses, defendendo caminhos alternativos de cooperação solidária assentes na paz, no progresso e na justiça social.

Dar mais força à CDU é por isso alargar a frente dos que lutam coerentemente pela paz, contra as agressões, ingerências e guerras do imperialismo e que denunciam a hipocrisia e as mentiras com que se tenta justificar crimes terríveis.

Completam-se hoje 100 dias do inferno em Gaza e também já na Cisjordânia. Cerca de 100.000 vítimas, entre mortos, feridos e desaparecidos, num território massacrado por Israel numa tenebrosa operação de morte, destruição e expulsão.

Ao povo palestiniano, dizemos: Não estão sós! O PCP levantará sempre bem alto a bandeira da Palestina! Estamos e estaremos aqui, a lutar ao vosso lado pelos vossos direitos nacionais, pela vida do vosso povo, das vossas crianças, pelo direito ao Estado soberano da Palestina com as fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Leste e pela Paz no Médio Oriente!
 
É esse direito que defenderemos mais uma vez na Manifestação de amanhã aqui em Lisboa e na qual voltaremos a gritar: Paz no Médio Oriente, Palestina Independente!

Camaradas
A CDU é um espaço único no nosso País. Por várias razões, mas também por esta força, por este amor à paz, à verdade e à justiça que nos caracteriza. Aqui os sonhos são o horizonte e a luta é o caminho.

Temos razão! Estamos do lado certo da História! E esta nossa luta abrirá alamedas de esperança e confiança numa vida e num Mundo melhor, numa terra sem amos e de paz pela qual lutamos.

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