Intervenção de Martinho Batista, membro do Comité Central, X Congresso da Organização da Região Autónoma dos Açores do PCP

Para uma região melhor, é preciso um PCP mais forte!

Tudo isto é dito e escrito nas nossas conclusões e documentos que aprovamos mas a nossa organização, no dia a dia, debate-se e confronta-se com as dificuldades e constrangimentos que nos são impostas pela grave situação social e pelos constrangimentos naturais da nossa condição arquipelágica. Essas dificuldades apresentam-se nas nossas reuniões e nas conversas que fazemos, tudo são dificuldades, mas também são reconhecidas potencialidades é preciso então procurar soluções, que fazer?

Como interessar as camaradas que, apesar das poucas disponibilidades, não se motivam para participar, em reuniões, em tarefas várias, em iniciativas.
Primeiro, a saber em cada caso concreto, qual o conteúdo do nosso trabalho, das reuniões e que conclusões tiramos, o que decidimos em coletivo e o que fazer para agir e intervir para fora do Partido.

Como apuramos a orientação e as respostas que temos para os problemas mais sentidos dos trabalhadores e das populações, como elencamos os problemas que se nos deparam no âmbito de cada organização em que participamos e que respostas temos para esses problemas, apurando qual o posicionamento politico e as formas de intervenção e luta a desenvolver. Saber com quem contamos e como influir no estado de espírito das massas para avançar com essas lutas.

Quando afirmamos que esta é a essência e o fim para que serve a existência de uma organização do Partido, é para que o Partido, como tal, intervenha e aja sobre a realidade, para que o Partido e cada um dos seus membros se aproxime o máximo possível dos seus companheiros de trabalho, dos vizinhos, das populações em geral, às suas atividades unitárias em defesa dos interesses coletivos. Estruturar a organização do Partido tem este objetivo fundamental.
É por isso que as células, as organizações de base do Partido, se situam nos locais de trabalho, nos locais de residência, nas organizações de massas, em todo o lado em que é possível estreitar a ligação do Partido com os outros, com os que não são membros do Partido mas que defendem os interesses dos trabalhadores e do Povo em geral, os que podem ser esclarecidos nesse sentido.

Mas camaradas é preciso que assumamos todos que só através da existência de organismos interligados e com tarefas claramente definidas é possível criar as condições para que os diversos membros do Partido possam participar, apresentar as suas ideias, tomar conta de tarefas e prestar informação sobre o seu cumprimento.

Num partido que exige a militância dos seus membros, uma militância dirigida e coordenada coletivamente, tem lugar a reunião regular do Partido, a reunião regular de que cada camarada faz parte, sem ela não poderemos realizar esta militância.

Cada um dos membros do Partido a atuar isolado, sem orientação politica apurada coletivamente, não consegue realizar a politica do Partido nem o desenvolvimento da luta organizada, a única que é transformadora.

Por isso todos os membros do nosso Partido devem fazer parte de uma organização, participar nas reuniões e assumir tarefas consoante as suas características e disponibilidades.

Tal como diz os nossos estatutos do Partido, nunca é de mais evocar " Para se ser militante são necessárias três questões essenciais: Estar de acordo com a linha política do Partido, pagar uma quota mensal (consoante as possibilidades de cada um) e pertencer e participar numa organização.

Detive-me mais nestes princípios de organização, caldeados pela experiência de 95 anos do nosso Partido, pois são condição essencial para que cresçamos e cumpramos o verdadeiro papel revolucionário do Partido Comunista.

Ganhar esta batalha, de termos um Partido organizado e estruturado, formando novos quadros e trazendo novos militantes, poderemos aproveitar plenamente as enormes potencialidades que se nos apresentam, tanto no Partido, como na ligação às massas.

Neste sentido as reuniões regulares dos organismos são a chave do êxito desta batalha.

