Intervenção de Sandra Pereira no Parlamento Europeu

As desigualdades salariais vão continuar. Os baixos salários também!

A montanha pariu um rato!
Mais uma diretiva pomposamente anunciada e há muito aguardada que, afinal, pouco ou nada avança no combate às disparidades salariais entre homens e mulheres. Nalguns casos, legitimando-as, pode até perpétua-las. É o caso dos 5 % de diferença entre os níveis de remuneração médios dos trabalhadores femininos e masculinos. Afinal, alguma disparidade até é “aceitável”, vá-se lá saber porquê, mas não será, certamente, em nome da defesa dos direitos das mulheres.
No meu país, o princípio de salário igual para trabalho igual está constitucionalmente consagrado. Nem sempre é uma realidade porque não há vontade política. Escasseiam os meios de inspeção e recorrem-se a mecanismos, como a subcontratação ou externalização, para justificar as diferenças salariais. Apresentámos alterações que corrigissem isso mas que, sua maioria, não foram consideradas.
Na prática, esta proposta, piorando a posição do Parlamento e não contrariando as orientações neoliberais a que Bruxelas já nos habituou, pouco ou nada vai melhorar a vida das mulheres trabalhadoras, nem inverter as políticas de baixos salários que afetam sobretudo as mulheres trabalhadoras.

  • União Europeia
  • Intervenções
  • Parlamento Europeu