Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Almoço comemorativo do 25 de Abril

Almoço comemorativo do 41º Aniversário do 25 de Abril

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Celebramos hoje dois acontecimentos que ficaram inscritos na nossa história: os 41 anos da Revolução de Abril e os 40 anos da eleição para a Assembleia Constituinte.

40 anos de uma Revolução original que, a partir de um levantamento militar, tem a adesão e o apoio imediato do povo português, criando uma aliança operacional e original do povo com o Movimento das Forças Armadas.

Aliança que só surgiu e se consolidou porque correspondia à luta e às aspirações do povo português oprimido e reprimido durante 48 anos pela ditadura fascista, onde sem esquecer muitos democratas e patriotas, o Partido Comunista Português teve um papel ímpar na resistência antifascista, na mobilização e na luta dos trabalhadores e das massas populares pela liberdade e pela democracia, pagando um preço alto de muitas vidas, sofrimento, repressão e perseguição de militantes e dirigentes que deram o melhor das suas vidas, por vezes a própria vida, até chegar a 25 de Abril de 1974.

Não esquecendo nunca a acção corajosa do sector das Forças Armadas, determinado pelos capitães, a quem o povo português e as instituições democráticas têm uma dívida de gratidão!

Foi decisiva esta aliança porque sem a iniciativa e o apoio popular, o movimento militar não venceria, tal como o movimento popular sozinho não teria êxito, movimento popular que quis demonstrar e afirmar de forma clara e inequívoca o seu apoio à revolução, logo nas primeiras horas mas particularmente no dia 1º de Maio em liberdade convocado pela intersindical, que invadiu as ruas, praças, vilas e cidades do País e que, passados 41 anos, nos convoca de novo para estarmos presentes no dia 1º de Maio.

Não foram nem estrategas militares nem políticos criativos que inventaram a consigna Povo-MFA, mas o reconhecimento, aprovação e definição de um desenvolvimento real e concreto do processo de conquista da liberdade e da democracia e sua instauração e institucionalização com a Revolução de Abril.

Em todo o processo que se seguiu nenhuma das suas realizações foi oferecida ao povo português. Nem por salvadores, nem pelo poder político nem pelos militares. Foram por ele conquistados, reconhecidos pelo MFA e consagrados pelos deputados constituintes. A liberdade de imprensa, de associação, reunião e manifestação.

Uma nova estrutura económica, liberta do poder dos monopólios travando a sabotagem económica e conduzindo às nacionalizações dos sectores básicos e estratégicos valorizando o papel das pequenas e médias empresas, conquistando a Reforma Agrária combatendo a acção dos latifundiários desbravando terras incultas, criando emprego, aumentando a produção nas terras do Sul enquanto no Centro e Norte se conquistava o direito ao uso e gestão dos baldios pelo povo.

Conquistando direitos laborais sociais e culturais até aí proibidos e suprimidos: liberdade sindical, direito à greve, ao não ser despedido sem justa causa, protecção na infância, na velhice, na doença, no desemprego, direito à igualdade das mulheres no trabalho, na família, na sociedade, direitos novos para a juventude.

Edificando o Poder Local Democrático.

Conquistas que a Assembleia Constituinte, ela em si mesmo expressão da conquista do direito de votar, eleger e ser eleito, cujas eleições tiveram uma participação de 92% dos eleitores inscritos.

Constituição que define que é no povo português que reside a soberania, numa pátria de paz e cooperação com outros povos e países. Que pôs fim à guerra colonial e reconheceu a luta libertadora de outros povos e países colonizados, consagrando tal reconhecimento na CRP!

Foi a Revolução de Abril e não outro processo que abriu as portas de Portugal à Europa e ao mundo! Nós sabemos isso! Mas é preciso dize-lo, particularmente às novas gerações na medida em que muitos tentam reescrever a história, negar a existência do fascismo, atribuir falsamente o papel de cada um na Revolução e na contra-revolução que se seguiu!

Durante décadas os sucessivos governos recuperaram e restauraram de novo o poder do grande capital, rasgando ou engavetando compromissos assumidos com o povo e com a Constituição de Abril.

Conseguiram destruir as principais conquistas de Abril e novos e velhos senhores do capital recuperaram parcelas de domínio perdido com a Revolução de Abril, e voltaram a amassar fortunas, agravando as injustiças e as desigualdades.

