Declaração de voto de Ilda Figueiredo no Parlamento Europeu

Relatório Randzio-Plath - nomeação de Jean-Claude Trichet para o cargo de Presidente do Banco Central Europeu<br />Declaração de Voto de Ilda Figueiredo

Como seria de esperar, Jean-Claude Trichet, o futuro presidente do Banco Central Europeu, reafirmou e reforçou o actual “triângulo” económico da UE assente na estabilidade de preços, no pacto de estabilidade e na “estratégia de Lisboa”, apesar das contradições cada vez mais patentes entre este “triângulo”, o crescimento económico e o emprego. Nas respostas ao questionário, Trichet reafirma a estabilidade dos preços como condição necessária para o crescimento “ao manter um baixo aumento dos custos unitários da produção”, ou seja, moderação salarial, redução dos salários reais e ganhos de produtividade, mas , neste caso, apenas para o patronato. Trichet salienta também o consenso dos governos da UE em torno da “estratégia de Lisboa” e a necessidade de acentuar a via das reformas estruturais, leia-se liberalizações, flexibilização do mercado de trabalho e progressiva privatização das pensões. Por último, reafirma o limite dos 3% do pacto de Estabilidade, afirmando que nenhum governo pediu a sua alteração e que a Comissão já mostrou a sua necessidade. O que não deixa de ser irónico, quando a França se prepara, pelo terceiro ano consecutivo, para não cumprir esse mesmo critério. Trichet apoia ainda as alterações ao método de votação do BCE, que afasta, no fundo, países, como Portugal, do processo de decisão monetária. Daí o voto contra este relatório.

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