Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, Acto de Abertura da Festa do «Avante!»

Sabemos quais são os grandes problemas do País e temos um Programa e uma política com soluções para um Portugal com futuro

Sabemos quais são os grandes problemas do País e temos um Programa e uma política com soluções para um Portugal com futuro

Permitam-me que partilhe convosco um sentimento e uma reflexão.

Num tempo em que ressurgem as vozes e os vaticínios do costume, num tempo em que se lança a ideia que já não se usa a mobilização e a participação política em iniciativas e comícios, seja em campanha eleitoral, seja na vida quotidiana, eis que se juntam muitos mil para participar e saudar a abertura da quadragésima terceira edição da Festa do Avante!

Obra só possível pelas milhares de horas de trabalho militante prestadas por homens, mulheres e jovens comprometidos na construção e realização do maior evento político e cultural num espaço de convívio fraterno e solidário, e onde os únicos privilegiados são as crianças no espaço que lhes é dedicado e que dão sentido ao avanço que conseguimos de gratuitidade dos manuais escolares e à nossa proposta de creches gratuitas para todas as crianças até aos 3 anos.

Admirável construção esta! Tanto mais admirável quanto a par de tantas outras tarefas já estamos em andamento para travar a batalha das eleições legislativas de 6 de Outubro com todas as exigências que nos estão colocadas.

Exigência porque o resultado destas eleições é decisivo para o rumo da vida política nacional nos próximos anos.

Exigência que nos colocam as forças que nunca se conformaram com a sua derrota em 2015, não perdoam o seu afastamento do Governo, o adiamento dos planos para prosseguir o assalto aos direitos e rendimentos dos trabalhadores, dos reformados, dos pequenos e médios empresários, aos serviços públicos de saúde, de educação, dos transportes e da cultura.

Exigência na questão de saber se vamos confirmar e avançar ou se vamos voltar a andar para trás.

Exigência e necessidade de dar mais força à CDU como garantia sólida e segura para andar para diante e, simultaneamente, encetar a construção de uma política alternativa, a política patriótica e de esquerda que responda aos problemas mais candentes que persistem no País.

Mais força à CDU, a este espaço de convergência de democratas e patriotas, que não se conforma com as desigualdades e as injustiças sociais existentes. Que quer vencer os crónicos atrasos económicos e sociais do País.

Que luta pelo pleno emprego, pela afirmação e dignificação dos direitos laborais e contra a precariedade no trabalho e na vida. Que assume a luta pelo aumento dos salários, como uma emergência nacional e pela defesa dos serviços públicos que efectivem o direito do povo à saúde, à educação, à cultura, à mobilidade e à habitação.

Sim, camaradas e amigos, nós valorizamos muito os passos adiante no fim do corte nos salários, no aumento extraordinário das pensões e reformas, no subsídio de Natal, no aumento do abono de família, nos manuais escolares, na redução do preço dos transportes, no aumento da protecção aos desempregados, no fim do pagamento especial por conta pelos pequenos e médios empresários.

Avanços limitados e insuficientes porque o Governo minoritário do PS persistiu em dar os pulsos às algemas da dívida e do défice, com todas as consequências no investimento público, na saúde, na educação, nos transportes.

É da lei e da vida que os direitos não estão adquiridos para todo o sempre.

E aqueles a quem a política de direita de sucessivos governos de PS, PSD e CDS serviu – os grandes interesses económicos e financeiros – já fizeram a sua aposta a pensar reverter o que se acançou.

Derrotada a versão revanchista da política de direita em 2015, não desistindo dos seus objectivos, mas sem condições para os recuperar de imediato, querem hoje duas coisas: garantir a maioria absoluta do PS e ao mesmo tempo enfraquecer a CDU – a força que verdadeiramente pode fazer frente ao seu projecto do grande capital de retrocesso, agravamento da exploração, comprometimento dos direitos e do desenvolvimento do País.

Colocam na concretização desses objectivos todo o seu arsenal de meios. Como já não serve para os seus objectivos a falsa bipolarização que promoveram no passado, entre PS e PSD, ensaiam novas artificiosas bipolarizações, utilizando a mais ridícula e falsa argumentação para ocultar aquilo que é uma evidência, o voto na CDU conta, e conta bem, para impedir a maioria absoluta do PS.

Os portugueses se querem ver o País a andar para frente e impedir qualquer retrocesso têm na CDU a força que o garante!

Nós sabemos que tudo serve ao grande capital para tentar evitar o que de facto os inquieta – a CDU, a sua força e o seu peso na vida nacional. Eles não se enganam. É preciso que os trabalhadores e o povo não vão ao engano!

Por isso é tão importante dar mais força à CDU para garantir que não se anda para trás. Afirmamo-lo porque esta legislatura não acabou e o Governo já está a tentar dar o dito por não dito, por exemplo na gratuitidade dos manuais escolares, recusando, particularmente às crianças do primeiro ciclo, o direito a terem um livro novo.

Tanto milhão para a banca, tanto milhão para o défice, tanto milhão para as PPP's, e tão implacável nos euros necessários à concretização desse direito.

Mas também noutros domínios os sinais são muitos. Nas convergências de PS, PSD e CDS no abrir da bolsa dos dinheiros públicos para a banca ou nas leis laborais.

Nas pretensões de uns e outros na abertura de portas a uma revisão constitucional e às leis eleitorais para garantir maiorias governativas, com minorias de votos, falsificar a expressão da vontade popular e dificultar o surgimento de uma verdadeira alternativa política e de uma política alternativa.

Política alternativa de que somos portadores. Sim, sabemos quais são os grandes problemas do País e temos um Programa e uma política com soluções para um Portugal com futuro.

Soluções para valorizar o trabalho e os trabalhadores, para dar um forte impulso à produção nacional, para assegurar o apoio necessário às micro, pequenas e médias empresas e ao desenvolvimento do País, para garantir um País coeso e equilibrado e com uma política ambiental que salvaguarde a natureza, para assegurar uma efectiva justiça fiscal, aliviando a tributação dos trabalhadores e massas populares, para dar prioridade ao investimento público e assegurar um Estado, com serviços públicos ao serviço do povo e do País.

Uma política para assegurar um novo rumo para a Justiça que se quer mais igualitária e acessível e o firme combate à corrupção.

A Festa ficará mais bonita quando se encherem os seus espaços e avenidas. E assim reafirmamos: Não há Festa como esta!

Declara-se aberta a quadragésima terceira edição da Festa do Avante!