Intervenção de Alma Rivera na Assembleia de República, Interpelação ao Governo n.º 1/XV/1.ª

O Governo fala em trabalho digno mas empurra os jovens para a precariedade

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O governo sabe o que é ser jovem neste momento no nosso país? É indeferente?

É uma sensação de incerteza face ao futuro, face ao dia e ao mês seguinte 

A cada etapa da vida há uma barreira e não uma oportunidade:

- depois de pagar a renda de um quarto e as contas, ficar com 200 euros para viver;

- é olhar para a autonomia como uma miragem, porque ter uma casa é um luxo;

- é ver reduzida a vida à rotina casa trabalho casa porque não há tempo nem dinheiro para mais;

- sofrer por continuar a pesar aos pais.

O efeito que isso tem nos jovens?  

Fala-nos de Segurança Social, mas não é com salários baixos nem com falta de natalidade.

Não são 60 euros de apoio à família que vão estimular os jovens a ter filhos.

Fala-nos do trabalho digno. Mas não faz o básico.

Não introduz o princípio de que a um posto de trabalho permanente deve corresponder um contrato de trabalho efectivo.

Continua a permitir o recurso ao trabalho temporário, aos recibos verdes, ao outsourcing, várias formas de precariedade laboral, mantém o período experimental de 180 dias para os trabalhadores à procura do primeiro emprego.

Mantém a desregulação total dos horários, são os bancos de horas, o trabalho noturno e o trabalho por turnos.

Mantém uma Autoridade para as Condições de Trabalho que nada pode fazer, os jovens sabem que não podem contar com isso.

Mantem salários miseráveis à volta dos 700 euros.

Sra. Ministra, o governo e PS assistem a isto, sabendo que têm formas de reagir, mas não fazem porque não querem.

Oxala não lhes pese na consciência mais uma geração adiada e desperdiçada.

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