Sobre o povo que se atreveu a resgatar a sua dignidade e o poder de soberania que nele deve residir volta a classe dominante e os seus executantes a decretar a resignação e a submissão, não suportando, nem a luta, nem os lutadores.

Na verdade, 39 anos depois de políticas de recuperação capitalista e de governos da política de direita, está cada vez mais à vista o resultado da longa ofensiva contra Abril que durante todos estes últimos anos temos denunciado e combatido.

Uma ofensiva que nestes últimos cinco anos assumiu uma dimensão nunca antes vista, com a política dos PEC do governo PS e do Pacto que PS,PSD e CDS firmaram com o FMI, a União Europeia e o BCE e que o actual governo do PSD/CDS executou com entusiasmante zelo. Uma ofensiva que ampliou e agravou a grave crise económica e social que há muito se manifestava, resultante de anos de política de direita.

Uma crise que não está desligada igualmente dos incessantes aprofundamentos da integração capitalista da União Europeia e da expropriação crescente de áreas de soberania e, particularmente da crise aguda da União Económica e Monetária e do Euro e do colete-de-forças imposto ao desenvolvimento de Portugal.

Por isso o País tem vivido um dos mais graves e dolorosos períodos desde o fascismo.

É longa a lista de malfeitorias da comum responsabilidade daqueles que submeteram o País aos ditames dos PEC e do Pacto com a troika estrangeira, tal como dramáticas e dolorosas são as consequências para o País e vida dos portugueses desta política de desastre nacional que está em curso.

Cinco anos assinalados por um salto qualitativo na política de direita e da sua ofensiva contra os interesses populares e o País.

Cinco anos marcados por um acelerado processo exploração e de empobrecimento dos trabalhadores e das populações, com as suas deliberadas políticas de degradação dos rendimentos das classes e camadas populares, pela via do roubo nos salários, nas reformas e nas prestações sociais e com o brutal aumento dos impostos sobre o trabalho; pelo crescimento desmesurado do desemprego, pela precariedade; pelo ataque aos serviços públicos e às funções sociais do Estado; por novas destruições dos sectores produtivos; pela limitação da democracia e pelo comprometimento da soberania nacional.

Cinco anos que trouxeram ao de cima, e com mais nitidez, a natureza predadora e exploradora de uma política concebida para promover uma escandalosa centralização e concentração da riqueza a favor de uns poucos à custa dos trabalhadores, do povo e do património do País.

Cinco anos de PEC e de Pacto que conduziram a uma acelerada degradação de todas esferas da nossa vida colectiva, nos serviços de saúde, na educação, da segurança social, nas próprias instituições democráticas, como é o caso da justiça!

Cinco anos de indisfarçável degradação do próprio poder político dominante e seus agentes, marcados pela promiscuidade entre negócios públicos e interesses privados, e pelo acumular de casos de corrupção e compadrio.

Hoje, e com eleições à porta, vemos aqueles que conduziram o País até aqui, a empurrarem uns para os outros a responsabilidade pela situação de ruína e declínio que se manifesta no País.

Uns e outros a iludir o seu enfeudamento de sempre à sua política comum de restauração monopolista e à política de submissão nacional contra Abril, as suas conquistas e os interesses populares, e a iludir sua comum responsabilidade.

Bem podem uns, como o PS, dizer que tudo é resultado dos excessos da política austeritária - como gostam de chamar à política de exploração e empobrecimento que eles próprios assumiram e concretizaram enquanto foram governo e secundaram o actual governo em aspectos essenciais - e o PSD e CDS a empurrar a responsabilidade toda para o governo que está mais chegado e mais à mão, que não podem apagar a sua comum responsabilidade pela situação dramática que criaram no País.

Uns proclamam, agora na oposição, que estão empenhados na mudança e que é tempo de acabar com esta política de desastre nacional. Mas infelizmente só proclamam, porque na realidade e naquilo que é determinante para promover a mudança, tal como sempre o têm feito no passado, não alteraram uma linha na sua orientação!

Os outros, os que estão de turno no governo, querem meter pelos olhos dentro dos portugueses, e à força de muita propaganda e mentira, que o País “ está a dar volta”, graças à “excelência” da sua governação e das suas “reformas”.

Mas a volta que prometem está já aí no Programa de Estabilidade e no Programa Nacional de Reformas para os próximos quatro anos que acabaram de anunciar, em nome do cumprimento do Tratado Orçamental que os mesmos partidos da troika nacional aprovaram.

