Intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral, Comício CDU

É insubstituível a voz da CDU na defesa de Portugal na UE

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A realidade é como a verdade, pode tardar mas impõe-se sempre e aí está ela a revelar aquilo que sempre dissemos.

É preciso, é necessário e é urgente uma outra política.

Uma outra política que rompa com a injustiça e a desigualdade, que ponha fim ao escândalo dos chorudos lucros que não param de crescer ao mesmo tempo que crescem as dificuldades da maioria dos trabalhadores e do povo.

A minoria que quer mandar no País, os tais que se acham donos disto tudo, não podem continuar a pôr e a dispor das nossas vidas.

O que é preciso é valorizar quem trabalha, quem produz a riqueza, quem põe o País e a economia a funcionar, quem trabalhou uma vida inteira. 

Não se aguenta mais, e isto não pode continuar assim.

Enquanto milhares de micro, pequenos e médios empresários continuam com tantas dificuldades para se manterem em actividade, enquanto milhares de famílias estão sujeitas a tantos sacrifícios para conseguirem manter um bem tão essencial como a sua casa, a banca continua a encher-se à custa do aperto de tanta e tanta gente.

Que bem que lhe faz a política e as opções do BCE de manter altas as taxas de juro.

Que bem que lhe faz manter altíssimas as comissões bancárias.

Mas não é só a banca. 

Também já sabemos que no primeiro trimestre deste ano a Galp teve 333 milhões de euros de lucros.

Exemplos entre vários que concentram cada vez mais a riqueza que é criada com esforço físico e intelectual dos trabalhadores.

Tudo isto e as pensões e reformas estão como estão, a precariedade, os horários desregulados, com turnos que dificultam ou mesmo impossibilitam a conciliação da vida laboral com a vida pessoal e familiar.

Os efeitos da política de direita aí estão, bem à vista de todos.

É assim no dia-a-dia dos jovens e as dificuldades em saírem de casa dos pais, aceder a casa, cá trabalharem e viverem. 

É assim com as mulheres que continuam a confrontar-se com desigualdades no trabalho e na vida.

Há dias foi assinalado o dia da mãe.

Gostaria de aproveitar para desejar a todas as que querem ser mães, às que estão grávidas e que se deparam com a dificuldade em fazer uma ecografia e a incerteza sobre qual a maternidade aberta, às que têm crianças e jovens a seu cargo, mas também às que tendo os filhos criados, ajudam os netos a crescer, a todas desejo que a força nunca vos falte para lutar pela vossa felicidade e pela das vossas famílias. 

Com a Revolução de Abril demos passos de gigante na luta das mulheres pela igualdade e pelo direito a serem felizes em todas as esferas da vida.

Afirmamos com orgulho que estivemos sempre na linha da frente pelos direitos de maternidade, pelo planeamento familiar e pela educação sexual, contra o aborto clandestino, pela igualdade de direitos das crianças. 

Evoluímos muito, mas há muito caminho ainda a fazer. 

Há muito a fazer para garantir que os direitos de todas as mulheres, das que optam por ser mães e das que optam por o não ser, passem da lei para a vida e para os locais de trabalho.

Precisamos todos de mais tempo para os nossos filhos.

Precisamos de salários, estabilidade e horários dignos que garantam independência económica às mulheres e às suas famílias.

As mulheres que decidem ter filhos têm o direito a acompanhá-los ao longo do seu crescimento. 

A maternidade é um projecto de vida pessoal mas que também cumpre um papel social indispensável que deve ser protegido e apoiado. 

É assim também com os imigrantes, alvo das mais variadas discriminações, sujeitos a condições de trabalho ainda mais precárias, ainda mais difíceis, ainda mais inaceitáveis.

Condenamos a violência e os crimes de ódio desta vez no Porto, mas que não foram casos isolados.

Este é o momento de condenar, mas também é o momento de sublinhar e responsabilizar quem alimentou e alimenta o discurso do ódio, do racismo, da xenofobia, condenar quem alimenta e dá voz ao crime e depois vem deitar lágrimas de crocodilo…

É assim nos serviços públicos, o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública que precisam de investimento a sério.

É assim nos sectores e empresas estratégicas, entregues de mão beijada aos grupos económicos.

É assim com os salários baixos, e que por vontade do Governo assim continuarão nos próximos anos.

Não é atirando para o final da legislatura ou da década aumentos que são necessários agora.

Não!

É mesmo aumentar salários.

É aumentar o Salário Mínimo Nacional, porque é inaceitável termos milhões de trabalhadores a receberem menos de mil euros.

É aumentar a Administração Pública, porque esse é um sinal imprescindível para aumentar todos os salários, como pode e deve ser feito.

É revogar as normas gravosas da legislação laboral, para devolver aos trabalhadores instrumentos essenciais para melhorar as suas condições laborais.

É assim que se aumentam os salários.

E o Governo sabe-o, tal como o anterior o sabia. Mas quando falta vontade política, sobram as desculpas e as justificações...

