Intervenção de Filipe Marques, Encontro «Os comunistas e o movimento sindical – uma intervenção decisiva para a organização, unidade e luta dos trabalhadores»

A organização sindical, métodos de trabalho e coesão orgânica

A organização sindical, métodos de trabalho e coesão orgânica

Estimados camaradas,

Fiel às suas raízes históricas e aos objectivos de luta dos trabalhadores, a CGTP-IN – projecto sindical de intervenção e transformação, reconhece o papel determinante da luta de classes na evolução da humanidade.

A sua enorme influência e validade marcaram o ultimo Congresso no qual, do universo do MSU, participaram 74 sindicatos filiados, 18 não filiados e 15 observadores, num total de 712 delegados eleitos pelas respectivas organizações, representando 556 363 trabalhadores de diversos sectores de actividade.

Um dos grandes desafios do movimento sindical é a ligação permanente aos locais de trabalho, condição indispensável para conhecermos os problemas e aspirações dos trabalhadores. Mesmo no actual contexto, é imperioso manter a iniciativa e autonomia sindical, planear colectivamente a nossa intervenção e assegurar a nossa presença e intervenção junto dos trabalhadores.

Importa definir objectivos e prioridades no âmbito de cada sindicato, visando a cobertura de todos os sectores, profissões, regiões e “zonas brancas” do País, articular a acção entre as organizações do movimento sindical e a resposta aos problemas concretos dos trabalhadores, esclarecer e debater com eles as causas da actual situação política e social, identificar os responsáveis e alertar para as consequências, dinamizar a sua participação e a unidade na acção.

Unidade na acção, que exige diálogo e discussão colectiva para o apuramento dos problemas e reivindicações, das propostas comuns que servem os interesses dos trabalhadores, para escolher as formas de acção mais apropriadas, que se exerce no diálogo entre organizações sindicais filiadas e não filiadas que cooperam com a CGTP-IN, com respeito pelas respectivas identidades e autonomia.

No nosso funcionamento colectivo, a promoção pela CGTP-IN do estreitamento de relações e do diálogo entre organizações, é estratégica para a unidade, a coesão e o alargamento do MSU e da sua influência e um enorme contributo para o êxito da luta mais geral e convergente dos trabalhadores por uma sociedade sem exploradores nem explorados.

Desta forma reforçamos a organização sindical, pois a força da CGTP-IN é a força dos seus sindicatos e do enraizamento destes nos locais de trabalho, facto evidenciado nas mais de 114 mil novas sindicalizações e 13 mil novos delegados sindicais apurados no XIV Congresso, onde foi possível reafirmar a sua natureza de classe, os seus princípios e características: organização de massas, unitária, democrática, independente e solidária.

Camaradas,

A defesa e salvaguarda da coesão orgânica, dos princípios da solidariedade e da unidade que enformam este projecto sindical, passam, também, por respeitar os âmbitos sectoriais e geográficos de cada Sindicato filiado ou que coopera com a CGTP-IN, evitando a concorrência entre sindicatos do MS, preservando a coesão da estrutura, cumprindo as orientações democraticamente discutidas e aprovadas.

No plano administrativo e financeiro, a redução de gastos e o uso racional dos recursos disponíveis continuam a ser prioridades, para uma gestão financeira cada vez mais rigorosa, com controlo mensal da despesa e da receita de quotização (agindo, no imediato, sobre eventual retenção patronal), de forma a aumentar a capacidade de intervenção, influência, mobilização e luta sindical.

É vital concretizar métodos de trabalho ligados à acção sindical integrada, fixar metas ambiciosas face ao potencial existente, avançar na sindicalização e na receita de quotização (garante da autonomia e independência dos sindicatos, e por sua via da estrutura do MSU a todos os níveis), reforçar a organização de base.

É essencial, dar efectivo cumprimento ao dever estatutário de quotização, de acordo com o sistema de distribuição em vigor no MSU, assegurando o funcionamento de toda a estrutura, da base ao topo, e reforçando o sentido de pertença e a coesão interna das organizações.

Os trabalhadores organizados nos seus sindicatos de classe, têm na CGTP-IN a organização firme, consequente e de confiança que, ao longo da sua história, cumpriu o seu papel e assumiu as suas responsabilidades em defesa dos trabalhadores e da transformação social.

Quando o capitalismo, em resposta ao agravamento da sua crise estrutural, aprofunda a sua natureza exploradora, opressora e agressiva, desfere nova ofensiva aos direitos sociais, laborais e sindicais, desejavam que ficássemos parados, queriam que os comunistas não tivessem tanta influência no MS, para desenvolverem mais ataques sem resistência e luta. Mas têm de contar connosco na CGTP-IN, no MSU, para os combates do presente e do futuro.

Os comunistas eleitos no movimento sindical, fruto da confiança ganha junto dos trabalhadores em defesa dos seus interesses, são, com todos os outros activistas sindicais, de diferentes opções políticas e religiosas, o garante da natureza de classe, carácter unitário, autonomia, independência e combatividade do MSU. Com determinação e firmeza, estivemos, estamos e estaremos na luta, que é de avanços e recuos, uma luta para a qual o MS terá nos comunistas que nela participam, os que estarão sempre na primeira linha do combate.

  • Trabalhadores
  • Central