Intervenção de Bernardino Soares, Presidente do Grupo Parlamentar, Jornadas Parlamentares do PCP

"O povo português não se resigna"

Vivemos tempos extraordinariamente difíceis para os trabalhadores e o povo; tempos de um País em profunda crise económica, social e também política.

Mas é certo que nestes tempos difíceis, mais e mais portugueses já têm claro para si que com a mesma política de direita dos últimos 36 anos, não vamos lá; com a política de Sócrates, Passos Coelho, Portas e outros antes deles, com a política do pacto de agressão e do Governo, mais ou menos maquilhada, o País não tem futuro.

Nas últimas semanas e nos últimos dias, ficou bem expressa a rejeição generalizada da política do Governo. Foi rejeitada nas ruas e censurada na Assembleia da República, designadamente com a moção de censura do PCP. O Governo está hoje, mau grado a sua salvação institucional pela maioria parlamentar de que ainda dispõe, destituído da sua base social de apoio.

Chegam a ser caricatas as encenações de suposta solidez e coesão a que por estes dias vamos assistindo. São as anunciadas jornadas parlamentares conjuntas PSD/CDS; é o conselho de coordenação da coligação, que se anuncia como coordenando até o Governo; é a ressurreição do Ministro Miguel Relvas na defesa política do Governo, ou pelo menos na tentativa de o fazer; são os conselhos de ministros extraordinários; é a futura eventual remodelação, tradicional recurso dos governos em plano inclinado para tentar ganhar tempo para prosseguir a mesma política.

Sabemos contudo que este Governo moribundo tentará ainda concretizar mais decisões de esbulho dos trabalhadores, dos reformados e do povo em geral, entregar património coletivo aos grupos económicos e abdicar da soberania nacional perante a União Europeia. O Orçamento do Estado, se vier a ser concretizado por esta maioria e Governo, será uma peça essencial desta continuada ofensiva. Nestas Jornadas prepararemos também essa batalha contra um novo agravamento da situação do País.

Os portugueses já não se deixam enganar por este Governo. Derrotar um Governo que já está morto é certamente necessário, mas conquistar uma nova política é absolutamente essencial.
O desafio que se coloca aos portugueses não é já apenas o de rejeitar esta política e derrotar o governo que a concretiza; é o de exigir uma política alternativa. E o que temos que perguntar hoje é se podemos ou não inverter o declínio do nosso País? Se podemos ou não construir um País mais justo? Se podemos ou não conquistar o desenvolvimento, o progresso e a melhoria da vida das pessoas?

E a nossa resposta é que sim, podemos!

Se é verdade que a doutrina das inevitabilidades, de que não haveria alternativa às políticas de destruição económica e social, está hoje em grande parte derrotada, é preciso agora debater e fazer avançar as soluções de política alternativa.

O PCP tem um vasto património de propostas e políticas, que se alicerçam num profundo conhecimento da realidade do País, na proximidade aos problemas, ao território, aos trabalhadores e ao povo. Procuraremos apontar caminhos e ideias, designadamente nestas Jornadas Parlamentares, para demonstrar que, sim, é possível outra política.

Não prometemos milagres; 36 anos de política de direita, acelerada com a actual aplicação do pacto de agressão assinado por PS, PSD e CDS com a troica estrangeira, tornam difícil o caminho de recuperação do País. Mas propomos soluções, alternativas, novos rumos para sair da crise, da recessão e do atraso. Caminhos em que o desenvolvimento, o crescimento económico, o pleno emprego, a melhoria da vida dos portugueses são o objectivo.

Pela nossa parte não nos abstemos de combater a ofensiva do Governo; não nos abstemos de propor e lutar por uma política verdadeiramente alternativa; não nos abstemos de defender um futuro melhor para o nosso País.

Realizamos estas Jornadas Parlamentares no distrito de Beja, numa região fortemente flagelada pela política de direita, sujeita à desertificação, ao empobrecimento económico e social, ao abandono das pessoas e do território. O mesmo distrito que, se avançassem as propostas de diminuição do número de deputados, características do populismo de direita, que o PS agora adoptou deixaria de ter os já escassos três deputados que o representam na Assembleia da República, para provavelmente passar a não ter nenhum. Trata-se no fundo de tentar disfarçar a sua falta de real alternativa à política de direita, com o mais básico populismo demagógico.

O PCP tem uma alternativa, que vem demonstrando nas suas propostas, nos seus projectos, nas suas ideias para o País. Com a demonstração de que é possível outra política fica mais clara a necessidade de rejeitar a actual.

Sabemos que o povo português não se resigna; confirmamos nestas jornadas que o PCP também não!

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