As batalhas politicas que temos pela frente serão um desafio para a nossa organização, um desafio para que alarguemos a nossa influência politica, ideológica, social e eleitoral.

Tudo dependerá de termos uma organização estruturada e integrada, nos locais de trabalho, nas freguesias e nos concelhos e ao nível de cada ilha.
Há camaradas que se queixam que outros não participam, por falta de disponibilidade ou por desmotivação, é preciso aferir as causas em cada caso mas a maior parte das situações derivam da própria dificuldade, dos mesmos que se queixam, se mobilizarem, com a desculpa dos outros, e assim se paralisa a atividade do Partido.

Como exemplo, há casos em que camaradas eleitos em autarquias não procuram preparar a sua intervenção, nos órgãos em que participam. Ao chamar os outros a darem a sua opinião e apurarem coletivamente o posicionamento politico do Partido será mais motivador para que todos se estimulem a participar.
Alguns dizem que a dificuldade de crescermos está na nossa mensagem e imagem, no conteúdo e forma como a fazemos chegar publicamente, mas esquecem que a questão não está aí. Todos sabemos que os órgãos da comunicação social estão na posse da classe dominante, do grande capital, que nos silencia e deturpa.

E então só há uma forma de levarmos o mais longe possível a nossa mensagem, a nossa palavra, a denuncia, as nossa propostas e posições, a verdade, nada substitui a importância de estarmos organizados e informados e ligar com os trabalhadores e as populações em cada recanto da nossa região.

O conteúdo das reuniões e os objetivos e tarefas a empreender darão a motivação para que cada vez mais camaradas participem e para que o Partido organizado, como tal, intervenha e realize o seu papel.

Na proposta de Resolução Politica lançamos na base da campanha nacional "Mais organização, mais intervenção, maior influência – um PCP mais forte" uma forte ação integrada de reforço do Partido e da sua organização nos Açores.

Num quadro de desenvolvimento da luta de massas e das próximas e intensas batalhas eleitorais, já em curso, para Assembleia Regional, em Outubro deste ano e das Eleições Autárquicas de 2017 são tarefas que exigem um Partido mais forte e organizado e uma grande mobilização e empenhamento de todos os militantes. Particularmente devem merecer a atenção prioritária de todos os organismos, os movimentos de massas e as lutas e as tarefas eleitorais que se nos apresentam, tais como: na formação das listas, na construção dos programas eleitorais, o mais discutidos e participados possível, o mais correspondentes aos interesses e anseios dos trabalhadores, das populações, e das camadas sociais mais atingidas pela politica de direita.

No quadro da preparação do XX Congresso do PCP a realizar nos dias 2,3 e 4 de Dezembro deste ano, para o qual este nosso Congresso Regional já é um importante contributo, é imprescindível o envolvimento de todos no debate das teses, neste momento dos tópicos, participando na construção da linha politica do nosso Partido.

E ainda temos a nossa Festa do Avante, nos dias 2,3 e 4 de Setembro, que tem sempre contado com uma importante e digna participação da nossa organização Regional.

Grandes e complexas tarefas estão aí para concretizar, é-nos exigida uma intensa atividade, todos não somos demais, é precisa a mobilização de militantes , dos simpatizantes, dos democratas e independentes que comungam connosco os nossos objetivos.

Tal como desde sempre, o Partido nos Açores tem dado resposta à altura das nossas responsabilidades, é preciso agora com toda uma ação integrada avançar ao mesmo tempo com o reforço orgânico do Partido e com estas tarefas politicas exigentes que se nos deparam e o sucesso nestas batalhas.
É assim que temos que tomar determinadamente, nas nossas mãos, o reforço do Partido, nomeadamente para:

- Alargar o número de camaradas a participar e com tarefas especialmente na ligação aos membros do Partido e também da tarefa da cobrança da quotização, não só pela importância financeira, como de elo mínimo da ligação do militante ao seu Partido;

- Concretizar a ação e atualização de dados. Na ligação regular com os camaradas atualizados e retomá-la com largas dezenas de inscritos desligados.
- A trazer novos militantes e a sua integração nos organismos, lançando uma "Campanha de Recrutamento de mais 30 novos militantes" até ao XX Congresso do Partido. Uma campanha organizada e orientada que deve envolver todos os militantes.

