Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, X Assembleia da Organização Regional de Leiria do PCP

Não basta fazer crescer a economia. É preciso que ela seja colocada ao serviço de todos!

Não basta fazer crescer a economia. É preciso que ela seja colocada ao serviço de todos!

As mais fraternas saudações a todos os delegados e convidados presentes na X Assembleia da Organização Regional de Leiria do PCP.

O tempo corre veloz. Dois anos e meio separam-nos já do momento em que, com a iniciativa e o contributo decisivo do PCP, a luta dos trabalhadores e do povo e o voto dos portugueses, se pôs fim a um governo que ampliou os traços mais negativos da política de direita, imposta ao País, anos atrás de anos, por sucessivos governos do PS, PSD e CDS e que haveria de arruinar ainda mais a vida dos portugueses e agravar todos os problemas nacionais.

A nova fase da vida política nacional que, com a derrota e o afastamento do Governo PSD/CDS e a nova composição da Assembleia da República se inaugurou, permitiu travar o rumo de empobrecimento e de exploração que vinha sendo imposto aos portugueses.

Todos sabemos, porém, das limitações da solução política encontrada para dar resposta aos problemas de fundo do País e assegurar um rumo sustentado de elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo. Nunca o escondemos, nem alimentámos ilusões. Mas sabemos também quão importante foi remover tal governo, tal obstáculo, para iniciar um processo de recuperação de direitos, rendimentos e condições de vida dos portugueses e ao mesmo tempo abrir espaço e novas condições ao desenvolvimento da luta por novas conquistas e novos avanços na solução dos grandes problemas nacionais.

Estes dois anos e meio da nova fase da vida nacional mostram que tem valido a pena a luta que temos vindo a travar pela defesa, reposição e conquista de rendimentos e direitos, por melhores condições de vida do nosso povo.

O que temos conseguido com a luta e com o contributo decisivo do PCP está ainda aquém do necessário, mas o que se alcançou é já um avanço que não pode ser subestimado.

Aqui vieram alguns exemplos, traduzidos em medidas nos domínios da reposição de salários extorquidos, no melhoramento das reformas, de desagravamento fiscal sobre os rendimentos do trabalho e do IMI, recuperação de horários de trabalho, alargamento e a majoração de abonos de família, gratuitidade dos manuais escolares, o descongelamento da progressão de carreiras da Administração Pública, a reposição do valor do trabalho extraordinário e do trabalho nocturno, a eliminação do corte de 10% no subsídio de desemprego e muitos outros.

São medidas, algumas das quais arrancadas a muito custo, superando evidentes resistências, ultrapassando inaceitáveis pressões internas e externas e as contradições existentes na política do partido do governo. Diria mesmo, algumas arrancadas a ferros, como é o caso dos aumentos extraordinários de pensões, a concretizar no próximo mês de Agosto, que não existiriam se não fosse o PCP e já previstas no Orçamento do Estado, e que agora se quer dar a ideia que é uma benesse do governo, uma operação para iludir, neste momento, a travagem que o governo assume no Programa de Estabilidade. É espantoso! Alguma comunicação social em Dezembro dizia: reformas vão baixar em Janeiro! Anteontem diziam: reformas vão aumentar em Agosto! Importava era esconder que se tal acontece ao PCP se deve, a par da reposição do subsídio de Natal por inteiro!

Não são as soluções que a concretização de uma verdadeira política alternativa patriótica e de esquerda poderia garantir, mas são avanços que dão ânimo à luta pela concretização desse grande objectivo de ir mais longe na resolução dos problemas do desenvolvimento do País.

Avanços que só se tornaram possíveis numa correlação de forças em que o PS não dispõe de um governo maioritário. Avanços que estão para além do que o Programa do PS admitia.

