O relatório, como era de esperar, defende a linha monetária prosseguida
pelo Banco Central Europeu (BCE), que tem como objectivo único a
estabilidade dos preços, ou seja, a moderação salarial. Toda a actuação
recente, com os sucessivos aumentos das taxas de juro - o BCE continua
a considerar a evolução dos salários como um risco em alta para a
estabilidade dos preços - tem criado sérios riscos para a retoma
económica e penalizado sobretudo as famílias fortemente endividadas.

O relatório não crítica, mas pede prudência sobre novos aumentos,
porque está ciente dos riscos da ortodoxia monetária do BCE, imposta
via Tratados, e que poderá tornar-se um dos objectivos da União, de
acordo com o mandato dado pela Presidência alemã para a elaboração do
novo Tratado.

A questão central é que a política monetária tem de suportar a
actividade económica real, tem de ter como objectivos o crescimento
económico e o emprego, as questões sociais e as taxas de câmbio. Isto
implica quer uma alteração do objectivo único hoje existente, quer o
controlo democrático por parte dos Estados-Membros da UE, ou seja, é
necessário que todos os Estados estejam representados, de forma
igualitária, no Conselho de Governadores e na própria Comissão
Executiva, algo que se perdeu com o sistema de votação do BCE, adoptado
em 2003.