- A criação e consolidação da estruturação da organização, particularmente das Comissões Concelhias, de Freguesia e das Células e Organismos de Empresa e do acompanhamento ao Trabalho Sindical, particularmente.

O Reforço financeiro do Partido tanto como suporte da sua atividade e da sua independência politica e ideológica, é essencial para o reforço geral do Partido.
Costuma dizer-se "a quotização do Partido está como o salário para o trabalhador" é e deve ser a principal receita do Partido, neste nosso X Congresso lança-se o apelo de uma campanha de recolha da quotização em atraso e da atualização do seu valor, uma campanha que deve merecer planificação e trabalho organizado. Apesar das dificuldades que a grave situação social nos impõe, é possível a muitos camaradas atualizar o valor da sua quota, em grande parte dos casos, muito baixa e desatualizada.

Os fundos devem fazer regularmente parte das ordens de trabalhos das nossa reuniões, nem que seja mensalmente. A recolha de fundos regular para o Partido, tanto de contribuições de militantes e amigos como da realização de iniciativas, para além da quotização são uma tarefa prioritária da nossa atividade, e deve ser enquadrada na atividade politica do dia a dia.

A Campanha Nacional de Fundos para a aquisição da Quinta do Cabo na Festa do Avante tem sido para algumas organizações um importante exemplo das potencialidades de recolha de contributos de muitos camaradas e amigos, é preciso dar continuidade a esta experiência.

- O reforço ideológico passa pelo alargamento da venda e leitura da imprensa do Partido, do Avante e do Militante, passa pela participação dos quadros em cursos de formação politica e ideológica mas fundamentalmente pela participação dos militantes nas reuniões e pela atividade partidária, é igualmente uma tarefa a ser organizada e implementada.

É necessária ainda uma linha de trabalho regular de informação e propaganda através de comunicados, boletins, cartazes e outros meios de comunicação, potenciando os novos meios de comunicação eletrónicos e pela internet, de instrumento de ligação com as massas.
Uma linha que dê seguimento à nossa intervenção politica, à voz e à denuncia de injustiças, de posição e proposta politica, de divulgação da atividade partidária.

A razão da existência de um Partido Comunista está de facto de que ele é um instrumento para a ação, com um único fim: transformar a sociedade, lutar por justiça social, por uma democracia real em que todos tenham voz e participem nas soluções e nas decisões que influenciam nas vidas de todos, por uma sociedade em que cada um valha pelo valor que tem e não pelo que possui, que a propriedade seja social e não sirva para que uns não se sirvam dela para explorar a força de trabalho de outros. Uma sociedade de progresso em que todos tenham direito " à saúde, à habitação, à educação, à proteção social, à cultura e ao desporto, ao lazer e a uma vida saudável. Uma sociedade, onde se viva em liberdade e em que a riqueza produzida seja repartida com justiça e igualdade.

Camaradas estamos a falar de uma sociedade socialista e comunista.

A luta que travamos por ela é muito longa e passará por muitas etapas, a primeira é aquela porque lutamos e está consagrada no nosso Programa e Estatutos do Partido "Uma Democracia Avançada – Os Valores de Abril no Futuro de Portugal" . que na nossa região o PCP define como um conjunto de orientações específicas que consagram a sua visão do rumo de progresso e justiça social que os Açores necessitam.

Com um Partido mais forte, organizado e influente conseguiremos, e sim é possível a rutura com a politica de direita, e sim é possível uma politica alternativa patriótica e de esquerda.

Ao trabalho Camaradas!

Viva o X Congresso!
Viva o Partido Comunista Português!