Intervenção de Bruno Dias na Assembleia de República

"A opção deste governo é rasgar sucessivamente os contratos com o povo português"

Intervenção de Bruno Dias no debate agendado pelo PCP sobre o Projecto de renegociação da dívida, preparação do país para a saída do euro e o retomar do controlo público da banca.
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(projeto de resolução n.º 1120/XII/4.ª)

Sr.ª Presidente,
Sr.as e Srs. Deputados:
Os Srs. Deputados do PSD e do CDS-PP dizem que o Governo português não rasga contratos com os credores internacionais e nós bem sabemos que o Governo, em matéria de rasgar contratos, tem um caminho especial, cujo sentido único é o de rasgar contratos com o povo. É essa a opção que têm assumido sistematicamente: rasgar contratos com os reformados, com os jovens, com os trabalhadores da Administração Pública.
Os senhores usam a dívida como uma arma apontada às pessoas e aos seus direitos e querem trazer as pessoas a pão e água, durante anos a fio, para depois dizerem que, afinal, não chega, porque, desde que tomaram posse, fizeram aumentar a dívida para 134% do PIB. É este o ponto em que estamos, Srs. Deputados.
Os senhores apontam o dedo acusador à nossa proposta e dizem «a desvalorização da moeda significa deixar os produtos estrangeiros mais caros», mas não têm uma palavra sobre os setores produtivos, a produção nacional, sobre as consequências para esses setores exportadores que, há mais de 10 anos, resultam da política desastrosa da moeda forte, desenhada à medida da Alemanha e das grandes potências.
O que é preciso, Sr.ª Deputada Vera Rodrigues, não é uma moeda para ir às compras a Paris, é uma moeda para pôr Portugal a produzir, para substituir importações por produção nacional, para poder exportar com melhores condições, mas os senhores querem amarrar o País ao garrote do euro, ao garrote da dívida, de uma dívida crescente.
O que vos trago, Srs. Deputados, não é uma pergunta, é um apelo: da próxima vez, falem do País, do País real, da economia real. Olhem para o que está a acontecer com a vossa política, mas assumam a vossa responsabilidade de condenar este País a uma saída impreparada ou a um beco sem saída. Não, Srs. Deputados! Há outro rumo, há outro caminho e há propostas concretas que vamos votar dentro de momentos.

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