Falemos claro: fosse outro resultado das eleições e fosse possível a formação de um governo maioritário do PS, fosse outra a correlação de forças na Assembleia da República e, muitos dos avanços conseguidos não estariam concretizados. Foram-no porque há luta. Foram-no porque o PCP e o PEV com o seu peso, têm condicionado as opções políticas. Nada do que se conseguiu seria possível noutro quadro e sem o contributo e a iniciativa do PCP.

Foi esse papel que o PCP exerceu fazendo deslocar a balança das medidas a favor dos trabalhadores e do povo.

Não se duvide desse peso do PCP na balança das soluções a favor do povo. Bastaria olhar para a realidade que resulta destes dois anos e meio da nova fase da vida política nacional. Sempre que o PS convergiu com o PCP, os trabalhadores e o povo beneficiaram. Beneficiaram nos salários, nas reformas, nos rendimentos das famílias e nos seus direitos, nas suas condições de vida, sempre que o PS se encostou ao PSD e CDS foi para adiar soluções, foi manter o retrocesso, fosse na legislação laboral, no compromisso com os trabalhadores com longas carreiras contributivas, na renovação das PPP na saúde ou a opção de entrega do Novo Banco ou do Banif ao grande capital, na defesa das imposições e aprofundamento dos constrangimentos da União Europeia.

Ter consciência deste papel que temos exercido a favor do povo e do desenvolvimento do País é compreender que, para se ir mais longe no caminho de reposição e conquista de direitos e na elevação das condições de vida dos trabalhadores e das populações, é preciso dar mais força e reforçar e continuar a apoiar o PCP!

Mais força e mais apoio ao PCP, porque o que a vida mostra também nestes tempos da nova fase é que o que conta e o que se decide em eleições legislativas é, não a escolha de um primeiro-ministro, mas sim a eleição de deputados e da sua distribuição na Assembleia da República.

Esta é uma questão que precisamos de levar e debater no quadro da nossa intervenção e da nossa acção junto dos trabalhadores e do povo.

Este é um trabalho que temos que tomar em mãos, junto de largas massas, ganhando-as para a justa ideia de que o desenvolvimento do País precisa de um PCP forte, capaz de fazer pesar na solução dos seus problemas.

Solução que exige remover a política de direita e que, em grande medida, persiste e continua presente em opções fundamentais da acção governativa. Exige, como a vida vem mostrando, a ruptura dos compromissos do governo do PS com os interesses do capital monopolista e com a submissão às imposições da União Europeia e do Euro.

Porque se foram dados passos na resposta a problemas urgentes e ainda que de forma limitada, estamos muitos distantes da solução dos problemas de fundo do País – problemas que são estruturais e que exigem medidas estruturais.

É preciso não esquecer que a política de direita de todos estes anos agravou dependências, destruiu capacidade produtiva, fragilizou o País em múltiplas dimensões. Que temos hoje enormes défices estruturais no plano produtivo, no plano energético, no científico, no alimentar, de infraestruturas e serviços públicos e também um grave défice demográfico.

A Resolução Política da nossa Assembleia dá-nos conta, em muitos domínios, da situação em que nos encontramos e dos inúmeros problemas que este distrito enfrenta e que são também grandes problemas do País.

A regressão verificada nos diversos sectores da economia regional, onde está patente o agravamento da situação da agricultura familiar, das pescas, da floresta, agora de forma mais dramática com os incêndios, mas também o retrocesso verificado em importantes ramos da indústria. Tal como o desemprego, a precariedade e o trabalho sem direitos, os baixos salários e as baixas reformas, o fraco e desequilibrado investimento público, num território marcado por profundas assimetrias e problemas ambientais agravados, a degradação dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, nomeadamente na saúde e educação, são bem a expressão dessa política de direita, e mais recentemente, das políticas dos PEC e do Pacto de Agressão subscrito por PS, PSD e CDS.

