Declaração de voto de Inês Zuber no Parlamento Europeu

Mercados de Instrumentos Financeiros e Revogação da Directiva 2004/39/CE

A proposta que a maioria do PE cauciona é mais uma fuga em frente das forças políticas comprometidas com o sistema, recusando enfrentar a questão essencial desta matéria: a existência destes mercados e os seus instrumentos. Porque ao contrário do que com este relatório se quer fazer crer, não é apenas o funcionamento dos mercados que gera instabilidade, crises financeiras e económicas. A maior das ameaças decorre da sua existência, que não constitui nenhuma necessidade objectiva para o funcionamento das economias e para a satisfação de necessidades e aspirações humanas. Mantém-se intocável a financeirização da economia e a manutenção da actividade produtiva como sua refém. A financeirização da economia – com o desenvolvimento de processos sem tradução nem correspondência em actividade produtiva – constitui peça central da estratégia de desenvolvimento da UE, sempre em busca da satisfação das taxas de lucro dos grandes grupos económicos e financeiros que a produção de bens e serviços reais, não podia nem pode satisfazer. É nesta estratégia que se insere este instrumento, que é inseparável da existência de paraísos fiscais, da crescente contracção da despesa e do investimento público, da privatização e da liberalização de serviços públicos e de empresas essenciais para o desenvolvimento económico e social.

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