Intervenção de Ana Cordeiro, XXI Congresso do PCP

As novas Células de Empresas

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Camaradas:

Venho falar-vos duma empresa onde há pouco mais de 1 mês criámos uma das 100 novas células do nosso Partido.

Trata-se de uma empresa de análise de conteúdos online onde trabalham, apesar disso, mais de mil trabalhadores, no mesmo edifício (situação só parcialmente alterada com a epidemia) em turnos rotativos, com folgas e dias de descanso rotativos, em regime de laboração contínua.

Uma empresa em que a estes difíceis horários não correspondem remunerações devidas aos trabalhadores e em que não existe contratação colectiva, nem definição de funções ou carreira. Em que o forte desgaste provocado pelas funções e horários desregulados obrigam muitos dos trabalhadores a recorrer a baixas psiquiátricas.

Uma empresa de trabalhadores maioritariamente muito jovens considerada prioritária também na intervenção do CESP e da Interjovem. Com bastantes trabalhadores estrangeiros ou deslocados e uma enorme discrepância de rendimentos para a mesma função, com a distribuição arbitrária de bónus,suplementos, prémios para a performance, a servir os interesses da divisão dos trabalhadores.

A que se somam um forte condicionamento ideológico dos trabalhadores e as tentativas de condicionamento da liberdade sindical, seja pela discriminação dos seus representantes, pela proibição de plenários ou pela recusa de cedência de instalações da empresa para a actividade sindical.

Todas estas questões somadas à faixa etária dos trabalhadores, com a ilusória perspectiva de que este é apenas um trabalho temporário, contribuem para uma menor consciência de classe e da exploração, e atrasam a sua capacidade de organização e reivindicativa, dificultando quer a intervenção do MSU quer a intervenção dos comunistas.

No entanto, esta foi definida pelo nosso sector como uma empresa prioritária, quer pelo numero de trabalhadores jovens, quer porque os vários ataques aos seus direitos tornavam ainda mais urgente a intervenção do Partido. Responsabilizámos uma nova camarada, trabalhadora na empresa,pela criação da célula, que integrou o nosso Organismo de Direcção.

Seguiu-se um duplo trabalho (ainda que irregular e interrompido pelos constrangimentos da actual situação) de fora para dentro – com a distribuição de documentos aos trabalhadores à porta da empresa que potenciaram conversas com alguns deles. E dentro da empresa, com campanhas de sindicalização e acompanhamento dos que intervém no MSU.

Deste trabalho, e do prestígio crescente do Partido junto de trabalhadores, que simultaneamente ganham consciência da necessidade da sua organização e nos reconhecem como os únicos que não se confinaram na luta por direitos, bem como pelo trabalho articulado entre varias organizações do Partido na transferência atempada de militantes que aqui trabalhavam, foi possível, constituir uma célula do nosso Partido, mesmo no período de crise que os trabalhadores atravessam.

É ainda um processo embrionário, com um numero reduzido de camaradas, com horários desfasados. Ainda assim cremos que cumprindo com as tarefas que a célula definiu na sua reunião primeira: sindicalização dos colegas de trabalho, reforço da acção reivindicativa, elaboração de propaganda específica com as propostas do Partido, recrutamento dirigido, e estes trabalhadores estarão em muito melhores condições de lutar pelos seus direitos e de tomar a sua parte na luta mais geral por uma política patriótica e de esquerda.

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