Intervenção de Alma Rivera na Assembleia de República, Debate sobre o Estado da Nação

O país não está condenado, está é mal governado pelas políticas que unem PS, PSD, CDS, CH e IL

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Sr Presidente
Sr Primeiro-ministro, srs membros do governo.
Sras e Srs deputados.

O governo fala de crescimento e resultados económicos animadores, mas isso não chega à vida das pessoas. Aquilo que se sente não é crescimento, é aperto.

Sobe a conta do supermercado, sobem as faturas, sobem os custos com a habitação, a prestação …aumenta tudo e só os salários e as pensões não acompanham.

Crescimento só mesmo os lucros da banca, da grande distribuição, das energéticas. Lucros de grandes grupos económicos que crescem às centenas de milhões à custa das famílias.

O governo diz que a economia melhora, mas o que vemos são as unidades de saúde e as escolas com falta de profissionais, ou a justiça que não anda. 

Algo não bate certo.

E nós dizemos, a todos os que estão fartos deste estado de coisas: não tem de ser assim. 

O país não está condenado, está é mal governado pelas políticas que unem PS, PSD, CDS, CH e IL, refém dos fretes aos grupos económicos e às multinacionais, submetido a regras da União Europeia contrárias ao interesse nacional.

É possível desenvolver Portugal de uma forma justa, combater as desigualdades e a pobreza.

É possível ter melhores salários, estabilidade e perspetivas no trabalho, tempo para viver.

É possível ter melhores pensões e uma reforma digna

É possível pôr o país a produzir mais e a dever menos.
É possível acabar com a submissão do poder político ao poder económico, que é a raiz da corrupção.

Quem vive e trabalha no nosso país sabe bem que todos os avanços, todos os direitos, todas as conquistas só são impossíveis até se tornarem realidade. Até se tornarem realidade pela força da união daqueles que precisam de uma vida melhor e lutam por ela.

Também diziam ser impossível manuais escolares gratuitos e eles aí estão. Era impossível um passe para os transportes públicos como o que temos nas áreas metropolitanas. Aí estão, propostas do PCP que foi possível concretizar.

Também não havia dinheiro para aumentos significativos dos salários, no entanto, este mesmo ano, em dezenas de empresas neste país, os trabalhadores conseguiram com a sua luta aumentos de salários superiores a 100 euros.

Querem que acreditemos que não há alternativa a este estado de coisas, querem que acreditemos que a escolha é entre a política de direita mascarada de esquerda do PS ou a política de direita descarada de PSD, CDS, IL ou CH.  

Mas uma alternativa existe e depende da força do povo, depende também da força com que o PCP conta para defender os interesses do povo.

É possível fazer chegar o crescimento económico à vida das pessoas, mobilizando os recursos públicos não para transferir para grupos económicos ou para reduzir aceleradamente o défice, mas utilizá-los para responder às necessidades do país.

É possível um investimento real na saúde, na educação, na habitação, na proteção social

É possível e é preciso valorizar as carreiras e os salários dos trabalhadores dos diferentes setores e fixá-los no país, 

É possível todos terem uma casa para viver e fazer frente à especulação, é possível uma rede pública de creches

É possível uma política de desenvolvimento do país que aposte nas suas MPME, na produção nacional, nas pescas e na agricultura. 

Colocar o dinheiro ao serviço das pessoas, com melhores transportes, segurança pública, mais cultura e desporto, mais proteção ambiental.

É uma possibilidade real que os setores estratégicos estejam ao serviço da economia nacional, que a TAP e a EFACEC permaneçam instrumentos públicos de desenvolvimento.

Ponha-se fim aos privilégios e benefícios fiscais de um punhado de grupos e multinacional. É preciso justiça fiscal para os trabalhadores e para as pequenas e médias empresas.

Pode-se ir buscar o dinheiro onde ele está e utilizá-lo para fazer o país andar para a frente! Combater a concentração da riqueza e rejeitar a obsessão do défice que nada trazem ao país. 

Não só é possível como é imprescindível e inadiável uma política alternativa que priorize os interesses nacionais, defenda a soberania e combata a dependência externa, que olhe para as relações externas do país com vista à cooperação, solidariedade e paz.

Àqueles que olham para o futuro sem esperança, dizemos que o país não tem o destino traçado. Que venham daí! O futuro será o que queiramos fazer dele e com o PCP juntamos forças para a construção de um caminho de desenvolvimento, de justiça, de dignidade.

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