Em cima de cinco anos de violenta ofensiva dos PEC e do Pacto de Agressão, aí temos a continuação da política da troika, sem troika a morar cá! Aí temos anunciada a continuação dos cortes dos salários por mais quatro anos, a manutenção da sobretaxa do IRS, da CES e uma nova e brutal machadada nas reformas e pensões, com o corte de 600 milhões de euros anuais nos rendimentos dos reformados, novos cortes permanentes de 400 milhões de euros na despesa do Estado, que significarão mais despedimentos e novas reduções das funções sociais e o que mais se saberá quando o País conhecer o conteúdo completo de tais programas a apresentar a Bruxelas. Mas igualmente o que ainda escondem por via das eleições que aí estão, nomeadamente o seu projecto de contra-reforma da Segurança Social e do sistema de pensões com o objectivo esmagar drasticamente o valor das pensões e das reformas.

Aí temos a volta prometida e anunciada com a continuação e novas medidas de exploração e empobrecimento dirigidas aos trabalhadores, aos pensionistas e reformados, às funções sociais do Estado, pondo em causa os direitos mais elementares do nosso povo.

É assim para os trabalhadores, para os reformados e para povo, a volta é ainda mais atrás, mas para o grande capital a volta é outra - uma nova e substancial redução do IRC ao ritmo de 1% ao ano até 2019; diminuição imediata e extinção da taxa extraordinária para o sector energético; consideração e estudo de redução da TSU para as empresas e uma nova machadada na sustentabilidade da segurança social.

Sacrifícios e mais sacrifícios para os mesmos de sempre, benesses e mais benesses para os senhores do dinheiro!

Perante tais Programas e tais propostas e orientações a um governo e aos partidos da maioria que enchem a boca de proclamações moralistas, acusando quem defende a renegociação da dívida de não querer pagar a quem deve, a primeira e imediata pergunta que se impõe fazer é: - se acham que há condições para libertar centenas de milhões de euros para entregar de mão beijada aos grandes interesses, então porque é que em primeiro lugar não pagam o que devem aos trabalhadores e aos reformados, o que lhes cortaram nos seus salários e reformas?

Essa é que devia ser a prioridade! Pagar a quem se deve e muito precisa! Pagar a quem não vive da especulação, mas do seu trabalho presente e passado! Como nós propomos como um dos eixos da política alternativa.

Ou então, se podem abrir mão a milhões de euros, porque é que não começam por baixar os impostos a quem muito subiu – aos trabalhadores, aos pensionistas, aos micro e pequenos empresários?

Não se tenham ilusões, a prosseguir este governo de Passos e Portas, a manter-se esta política das troikas, em regime de vigilância apertada da Comissão Europeia e do Tratado Orçamental pelas mãos do PSD e do CDS ou por outras que as tomem no essencial como suas, como o PS promete, os portugueses só podem esperar o pior!

Só podem esperar o que já começaram a anunciar para o futuro: mais ataques às reformas e às pensões. Mais ataques aos salários. Mais ataques à segurança social, à saúde e à educação. Mais ataques à legislação laboral. Mais venda do País ao desbarato.

Com esta política o País não vai a lado nenhum. Esta é uma política que não serve o povo e não serve o País.

Agrava-se a dívida que continua a subir ao mesmo tempo que se contam fantasiosas histórias de cofres cheios para alimentar na opinião pública a ilusão da "sustentabilidade da dívida" e minimizar a dimensão sufocante do seu serviço.

A dívida pública, atingiu, de acordo com a última actualização do INE deste ano e com os dados do Banco de Portugal referentes a Janeiro, 133,5% do PIB, enquanto o serviço da dívida se aproxima já dos nove mil milhões de euros!

Portugal precisa de se libertar deste garrote, este dinheiro é fundamental para garantir salários, pensões, apoios sociais, serviços públicos, para investir no desenvolvimento do aparelho produtivo, aproveitar os recursos do País, aumentar a produção nacional, criar emprego.

A economia caiu, desde 2011, mais de 6%! Estamos em termos de criação de riqueza ao nível do princípio do século!

Andam a vender a ideia de que a economia vai finalmente crescer, e crescer bem graças às medidas do governo.

Mas o que temos é uma espécie de retoma estéril que põe o desemprego a crescer.

