Intervenção de Paula Santos na Assembleia de República

«Temos experiência, conhecimento e capacidade para desenvolver a indústria transformadora»

Sr. Presidentes, Sras e Srs Deputados, Srs Membros do Governo,
Sr. Ministro da Economia,

Já o dissemos e reiteramos, o maior défice no nosso país é o défice da produção.

Nas últimas décadas o peso da indústria na economia reduziu substancialmente, resultante das políticas de direita, das privatizações e da integração de Portugal na União Europeia, que conduziram ao definhamento da actividade industrial.

Devido aos condicionalismos impostos pela União Europeia, para beneficiar a produção de outros países com economias mais poderosas, como a Alemanha, a indústria siderúrgica tem hoje uma expressão diminuta, e a indústria têxtil, tradicional no nosso país, não foi devidamente protegida com os acordos comerciais estabelecidos entre a União Europeia e países terceiros.

Sr. Ministro,

O incremento da actividade industrial passa pela ruptura com os constrangimentos impostos pela União Europeia, para que o país tome decisões soberanamente de acordo com os interesses nacionais.

A promoção e a dinamização da actividade industrial devem constituir uma política de Estado.

Temos inúmeros recursos minerais estratégicos, – o ferro, o cobre, o zinco, o estanho, o chumbo, o alumínio - que possibilitam a dinamização da indústria extractiva;

Temos condições para apoiar a indústria tradicional como o têxtil e vestuário, o calçado, a fileira da madeira e do imobiliário, a fileira da cortiça, a cerâmica e o vidro;

Temos experiência, conhecimento e capacidade para desenvolver a indústria transformadora e estratégica para a economia, de que são exemplo a indústria naval, a metalurgia ferrosa e não ferrosa, as metalomecânicas, eletromecânicas e electrónicas, as químicas pesadas e a indústria automóvel;

Temos potencialidades para o crescimento de novas indústrias com maior incorporação tecnológica, como as biotecnologias, as farmacêuticas, as tecnologias de informação e comunicação, a área da produção energética e de novos materiais, aeronáutica e aeroespacial e na área do ambiente.

Tendo em conta tudo isto, qual a perspectiva do Governo para o planeamento e a adopção de uma política de desenvolvimento da indústria, moderna, com inovação e elevada tecnologia e com maior valor acrescentado, que permita inverter a dependência externa e atenuar e ultrapassar debilidades estruturais, criando riqueza e emprego efectivo com direitos?

Disse.

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