Intervenção de Rita Rato na Assembleia de República

O PCP bater-se-á pelo aumento geral dos salários e a fixação do SMN em 650€ em Janeiro de 2019

Ver vídeo

''

Sr. Presidente, Sr. Deputados,

Hoje, passados 132 anos do primeiro 1º de Maio, é de uma imensa actualidade e exigência democrática a luta pelo emprego com direitos.

Hoje, no ano de 2018, a luta pelas 8 horas de trabalho e horários que respeitem a vida pessoal, familiar e profissional é exigência central dos trabalhadores.

Hoje, em pleno século XXI, vivemos tempos marcados por novos avanços científicos e tecnológicos e por um intenso debate sobre os seus impactos. Somos por isso, chamados a decidir e apontar o caminho queremos seguir.

De facto, a ciência e a tecnologia são instrumentos de emancipação e de melhoria das condições de vida dos trabalhadores e dos povos, e não instrumentos de agravamento da exploração.

Estes avanços podem e devem servir o desenvolvimento do país, a redução do horário, da precariedade e da penosidade do trabalho.

E hoje, temos nas nossas mãos a decisão sobre que modelo de desenvolvimento queremos para o país.

Colocar as potencialidades da ciência e da tecnologia ao serviço do progresso e da justiça social ou, pelo contrário, ao serviço apenas da acumulação do lucro de uma minoria?

Os avanços científicos e tecnológicos não são incompatíveis com os direitos dos trabalhadores.

Pelo contrário. Os avanços científicos e tecnológicos devem permitir melhores condições de trabalho e de vida, modernização do processo produtivo e criação de emprego. Com direitos, obviamente.

Sr. Presidente, Sr. Deputados,

Passados 132 anos desde o primeiro 1º de Maio, os trabalhadores portugueses têm muitas e justas razões para lutar.

Foi a luta que derrotou o Governo do PSD/CDS e permitiu a alteração da correlação de forças na Assembleia da República, travando o caminho de retrocesso e abrindo caminho à reposição de direitos e rendimentos.

E é hoje a luta travada nos locais de trabalho, dos transportes à hotelaria, das grandes superfícies à indústria, no público e no privado que exige a necessidade de defender e conquistar direitos.

Cada dia que passa, mantendo intocável as normas mais gravosas da legislação laboral, é um dia a menos para o desenvolvimento do país.

Que o digam os trabalhadores das grandes superfícies, do Pingo Doce, do Lidl e do Dia MiniPreço, que nestes dias travaram uma corajosa greve por melhores salários e horários, contra a precariedade.

O Governo PS não pode continuar a adiar a revogação das normas mais gravosas do Código do Trabalho.

Em cada momento que o PS se alia ao PSD e CDS para manter intocável a legislação laboral, são os trabalhadores e o país que perdem.

Foi assim recentemente, com a manutenção do corte dos dias de férias e dos bancos de horas; com a não reposição do valor do pagamento do trabalho suplementar; com a manutenção da caducidade da contratação colectiva e da não reposição do tratamento mais favorável ao trabalhador.

Mas não há dúvidas absolutamente nenhumas:

- A opção pelo corte de salários e pensões, e a retirada de direitos significou sempre empobrecimento, mas também recessão e desemprego.

- A defesa, reposição e conquista de direitos é indispensável para a vida dos trabalhadores, mas é também um factor decisivo para o crescimento económico e a criação de emprego.

Sr. Presidente, Sr. Deputados,

Ontem por todo o país, no litoral e no interior, em mais de 40 localidades, muitos milhares de trabalhadores responderam ao apelo da CGTP-IN exigiram:

- O aumento geral dos salários, no sector privado, no sector empresarial do estado e na administração pública;

- O aumento do salário mínimo nacional para 650€ em Janeiro de 2019;

- A defesa da contratação colectiva, o fim da sua caducidade e a reposição do tratamento mais favorável;

- 35 horas para todos, no público e privado, e revogação dos bancos de horas e outros mecanismos de desregulação dos horários de trabalho;

- Contra a precariedade pelo emprego com direitos, para que a um posto de trabalho permanente corresponda sempre um vínculo efectivo, nos serviços públicos e no sector privado;

- O reforço e contratação de profissionais na Saúde, no Ensino, na Segurança Social, na Justiça e na Cultura;

- A valorização das longas carreiras contributivas, sem penalizações, após 40 anos de descontos.

Dia 18 deste mês o PCP trará à discussão a proposta de 35 Horas para todos os trabalhadores e eliminação dos mecanismos de desregulação dos horários.

Tal como, bater-se-á pela fixação do salário mínimo nacional em 650€ em Janeiro de 2019.

Os direitos dos trabalhadores nunca foram oferecidos por governo nenhum.

Foram sempre mas sempre conquistados com a sua corajosa luta.

Mas será revelador das opções do Governo PS ignorar a sua justeza, mantendo com o PSD e CDS as normas gravosas da legislação laboral.

O PCP não tem dúvidas de que lado está, dos trabalhadores, dos seus direitos e do desenvolvimento do país.

Disse.

  • Trabalhadores
  • Assembleia da República
  • Intervenções
  • 1º Maio
  • Salário Mínimo Nacional