Intervenção de Rita Rato na Assembleia de República, Debate Temático sobre Precariedade Laboral

"PSD queria impor no século XXI direitos dos trabalhadores do século XIX"

Sr. Presidente,
Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social,
Coloco-lhe duas questões: uma, sobre a importância e o papel da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e, outra, sobre as questões da eficácia das medidas ditas ativas de emprego.
Sobre a Autoridade para as Condições do Trabalho, convém recordar que o anterior Governo PSD/CDS tentou paralisar a atividade da ACT, em primeiro lugar, expurgando aquelas que eram competências essenciais da ACT, isentando os empregadores de cumprimento de obrigações de comunicações à ACT, tão graves como o mapa do horário de trabalho, como o seguro de acidentes de trabalho ou como outras informações relativas ao início de atividade daquela empresa. Por outra via, tentou paralisar a atividade da ACT porque deixou chegar a situação a um ponto em que, no início de 2015, faltavam 200 inspetores na Autoridade para as Condições do Trabalho, o que, efetivamente, impede a eficácia da fiscalização, mas permite uma impunidade total às empresas que não respeitam os direitos dos trabalhadores e permitem, de facto, uma situação de «lei da selva» nos locais de trabalho.
Sr. Ministro, o PCP apresentará hoje uma proposta para que a prioridade da Autoridade para as Condições do Trabalho seja inspetiva e punitiva.
Entendemos que o número de inspetores, o número de técnicos superiores e técnicos auxiliares, que respondem às exigências e ao trabalho da ACT, são fundamentais por forma a garantir o cumprimento da lei e por forma a garantir o respeito pelos direitos dos trabalhadores. Sobre esta matéria queríamos também ouvir o que nos tem a dizer o Sr. Ministro.
Quanto à importância da eficácia das medidas ativas de emprego, o Sr. Ministro disse aqui, hoje, que os apoios à contratação, e outras medidas, como os contratos emprego-inserção, não têm sido acompanhados quanto à sua eficácia e até podemos dizer que o anterior Governo teve como objetivo substituir trabalhadores com direitos por trabalhadores sem direitos.
Ouvir o PSD dizer aqui que alguém fica feliz e contente por receber subsídio de alimentação e de transporte, ocupando um posto de trabalho permanente, trabalhando 8 horas por dia, garantindo o funcionamento de uma escola ou de um hospital, explica bem o que o PSD praticou em quatro anos e o que queria para o País: impor no século XXI direitos dos trabalhadores do século XVIII e do século XIX.
Mas, Sr.ª Deputada Carla Barros, esse tempo já lá vai!
Por isso, estamos hoje, aqui, no dia 23 de março de 2016, a discutir o combate à precariedade como uma tarefa e obrigação do regime democrático, e é isso que custa aos Srs. Deputados do PSD e do CDS.

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