Senhora Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados
A privatização dos Correios era e é um atentado contra o interesse nacional. Já era assim quando o Governo PS a incluiu no PEC 4. E assim era quando PS, PSD e CDS a incluíram no Pacto de Agressão que assinaram com a troica. E assim é agora, como já se está a ver no concreto, de norte a sul do país, com os encerramentos de estações e de serviços e de postos de trabalho.
O Governo e os deputados da maioria falam em “racionalidade” e “rigor na gestão”. Podem explicar então o encerramento do Centro Operacional de Correio da região Centro, em Coimbra: digam o que farão àqueles 170 trabalhadores, mas expliquem também essa ideia brilhante de fazer com que o correio de Coimbra para a Lousã tenha que vir a Lisboa para ser tratado, e depois regressar à zona de origem para ser distribuído. E já agora expliquem essa “deslocalização” de estações dos CTT na cidade de Leiria, associada ao negócio imobiliário do Leiria Plaza, promovido por um destacado dirigente local do PSD.
Esta Assembleia não pode ficar cega e surda ao protesto que acontece por todo o país. Utentes, trabalhadores e autarcas, pessoas de todas as idades, desde Albergaria dos Doze em Pombal até à Ajuda em Lisboa, têm ficado noite dentro nas estações, para que elas não sejam roubadas ao Povo.
O meu Camarada Presidente da Junta de Freguesia de Carnide esteve esta semana numa dessas jornadas de luta, exigindo o compromisso da manutenção da estação dos correios na sua Freguesia. A administração dos CTT assumiu esse compromisso de não a encerrar e propôs uma reunião para o dia seguinte na sede da empresa. Ontem, à hora da reunião, a estação foi encerrada para não voltar a abrir!
Em Santo Isidro de Pegões, foi “negociado” o encerramento da estação e a abertura de um posto na Junta de Freguesia – por um prazo de seis meses, com uma junta que vai desaparecer no processo de extinção de freguesias!
Por todo o País, desde Lanheses a Boliqueime, passando por Cacilhas, as estações aparecem fechadas, pela calada da noite, verdadeiramente à traição!
É essa aliás a palavra que melhor define esta atuação e esta política: traição. É assim que vendem o País às peças, que trocam a lei fundamental pela lei da selva, que agem de má-fé e à sorrelfa, lidando com o povo e o país como um burlão lida com a vítima. É preciso dizer “basta!”, é preciso acabar com este governo e esta política e este pacto de agressão com a troica antes que eles acabem com o país!
Daqui dizemos que estas decisões, que estão a ser levadas a cabo, não são inevitabilidades nenhumas!
Podem ser combatidas, são combatidas há anos, e foi graças a esse combate que a privatização não foi até agora concretizada.
Propomos que a Assembleia se pronuncie contra a privatização dos CTT e em defesa da melhoria da qualidade do serviço público postal, com a manutenção do carácter totalmente público da empresa; e defendemos (entre outras medidas) que os encerramentos de estações de correios sejam imediatamente cancelados e que as estações sejam reabertas e reintegradas na Rede Pública Postal.
Aqui reafirmamos que esta luta contra a privatização dos CTT e pelos direitos e condições de trabalho, e as lutas contra os encerramentos das estações e serviços de correios – são uma e a mesma luta! Já na semana que vem, no dia 7, a greve dos correios será uma grande jornada em defesa do serviço público, do interesse nacional e da própria soberania. Há razões concretas para esta confiança na resposta que o Povo Português saberá dar.
Desenganem-se senhores deputados: inevitável é a luta!
Disse.