Um crescimento anémico que não sai das décimas, apesar das condições favoráveis da baixa das taxas de juro, do petróleo e da desvalorização do Euro que nada têm a ver com a política deste governo.

Mas bastaria olhar para as projecções do emprego até ao fim da presente década, presentes no Programa de Estabilidade que agora estão a apresentar e que apenas prevê uma redução da taxa de desemprego de dois pontos percentuais até 2020, para se ver que o grave flagelo nacional do desemprego que atinge um milhão e duzentos mil portugueses está para ficar por muitos anos, a manter-se esta política de desastre nacional.

Anunciam aos sete ventos, em encenadas sessões de propaganda, utilizando o aparelho de Estado, que Portugal será em breve uma das nações mais competitivas do mundo!

Mas quem pode levar a sério um governo que está a empurrar para o estrangeiro milhares e milhares de cientistas portugueses? Que cortou como ninguém o investimento em todas estas áreas essenciais para melhoramento da capacidade produtiva do País? Que fez recuar o investimento público e privado mais de 30% com consequências imprevisíveis para o nosso próprio futuro e a independência do País?

O que estão na verdade a pensar quando assim falam não é no desenvolvimento do País, mas no aprofundamento da exploração, na competitividade pelos baixos salários, pelo trabalho sem direitos, pressionado por altas taxas de desemprego!

É esse o grande desígnio deste governo e da sua política! O desígnio do empobrecimento do povo e do País! Um desígnio imposto à revelia dos valores de Abril!

Não! O País não está a dar a volta e este não é seguramente o caminho de Abril. Este é o aprofundar do caminho das injustiças e da exploração, do retrocesso social e civilizacional, empobrecimento e mutilação do regime democrático, da abdicação dos interesses nacionais, da regressão e do declínio nacional ao qual é necessário dizer basta!

Tal como o País não dará a volta com as propostas de linhas programáticas para o Programa Eleitoral, apresentadas pelo PS.

Linhas de orientação programáticas que se traduzem, mais uma vez, numa simples variante da mesma política de direita que, no fundamental, tem sido seguida até hoje e que conduziu o País ao desastre e ao declínio.

Linhas programáticas que têm como pano de fundo o cumprimento de todas as restrições, condicionamentos e constrangimentos – desde o Tratado Orçamental, aos mecanismos da governação económica, à não negociação da dívida – que estão a bloquear o desenvolvimento do País e a servir de fundamento e pretexto às políticas em curso de regressão social, exploração do trabalho e empobrecimento do povo, inscritas nos PEC e no Pacto de Agressão.

Linhas programáticas concebidas para consolidar e, nalguns casos aprofundar, o grave retrocesso imposto às condições de vida dos portugueses, dando como adquirido, e tornando definitivo, na esteira do Governo PSD/CDS, a brutal carga fiscal sobre o trabalho, as medidas gravosas do Código de Trabalho, a continuação da redução global dos valor dos rendimentos do trabalho e das reformas, aprofundando as desigualdades sociais e, em relação à Administração Pública, mantendo por mais dois anos o confisco dos salários e eternizando o prolongamento do congelamento das carreiras. Delas ressaltam novos perigos de destruição da segurança social pública e do sistema de pensões que se traduzirão, nomeadamente, numa forte e brutal redução no valor das reformas no futuro, mas também o prosseguimento da política de privatizações que tem desbaratado o património do País e entregue os recursos e sectores estratégicos nacionais à lógica dos interesses estrangeiros.

Linhas programáticas e propostas construídas em cima de um cenário macroeconómico mistificador que anuncia “Sol na eira e chuva no nabal”, mas que de facto não garante, nem o crescimento e o desenvolvimento que precisamos para romper com a crise, nem a criação de emprego a que os portugueses aspiram, porque nada muda de essencial, a não ser o ritmo de implementação, em relação às políticas hoje em curso.

Amanhã diriam, como antes disse Barroso e Guterres, como disse Santana Lopes, Sócrates e disse Passos, que a situação se revelou pior que o pior cenário que haviam previsto, semeando novas e perigosas desilusões e mais drásticos sacrifícios a quem já muitos fez.

Linhas programáticas que se anunciam como soluções alternativas, mas que são uma mistificação para alimentar o viciado jogo da bipolarização da alternância sem alternativa, que a plêiade de comentadores encartados encostados ao bloco central de interesses já promove, apresentando como diferentes coisas que, no fundamental, são semelhantes e convergentes!