Mas o que é de realçar e valorizar é a resposta que aqui foi dada nesta Assembleia para ultrapassar esses problemas. Trata-se de uma valiosa contribuição, consubstanciada em propostas e linhas de trabalho amplamente desenvolvidas na Resolução Política desta X Assembleia em todos os domínios da vida do distrito e que bem podia ser considerado um ponto de partida para a elaboração de um Plano de Desenvolvimento Integrado para o Distrito de Leiria, como aqui foi defendido.

Uma valiosa contribuição dos comunistas deste distrito para a solução dos problemas das populações desta Região.

Pela sua actualidade permitam algumas notas sobre um importante problema regional.

Estivemos aqui no distrito de Leiria, pelas piores razões, a acompanhar as brutais consequências dos incêndios de Junho e aqui realizámos o Seminário sobre a Floresta e o Mundo Rural. Acompanhamos com atenção e preocupação os desenvolvimentos da situação do Pinhal de Leiria, dizimado quase por completo nos incêndios de 15 e 16 de Outubro.

Chegados aqui, é necessário descortinar pelo meio de tanta produção legislativa que se contradiz e se atropela, de tanto anúncio de milhões, de tanta propaganda, o que de facto está a ser feito.

No apoio às vítimas, quando sabemos que há situações onde ainda não chegou o apoio necessário. Onde ainda não começaram a reconstrução das habitações ou nem é claro se começarão, no caso das segundas habitações.

Seria bom que o Governo desse ouvidos às preocupações que continuam a chegar e tivesse em conta a realidade das populações atingidas. Idosos, populações sem acesso às redes de comunicação, abandonados há décadas, precisam agora de uma atenção especial.

É necessário que se perceba o que está a ser concretizado na prevenção estrutural da floresta. Para além das faixas à borda das estradas, o que está feito na rede primária de faixas de combustível? Que acções de fogo controlado já foram feitas? Quando entram em função as 200 equipas de sapadores florestais decididas na lei?

É importante que se esclareça o que está a ser feito para a defesa do mundo rural e o combate ao despovoamento. Quantos serviços públicos já reabriram, quais os novos apoios à agricultura familiar, quais os investimentos públicos decididos, onde estão os empregos para as pessoas ali se fixarem?

E é particularmente necessário que se perceba qual é o dispositivo preparado para o combate aos incêndios no Verão que se aproxima, sendo certo que as exigências não serão menores do que as do ano anterior. Quais são afinal os meios aéreos que estão à disposição? Quais as equipas de Bombeiros Profissionais? Qual a cadeia de comando que se vai estabelecer?

É preciso que tudo isto fique claro. A confusão de decisões e anúncios não é bom indício para uma situação que precisa de meios, rigor, disciplina e clareza na acção e no comando!

Assim como seria um erro insistir quer na desresponsabilização do Estado pela política florestal, atirando para cima das autarquias responsabilidades que elas, manifestamente, pela sua dispersão e pela ausências de meios, não podem assumir, quer na culpabilização dos pequenos produtores florestais e da pequena e média agricultura pelo que aconteceu.

Dissemo-lo muitas vezes. Repetimo-lo hoje aqui. A origem dos dramáticos acontecimentos do ano de 2017 radica nas opções de política de direita dos sucessivos Governos das últimas décadas que esvaziaram estruturas do Ministério da Agricultura, como é tão evidente na sangria relativamente ao Pinhal de Leiria, destruíram 400 mil explorações agrícolas que geriam os territórios e cujas terras foram, quando muito, ocupadas por eucaliptos ou pinheiros mal plantados, encerraram centenas de serviços públicos, destruíram milhares de empregos, expulsaram centenas de milhar de pessoas, depauperaram as estruturas de combate.

É preciso perceber e assumir isto, para concretizar a ruptura de fundo com esse rumo e assumir uma outra política, patriótica e de esquerda, que combata as vulnerabilidades estruturais do País.

O discurso do Portugal de sucesso regressou e aí está renovado não por boas razões.

