Intervenção de Miguel Madeira, Membro do Comité Central, Encontro «Os comunistas e o movimento sindical – uma intervenção decisiva para a organização, unidade e luta dos trabalhadores»

A ofensiva ideológica do capital

A ofensiva ideológica do capital

Camaradas

Numa realidade em que o capitalismo reforça a sua natureza exploradora, opressora e agressiva para responder ao agravamento da sua crise estrutural, há que não subestimar e enfrentar os perigos, os problemas, os condicionamentos e as linhas de ataque que prosseguem às características do movimento sindical unitário visando a sua descaracterização e enfraquecimento.

Neste embate, os trabalhadores precisam da CGTP-IN e do movimento sindical unitário que agrega, na defesa dos seus interesses de classe. Tal importância é percebida pelos trabalhadores, mas também pelos seus inimigos. Por isso a acção do capital é tão ardilosa.

E tudo serve para tentar pôr em causa a unidade dos trabalhadores e a sua força organizada. Esta acção, atacando de forma particular as características de classe e de massas da CGTP-IN e do movimento sindical unitário, são recorrentes e assumem diferentes expressões, intensidades e protagonistas consoante a situação e o momento.

Uma ofensiva que ora desvaloriza, ora criminaliza a luta, consoante dá mais jeito ao capital. À acção do patronato para fragilizar a organização de base, tentando proibir plenários de trabalhadores e reuniões nas empresas, discriminando, perseguindo, despedindo discricionariamente delegados e activistas sindicais, soma-se a brutal campanha contra o direito de manifestação e os direitos de acção sindical, exacerbada e instrumentalizada ainda mais em tempos de surto epidémico, como se viu, mais recentemente no 25 de Abril e no 1.º de Maio do ano passado.

Uma ofensiva que vem de longe desde o quererem partir a espinha à Intersindical, à formação e alimentação da desacreditada UGT, passando pelo corporativismo sindical, com a exploração ou o avivar de particularidades, muitas vezes a partir de problemas concretos, para constituir associações, sindicatos, ou grupos assim denominados que, invocando a defesa dos direitos, põem trabalhadores uns contra os outros.

Ou a contraposição das Comissões de Trabalhadores aos sindicatos e a utilização de algumas delas para usurpar competências próprias dos sindicatos, como o direito de contratação colectiva.

Ou ainda as operações mais recentes de proliferação sindical, articuladas pelos habituais centros internacionais e desenvolvidas com vastos apoios e ampla promoção mediática, a partir de sectores reaccionários, de áreas de negócios ou de grupos pretensamente radicais.

É também a tentativa de dividir por dentro os sindicatos a partir de iniciativas e pressões de sectores dentro do movimento sindical unitário no sentido de explorarem as divergências em detrimento da unidade e da convergência, designadamente com a organização e afirmação pública de tendências sindicais, partidárias ou falsamente independentes e tentativas de intervir na vida sindical como tendência organizada, publicitando as suas posições contrárias às decisões democraticamente assumidas pelos órgãos, comprometendo a democracia interna e enfraquecendo a unidade do movimento sindical.

É a nova/velha agenda sindical, por um lado, com as acusações de que os sindicatos do movimento sindical unitário fazem a luta pela luta, com o objectivo de travar a luta e promover a submissão e a subserviência perante o capital.

É a nova/velha tese, por outro, de que os sindicatos do MSU não lutam, com a referência a «formas de luta fofinhas» para denegrir o movimento sindical e tentar arrastá-lo para formas de luta provocatórias.

Ou a etiquetagem dos sindicatos e das formas de luta como tradicionais ou não tradicionais, seja lá o que isso for, quando estes se diferenciam, sim, mas entre os que defendem os interesses de classe dos trabalhadores e aqueles que não os defendem.

São escritórios de advogados, pagos não se sabe bem por quem, com protagonistas altamente promovidos que aparecem a defender a máxima divisão sindical possível e a agir para a concretizar.

Cavalgando no anti-comunismo, reavivam-se ainda as velhas linhas de ataque à influência dos comunistas no movimento sindical unitário, procurando-se falsificar a realidade histórica e o papel que os militantes comunistas sempre tiveram e têm, nos seus locais de trabalho, em defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e para o reforço da sua unidade, organização e luta.

Pretende-se iludir que a sua grande influência resulta não de qualquer imposição ou ingerência partidária, mas da confiança que os outros trabalhadores neles depositam, elegendo-os democraticamente, em listas unitárias, para as suas estruturas representativas, para os sindicatos, as federações, as uniões e a CGTP-IN.

Bem elucidativo disto é, por exemplo, a narrativa do capital que, comummente, etiqueta de comunistas, mesmo podendo não o ser, os trabalhadores que se destacam na defesa dos seus direitos. Longe de ser uma ofensa, é o reconhecimento do papel e da luta dos comunistas pelos direitos dos trabalhadores nas empresas e locais de trabalho.

O contributo dos comunistas para o esclarecimento, a unidade, a organização e a luta dos trabalhadores é uma questão central da sua intervenção. Assim, agindo com trabalhadores e activistas de outras opções políticas e ideológicas, os comunistas assumem as suas responsabilidades e dão o melhor de si próprios, no fortalecimento do movimento sindical unitário, na luta pela defesa dos interesses de classe dos trabalhadores, pela sua emancipação, contra a exploração capitalista, por uma sociedade livre da exploração do homem pelo homem.

Viva o Partido Comunista Português!

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