Não! Por mais que repitam e se tentem justificar não há saída para uma vida digna para o nosso povo sem ruptura com as regras do Tratado Orçamental e do Euro, sem renegociar a dívida, sem uma nova política patriótica e de esquerda! Não há saída nem com o Programa Nacional de Reformas do governo do PSD/CDS, nem com as bases programáticas do PS!

Na rota da ofensiva de destruição de conquistas e direitos da política de direita tem estado a segurança social com o seu carácter universal e pública.

Em nome de uma insustentabilidade que promovem, quer Governo quer PS inscrevem nos seus objectivos o ataque à segurança social, há uma política alternativa, há soluções para garantir a plena realização do direito constitucional a uma segurança social ao serviço dos trabalhadores e do povo.

Do vasto conjunto de propostas que o PCP tem apresentado, inseparáveis de uma política de desenvolvimento económico, da valorização dos salários e promoção de emprego, queria relembrar quatro delas:

- Pôr fim à utilização das receitas da Segurança Social como instrumento de política económica do falso apoio à criação de emprego, à competitividade, ou de incentivo ao aumento dos salários.

- Assegurar o pagamento da Taxa Social Única que é paga pelos trabalhadores e pelas entidades patronais como fonte de financiamento do regime previdencial pondo fim à proliferação de isenções e reduções na taxa social única que transformaram a excepção em regra;

- Criar uma contribuição para a segurança social em função, não apenas do número de trabalhadores, mas também do Valor Acrescentado Líquido (VAL);

- Afectar 0,25% de imposto a criar sobre todas as transacções na Bolsa de Valores destinados ao reforço do Fundo de Estabilização Financeira;

- Promover o combate eficaz à evasão e fraude contributiva.

Estas são soluções para garantir o futuro da segurança social, para que cumpra os seus objectivos de apoio e protecção social.

Sim, o PCP não só não desiste como coloca como aspectos da maior importância o restabelecimento pleno do abono de família às crianças e jovens, a reposição do valor das reformas e pensões e o aumento dos seus montantes, o efectivo apoio aos desempregados

Por isso este é cada vez mais o tempo de defender e afirmar Abril com uma outra alternativa e uma outra política!

Este é um momento para a convergência e unidade dos patriotas, dos homens e mulheres de esquerda, dos trabalhadores e do povo, em defesa do valores de Abril, em defesa da Constituição da República, de exigência de ruptura com a política de direita e pela afirmação de uma alternativa patriótica e de esquerda.

É tempo de prosseguir sem desfalecimento a luta pelo direito ao trabalho e ao trabalho com direitos e pela mudança, descendo à rua nas Jornadas do 1º. de Maio que se aproximam, mas igualmente continuando a erguer as trincheiras da resistência e da coragem, lá onde se impõe defender cada um dos direitos dos trabalhadores, da juventude, do povo e o direito a um futuro e a uma vida digna!

É tempo de dar força e ampliar os combates por Abril, como é o combate pela libertação e dignidade nacionais, por uma política patriótica e de esquerda que a marcha nacional «A força do povo», todos à rua por um Portugal com futuro, a realizar em Lisboa no próximo dia 6 de Junho, transporta e projecta!

Uma Marcha promovida no quadro da CDU aberta à participação de todos. Uma Marcha de afirmação da força e da vontade do povo português num País desenvolvido, uma afirmação de que reside no povo a decisão soberana sobre o futuro que quer ver construído para as gerações presente e vindoura, uma afirmação de que está nas mãos dos trabalhadores e do povo decidir dos seus destinos.

Uma Marcha para dar força à torrente que sentimos que se amplia para colocar Abril, os seus valores e o seu projecto de democracia, liberdade, de justiça social, do Estado ao serviço do povo e do desenvolvimento, da soberania e independência nacionais nos caminhos da construção de uma vida melhor para o nosso povo.

Combates por Abril que, neste ano que comemoramos 41º da Revolução, se travam também no plano político e eleitoral.

As eleições legislativas, que rapidamente se aproximam, constituem um momento da maior importância na luta pela ruptura com a política de direita e a concretização da viragem inadiável e necessária na vida nacional.