Não é de hoje, está em curso há algum tempo, por parte do governo minoritário do PS, uma operação de mistificação que quer a todo custo mostrar e justificar, na base dos resultados da actual conjuntura relativamente ao crescimento e ao emprego, a compatibilidade das políticas de submissão à União Europeia e ao Euro com a solução dos grandes problemas nacionais e com isso eternizar a sujeição do País e o seu desenvolvimento soberano às imposições da política de integração capitalista da União Europeia.

Tal como temos vindo a assistir a uma descarada tentativa de apropriação exclusiva desse anunciado sucesso, mesmo por aqueles que proclamam futuros apocalípticos com a reposição de rendimentos e direitos usurpados nestes últimos anos, omitindo as razões da sua origem.

Em primeiro lugar, se há algum sucesso, embora ainda limitado, não se deve a nenhuma mudança de fundo das políticas, ele deve-se em grande medida à política de reposição de rendimentos e direitos que dinamizaram a economia e o mercado interno e a uma favorável conjuntura externa.

Não foi, como vai afirmando o governo do PS, porque se tivesse alterado o modelo de política económica, que no fundamental continua o mesmo e condicionado pelos mesmos constrangimentos, nem tão pouco como afirmam os partidos da hipocrisia e da revanche, o PSD e CDS, pela acção do anterior governo e pelas “reformas laborais” de liquidação de direitos. Eles que diziam que para o País ficar melhor, o povo tinha de ficar pior!

O que se confirmou foi o que o PCP sempre afirmou e defendeu: - que a devolução de rendimentos e direitos, a valorização dos salários, das reformas e das prestações sociais, e pelos quais nos batemos, são um factor de dinamização económica e de crescimento.

E, ao contrário do que se diz, mais substanciais seriam os resultados do crescimento e do emprego, se não pesasse como pesa, o actual quadro de constrangimentos e condicionamentos externos, como os impostos pela União Europeia e pelo Euro e a errada opção do governo do PS de fazer do défice, tal como PSD e CDS, o alfa e ómega de uma política para o País.

Se houvesse empenhamento e vontade para pôr em marcha um plano de libertação do País do garrote sufocante do serviço da dívida pública, dando passos e garantindo a sua efectiva renegociação.

Mas preocupante e significativa, com consequências na evolução do desenvolvimento futuro do País e para a elevação das condições de vida do povo, é a nova leitura do governo do PS que vem apensa ao discurso do sucesso, anunciada ao mundo esta semana pela pena do Ministro das Finanças.

É o discurso da travagem às quatro rodas na reposição do roubo nos rendimentos e direitos, porque o sucesso não pode ser posto em causa.

No passado era a crise que o grande capital montou que exigia sacrifícios que o povo pagou e está ainda pagar, agora é o sucesso ou em nome do sucesso que é preciso continuar fazer sacrifícios, aguentar mais uns anos com salários congelados, com serviços públicos degradados, investimento restringido, para cumprir os critérios do fundamentalismo monetarista e inexplicavelmente ir além deles.

Ou para resolver problemas como aqueles que aqui se discutiram seja o desenvolvimento da rede hospitalar no distrito ou do investimento necessário para melhorar transportes, modernizando a rede ferroviária que esta região precisa.

Insinuam-se dificuldades. Que não há dinheiro para tudo, mas parece que só há dificuldades quando se trata de resolver problemas dos trabalhadores e das populações, porque para a banca e para encher os bolsos do grande capital nunca se levantam problemas. Foi assim com o Novo Banco, foi assim com o Banif e com outros para onde foram canalizados milhões e milhões de euros, com a agravante de que foi tudo parar às mãos do estrangeiro. Mais do que o dinheiro, o problema está nas opções!

Mas há uma pergunta que é preciso fazer. Sucesso para quem? Para garantir que as cotadas portuguesas do PSI 20 garantam chorudos dividendos – 71% dos lucros de mais de 3 500 milhões de euros, enquanto os salários continuam praticamente estagnados no sector privado e congelados há quase dez anos no sector público, contribuindo para aprofundar ainda mais as desigualdades sociais?

