Intervenção de Jerónimo de Sousa, Membro do Comité Central, Encontro Nacional do PCP sobre eleições e a acção do Partido

Eleições, batalha de todo o Partido

Eleições, batalha de todo o Partido

Camaradas:

Estes dois anos de governo de maioria absoluta do PS, confirmaram as nossas prevenções e previsões. O que o PS verdadeiramente aspirava, quando em finais de 2021 chantageava e se vitimizava com a não aprovação do seu negativo Orçamento de Estado, era ficar de mãos livres, para regressar à sua política de sempre – a desastrosa política de direita – e governar, como então e despudoradamente proclamou na Assembleia da República, “sem empecilhos”. Regressar àquela mesma política que, no essencial, partilhou à vez e em rotatividade, com PSD e CDS durante mais quatro décadas e que hoje, são secundados nesse propósito pela IL e Chega, visando levar ainda mais longe a sua acção destruidora e desestabilizadora da vida do povo. 

Arrecadados os votos, formado o governo, era a política ao serviço dos grandes interesses económicos e financeiros que emergia na sua plenitude das decisões do governo de maioria absoluta, tal como sempre o fizeram os governos do PSD sozinho ou acompanhado. 

O resultado dessa sua governação e da sua política estão à vista. Temos não só adiada a solução dos grandes problemas do País, mas em muitos domínios uma situação agravada, em particular nos direitos e condições do trabalho, na saúde, na habitação, nas políticas sociais, onde as injustiças e as desigualdades sociais campeiam, como a pobreza, esse flagelo social que se abate sobre centenas de milhar de idosos e crianças, de muitos que trabalham empobrecendo, sujeitos ao assistencialismo, à esmola. Escondendo que o maior anseio dos pobres é deixarem de o ser.

Soluções? Uma justa distribuição de recursos.

E se os problemas não assumiram uma mais negativa dimensão, foi porque a sua política de mãos livres para servir os senhores do dinheiro, foi em muitos aspectos contida, limitada e condicionada pela luta dos trabalhadores e do povo.    

O que salta cada vez mais à vista, agora que temos pela frente importantes batalhas eleitorais que se impõe realçar é que está por concretizar a política que Portugal precisa para fazer face à dimensão e gravidade dos seus problemas. 

Por isso, nunca como hoje surgiu tão necessária e imperiosa a concretização dessa palavra de ordem lançada pelo nosso Partido para as eleições que se avizinham: – “É Hora de mudar de política. Mais força à CDU!”

É hora de mudar de política, para uma política alternativa, patriótica e de esquerda e superar a política de desastre nacional de submissão às imposições da União Europeia e do Euro. Uma política alternativa para valorizar os salários, pensões e assegurar emprego com direitos, defender as funções sociais do Estado, o SNS, a Escola Pública; a cultura, o direito à habitação, valorizar a produção nacional, apoiar as MPME, defender o ambiente e combater a corrupção resultado da política de privatizações e do interesseiro jogo dos grupos económicos. 

Os combates eleitorais vão ser de grande exigência para todo o nosso Partido e para o conjunto das forças e activistas da CDU. 

Hoje, mais do que em momentos anteriores, se impõe um grande envolvimento do colectivo partidário capaz de construir uma forte campanha de massas, activa, criativa e dinâmica, baseada na afirmação da CDU assente no contacto directo, na informação, no esclarecimento e na mobilização para uma ruptura e uma mudança na vida política nacional.

Uma acção em que cada membro do Partido é chamado a dar uma contribuição decisiva, não esquecendo o papel importante que pode ter a JCP, a juventude com a sua imensa alegria e capacidade de iniciativa.

Tão mais importante quando sabemos que travamos estas batalhas com recursos desiguais e no quadro uma prolongada ofensiva anti-comunista manipuladora. Um quadro propício às manobras de diversão e ao engano, ao branqueamento de passados como já se vê, à encenação de cavadas diferenças entre os protagonistas da política de direita e ao alimentar de ilusões traiçoeiras.

Sim, precisamos de garantir que ninguém fica de fora destes combates! 

Estar lá aonde estão as massas, falar com vivacidade dos problemas mais vivos e gritantes do país e dos problemas mais sentidos pelos portugueses; estabelecer laços de comunicação, de afecto e de esperança na possibilidade da mudança; reavivar a memória do papel e das malfeitorias dos protagonistas da política de direita e seus governos; sustentar com convicção e entusiasmo as nossas propostas, soluções e rumo alternativo para o País; combater todas e cada uma das falácias que vão voltar a estar em cena – como essa trapalhice das inventadas «eleições para Primeiro-Ministro» para condicionar a escolha dos eleitores; denunciar vivamente a abusiva apropriação pelo PS dos avanços alcançados na defesa, reposição e conquista de direitos que resultaram sempre da acção determinada das forças da CDU; mostrar quanto calculista e enganadora era e é a manobra do PS de agigantamento do medo da direita. Agigantamento que tem como único objectivo obter um voto útil, que se tornou inútil para quem o deu; insistir e insistir sempre na suprema utilidade do voto da CDU, ao contrário de outros, um voto que é sempre útil para quem o dá – tal é o programa de trabalhos para o qual é imperioso convocar todas as energias, todas as capacidades, todas as disponibilidades e contribuições, todo o espírito de iniciativa, toda a audácia e confiança realmente existentes no PCP e na CDU. 

Vamos para diante confiantes no trabalho realizado, no inquestionável papel desempenhado pelo PCP e pela CDU para levar para a frente o País e defender os interesses dos trabalhadores e do povo e com o projecto de futuro alternativo de que somos portadores.

Sim, camaradas e amigos,

Não imaginam quantos foram aquelas e aqueles que, depois das últimas eleições, nos vieram dizer: Vocês fazem falta. Vocês fazem muita falta.

É com profunda convicção que juntos podemos ir para além da audácia e resgatando Abril, os seus valores e as suas conquistas e projecto, no fundo resgatamos a esperança, afirmando e apelando:

A CDU faz falta! A CDU faz muita falta!

Viva o PCP!
Viva a CDU!