Elas emergem, nestes tempos de grande ofensiva contra Abril, como uma oportunidade para que o povo português, no seguimento das importantes lutas que tem travado, faça ouvir a sua voz contra a política de direita.

É por isso que comemorar é também transformar as eleições legislativas que aí estão numa grande campanha de esclarecimento e numa batalha política de massas que contribua para elevar a consciência política do povo português e criar as condições necessárias à ruptura e fazer surgir uma solução alternativa que tem de ser encontrada fora do ciclo de rotativismo e alternância que PSD, CDS e PS vêm impondo há anos.

Uma campanha que afirme com confiança que é possível um outro caminho. Que há alternativa ao rumo de empobrecimento do povo e do País, à submissão e à dependência. Que há soluções e respostas para os problemas nacionais e de que para elas serem possíveis a CDU tem de ter mais força e mais votos.

Sabemos que são cada vez mais aqueles que reconhecem na CDU uma força com proposta e soluções para retirar Portugal do pântano a que a política de direita o conduziu, e que sabem que há outra política, uma política alternativa patriótica e de esquerda capaz de defender a dignidade e independência nacionais, respeitar os direitos e elevar as condições de vida do povo português.

Uma política que claramente assume os valores de Abril e o projecto consagrado na Constituição da República.

É por isso que é justo dizer que são combates de Abril e pelos valores de Abril, os combates pela afirmação e concretização de uma política de defesa do aparelho produtivo e de valorização da produção nacional e de criação de emprego.

São combates de Abril e pelos valores de Abril os combates por uma política que assegure, tal como propomos, a elevação material das condições de vida, repondo salários e pensões de reforma roubados, promovendo o trabalho com direitos e valorizando a contratação colectiva, dando combate à exploração dos trabalhadores e à precariedade.

São combates de Abril e pelos valores de Abril os combates que assumimos pela reposição da protecção social na doença e no desemprego, mas também no estímulo à natalidade e à salvaguarda no envelhecimento.

São combates de Abril e pelos valores de Abril os que propomos travar para assegurar o pleno exercício das funções sociais do Estado, designadamente na saúde e na educação, que reponha os níveis de resposta que fizeram do SNS e da Escola Pública, consagrados constitucionalmente, uma referência quanto a padrões de qualidade e universalidade.

São combates de Abril e pelos valores de Abril os que resultam da nossa proposta de política cultural assumida como um factor de valorização, de democratização da sociedade e de emancipação social.

São combates por Abril, os da afirmação de uma política que interrompa e inverta a alienação de recursos com a retoma pelo Estado do controlo público de sectores estratégicos, designadamente da banca.

São combates de Abril e pelos valores de Abril os que afirmam uma política fiscal que desagrave a carga sobre os rendimentos dos trabalhadores e das micro, pequenas e médias empresas e que tribute fortemente os rendimentos e o património do grande capital, os seus lucros e a especulação financeira.

São combates de Abril e pelos valores de Abril os combates em defesa da independência nacional, de rejeição da submissão às imposições do Euro e da União Europeia, os combates de recuperação para o País da sua soberania económica, orçamental e monetária.

São combates de Abril e pelos valores de Abril os combates de afirmação da democracia nas suas vertentes – política, económica, social e cultural.

Sim, este é cada vez mais o tempo de defender e afirmar Abril! É tempo de respeitar, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República e não de a subverter!

É porque somos essa força que se vincula aos valores e ideais de Abril, que se confirma a CDU como a força necessária e insubstituível que se distingue e marca a diferença com o pantanoso consenso das políticas de direita que têm conduzido o País ao declínio.

Comemoramos Abril pelo que Abril significou e significa no presente, mas também pelo que significará como projecto para o futuro de Portugal!

Se podemos afirmar que a Revolução de Abril é um momento maior da nossa história, devemos também afirmar com toda a confiança que o melhor do caminho histórico de Abril ainda está para vir e que, mais tarde ou mais cedo, a luta dos trabalhadores e do povo, a luta dos democratas, a luta de todos os que sabem que a história está longe de ter chegado ao fim, concretizará finalmente o que ficou entretanto inacabado.

Nós temos a firme convicção que o generoso projecto de Abril e os seus valores acabarão por se revelar como uma necessidade objectiva na concretização de um Portugal fraterno e de progresso.

Esse é também o nosso combate. O combate para apressar a concretização desse projecto para servir Portugal e os portugueses!

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