É que enquanto os salários reais subiam umas décimas em cada ano, a riqueza dos “25 mais ricos de Portugal” crescia, em apenas dois anos – 2016 e 2107 -, 26,9%.

Uma evolução que mostra que não basta fazer crescer a economia. É preciso que ela seja colocada ao serviço de todos!

Uma realidade que não está desligada da grave ofensiva dos últimos anos desencadeada contra as leis laborais, penalizadora dos trabalhadores e dos seus direitos e salários.

Normas gravosas que o PS e o seu governo resistem a alterar, juntando-se ao PSD e CDS no chumbo às propostas do PCP. Propostas como as da revogação dos mecanismos de adaptabilidade do banco de horas individual, do banco de horas grupal, banco de horas na função pública, a proibição da caducidade dos contratos colectivos de trabalho e de reposição do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador.

PS, PSD e CDS chumbaram tudo, numa convergência que atesta os fortes laços de classe que unem PS, PSD e CDS quando se trata de optar pelos interesses do capital e os limites do governo do PS e da sua política em matéria de valorização do trabalho e dos trabalhadores.

Mas o discurso do sucesso à custa dos sacrifícios dos mesmos de sempre não está desligado da apresentação por parte do Governo, perante a Comissão Europeia, do chamado Programa Nacional de Reformas e do Programa de Estabilidade que esta quinta-feira foi aprovado pelo governo. Um Programa que constitui uma opção e um exercício que decorre da submissão ao Euro e da aplicação das suas regras, um factor de condicionamento da soberania nacional e de ingerência nas opções macro-económicas e orçamentais que cabem ao povo português e aos seus órgãos de soberania decidir!

Documentos que são da exclusiva responsabilidade do Governo que os assume e entrega à Comissão Europeia.

Nos documentos que o Governo do PS decidiu aprovar, destaca-se a trajectória que é desenhada para a redução do défice das contas públicas, apontando para 0,7% do PIB em 2018 e 0,2% do PIB em 2019, revendo em baixa projecções anteriores, mas também, os valores inscritos para o pagamento dos juros da dívida pública, cerca de 28 mil milhões de euros nos próximos quatro anos, e que constituem um autêntico sorvedouro de recursos do País.

Esta opção do Governo PS põe em causa a resposta que é necessário dar a muitos dos problemas estruturais e vai em sentido contrário aos avanços alcançados nos últimos anos com a reposição de direitos e rendimentos aos trabalhadores e ao povo.

Em vez de se mobilizarem todos os recursos disponíveis, a folga prevista de cerca 800 milhões de euros para o aumento do investimento público, para a melhoria dos serviços públicos com mais trabalhadores e mais meios, para a defesa da produção nacional, para a defesa da floresta e do mundo rural, para a elevação da protecção social, para a melhoria dos salários, reformas e pensões, para o apoio à cultura, à ciência e à investigação, o Governo faz a opção pela dívida e pelo défice.

Mas é preciso dizer, perante esta opção do governo, que o Orçamento do Estado que está em vigor não só não é um obstáculo a essa resposta, tal como nada impede que se adoptem simultaneamente outras medidas que sejam necessárias.

Ou seja o Programa de Estabilidade não substitui nem antecipa a necessária discussão sobre os Orçamentos do Estado.

Discussão que, da parte do PCP, não envolveu qualquer compromisso ou aceitação deste ou daquele valor do défice das contas públicas, mas antes, as medidas concretas como o aumento das reformas, a redução do IRS ou do IVA ou a devolução de direitos aos trabalhadores.

É em função das respostas e dos avanços que foi possível dar em cada Orçamento do Estado que o PCP avaliou a sua posição.

É essa intervenção que o PCP continuará a ter. Para o PCP a questão não está na diferença de uma ou outra décima mas sim na rejeição dos critérios orçamentais que a União Europeia impõe.

O que separa o PCP dos que de um ou outro modo aceitam a submissão ao Euro e aos dogmas orçamentais é a rejeição clara das opções que subordinam os interesses nacionais e a resposta aos problemas dos trabalhadores e do povo à dívida e ao défice.

Há quem tenha pressa e nos coloque a saltar do barco da participação na solução dos problemas dos trabalhadores, do povo e do País, outros a afirmar, quando não a chantagear, que estamos condenados a tudo aceitar.

Uns e outros desenganem-se!

Nem estamos condenados a aceitar tudo, nem de braços caídos, nem de braços cruzados perante os graves problemas do País e da defesa dos interesses nacionais e do nosso povo.

Estamos e estaremos cá, a intervir determinados pelos nossos compromissos com os trabalhadores e o povo, não iludindo limitações, constrangimentos e contradições, nem recorrendo àquele estilo do “agarrem-me que eu vou-me a eles”!

O PCP não transigirá perante a política de direita e as opções que lhe dêem corpo. Tal como não desbaratará possibilidades e perspectivas criadas no plano político com a nova correlação de forças, nem tão pouco contribuirá para conformismos que limitem o papel insubstituível da luta dos trabalhadores e do povo para defender, repor e conquistar direitos e concretizar outro rumo para um Portugal desenvolvido e de progresso.
Luta que está aí assumida pelos trabalhadores dos variados sectores e empresas, e que passa também pela preparação e realização do 1.º de Maio, convocado e organizado pela CGTP-IN, que é preciso que se concretize como uma grande jornada de luta de todos os trabalhadores e do povo.

Camaradas,

De ontem para hoje, tivemos notícias particularmente graves sobre a evolução da situação internacional.

Os EUA, acompanhados pela Grã-Bretanha e pela França, com o apoio ou aval da NATO, da União Europeia e Israel, desencadearam uma operação de agressão militar contra a Síria, concretizando assim um novo e gravíssimo passo na escalada de confrontação e de guerra dirigida pelo imperialismo norte-americano, que na Síria e no Médio Oriente atingiu proporções extraordinariamente perigosas. Condenando com a maior firmeza esta agressão, o PCP considera urgente agir para que cesse o derramamento de sangue imposto pela brutal agressão imperialista contra este país soberano e para impedir ulteriores desenvolvimentos bélicos de ainda maiores e mais trágicas consequências.

A gravidade do que está em causa para o mundo não consente hesitações na posição a tomar perante a agressão militar à Síria e os perigos que ameaçam a paz e a segurança internacional.

O PCP condena firmemente a corrida aos armamentos, a militarização das relações internacionais e as campanhas de desinformação, mentira e manipulação orquestradas pelos grandes meios de comunicação social para dar cobertura às operações de agressão das grandes potências imperialistas.

Faz agora 15 anos em que, usando a mentira dos depósitos de armas de destruição massiva, se invadiu o Iraque fazendo centenas de milhares de vítimas. Repetem a história, repetindo a mentira!

O PCP está com o povo sírio e a sua luta em defesa da soberania e integridade territorial da sua pátria, como está com os trabalhadores e os povos que por todo o mundo são vítimas da imposição de governos títeres e da pilhagem das multinacionais que acompanha as brutais ingerências nos seus assuntos internos.

Repudiando a posição seguidista do Governo português em relação à agressão à Síria, o PCP considera que é obrigação do Estado português, do governo e demais órgãos de soberania, dando cumprimento ao espírito e letra da Constituição da República Portuguesa, não só não acompanhar a demencial escalada belicista como demarcar-se claramente dela e defender uma política de desarmamento, cooperação e paz.

Por aqui passou a importante actividade desenvolvida pelo conjunto dos militantes e das organizações do Partido deste distrito.

Uma relevante acção e intervenção que mostram quão necessário e indispensável é este Partido para a defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações do distrito de Leiria.

Sabemos o muito que fizemos, mas também sabemos das nossas insuficiências que precisamos de debelar, para ter um Partido mais forte e mais influente.

Para o êxito do nosso trabalho são de particular importância as tarefas do reforço da organização e intervenção do Partido que o nosso XX Congresso colocou como uma questão fundamental, em ligação com a iniciativa política.

A Resolução Política da nossa Assembleia Regional identificou com muita clareza as tarefas do reforço da organização do Partido, em particular nas empresas e locais de trabalho, na elevação da militância e na responsabilização de quadros, no reforço do recrutamento com essa audaciosa meta de recrutamento que supera o número de 100 novos militantes ainda este ano de 2018, mas também na melhoria da situação financeira, tomando medidas para aumentar o valor das quotas e do número de camaradas com as quotas em dia, com o objectivo de atingir também, e até ao fim do ano, o objectivo de ter 670 militantes com quotas em dia.

Como o salientou o nosso Comité Central na sua reunião de Janeiro deste ano, as tarefas do reforço da organização se são uma constante do nosso trabalho, têm este ano de 2018 que merecer uma redobrado esforço do conjunto das nossas organizações.

Precisamos de agir em várias frentes de forma integrada, mas este ano terá como um dos elementos marcantes, como aqui foi evidenciado, a emissão do novo cartão de membro do Partido.

Trata-se de uma tarefa que exige uma atenta preparação de todas as organizações e o envolvimento de muitos e muitos militantes neste acto de renovação do compromisso de militância e que precisamos de garantir que seja uma grande acção de contacto com todos os membros do Partido. Ela é a oportunidade para reforçar a ligação e integração do conjunto dos militantes do nosso Partido. A oportunidade para garantir a elevação do grau de militância em que assenta a capacidade de intervenção do Partido e cuja prioridade foi assinalada também, com ênfase, na Resolução Política.

Temos no plano nacional o objectivo de realizar 5 mil contactos com trabalhadores até ao final de 2018, dando a conhecer as razões pelas quais devem aderir e reforçar o PCP. Estou certo que vamos concretizar com êxito esse plano e que as organizações do distrito de Leiria vão dar mais uma vez o seu imprescindível contributo, concretizando a meta de 300 contactos.

Sabemos que temos que fazer muita coisa e ao mesmo tempo. As prioridades que definimos têm que merecer uma particular atenção, mas precisamos de melhorar o nosso trabalho dirigido a camadas e sectores sociais específicos, nomeadamente da juventude, das mulheres, dos reformados, dos agricultores, dos micro, pequenos e médios empresários, dos sectores ligados à cultura.

No quadro de uma grande ofensiva ideológica e de propaganda do grande capital, com os poderosos meios de que dispõe, assumem ainda maior importância a propaganda e a imprensa do Partido. A decisão que acabámos de tomar de promover em todas as organizações o aumento de 10% ano da venda do Avante! e do Militante é uma boa decisão que precisa ser concretizada. Nós confiamos que o vamos conseguir!

Todos nós sabemos que o caminho que estamos a percorrer não está isento de dificuldades. Mas aqui estamos, dispostos ao combate ao serviço dos trabalhadores, do povo deste distrito e do País, alargando a convergência com democratas e patriotas, sabendo que são grandes e exigentes as tarefas que a actual situação coloca ao PCP, mas tudo fazendo para as concretizar.

Sim, nunca foi fácil! Neste distrito, a história deste Partido é inseparável da história da luta dos trabalhadores e do povo. Com avanços e recuos, com vitórias e derrotas, muitas vezes levantados do chão, para de pé prosseguir a nossa luta. Porque temos uma convicção, um ideal, um projecto inquebrantáveis, que nos dão confiança para a luta que transforma!

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