Ora é a inflação, ora é o crescimento económico, ora é a produtividade, ora são os impostos, ora são as micro, pequenas e médias empresas.

Desculpas, literalmente, de mau pagador.

Tal como está mais do que demonstrado que a economia e a produtividade crescem mais, a um ritmo substancialmente maior, do que os salários.

Não se aumentam salários por via fiscal, não se aumentam salários diminuindo contribuições para a Segurança Social.

O dinheiro da Segurança Social é dos trabalhadores...

Já todos perceberam o que se pretende com o rebuliço em torno do IRS e das propostas do Governo.

A única coisa que tem em mente é a descida do IRC e da derrama para as grandes empresas.

Esse sim é o grande objectivo, o resto como vemos, é para nos entretermos.

Mas se ainda resta alguma vontade, por mínima que seja, de facto reduzir o IRS sobre quem trabalha, então a aprovação da proposta do PCP abre essa oportunidade.

Vamos ver quem enche a boca com impostos para favorecer os mesmos de sempre, e quem, como nós, de facto está interessado numa maior justiça fiscal.

Sabemos que não há, nem houve vontade política para aumentar salários.

Não há vontade para acabar com a precariedade, com os falsos recibos verdes, com a desregulação dos horários, para valorizar quem trabalha por turnos, para reduzir o horário de trabalho para todos para as 35 horas.

Só há vontade de responder aos interesses dos grupos económicos, para esses nunca faltam vontades.

Veja-se o ruinoso caso da privatização da ANA, aqui está mais um crime económico, aqui está um exemplo claro de corrupção, sim, estamos a medir as palavras, corrupção, mas é uma corrupção que pelos vistos não interessa investigar por PS, PSD, CDS e Chega…

Um crime económico, curiosamente apoiado, incentivado e subscrito pela União Europeia.

Essa mesma União Europeia onde, ainda há dias, PS, PSD e CDS votaram a favor das novas regras orçamentais que procuram impor cortes na despesa pública no País em 2,8 mil milhões de euros.

Mas onde será este corte na despesa? 

Será nos benefícios fiscais às grandes empresas, nas Parcerias Público-Privadas ou vai sobrar para salários, carreiras, serviços públicos?

É na resposta a estas perguntas que está a razão funda do brutal silêncio de PS, PSD e CDS sobre o seu, mais um, momento de unidade no Parlamento Europeu.

Mas a estas perguntas também Chega e IL vão ter de responder.

Assim como vão todos ter de responder o porquê de tantas medidas, tantas decisões, tantos relatórios e não há um, um que seja que ponha em causa nem belisque minimamente os interesses dos grupos económicos.

O País e cada um de nós precisamos de deputados da CDU para defender Portugal na União Europeia e não de deputados do PS, PSD, CDS, aos quais se querem agora juntar Chega e IL, para defender a União Europeia em Portugal.

É disso que se trata também no dia 9 de Junho.

Mais votos, mais apoio, mais reforço da CDU. 

Sabemos por experiência própria que o resultado eleitoral que vamos ter sairá do nosso esforço, do contacto, do esclarecimento, da mobilização.

Ninguém o fará por nós. 

Vamos à luta, vamos mostrar que o voto na CDU no Parlamento Europeu é imprescindível, porque é insubstituível a sua voz.

É insubstituível a voz da CDU na defesa de Portugal na UE.

Na luta contra as injustiças.

Na defesa da produção nacional.

Na recusa em transformar o ambiente numa nova área de negócio.

No combate à direita e à extrema-direita.

Na defesa dos direitos, das liberdades e da democracia.

Na defesa da nossa soberania, para garantir que o Povo é dono do seu futuro.

Na defesa da Paz na Ucrânia ou na Palestina, e na recusa do caminho da guerra e da corrida aos armamentos.

Que ninguém fique em casa. 

Se é verdade que a política de direita ganhou novo fôlego com os resultados das legislativas, não é menos verdade que o projecto e objectivos da direita não tem as mãos livres para impor os seus planos…

O Governo vai ensaiando uma estratégia de vitimização ao mesmo tempo que procura justificações para não cumprir com as promessas que fez a diversos sectores de trabalhadores, as propostas avançadas às forças de segurança e aos professores, são um exemplo disso mesmo.

Mas o elemento mais significativo são os poderosos sinais que os trabalhadores e o povo deram nos últimos dias, no 25 de Abril e no 1.º de Maio, que por todo o País deram expressão a massivas mobilizações, que revelaram confiança em Abril, nas suas conquistas e valores.

Abril é do povo e o povo está com Abril.

Abril não é coisa do passado, mas sim plena de futuro, e que é no presente e no futuro que Abril deve, tem e vai ser cumprido.

As pessoas não estão chateadas ou desiludidas com Abril, mas sim com o afastamento de Abril nas suas vidas. 

Ao contrário do que alguns nos tentam fazer crer, a juventude importa-se, mobiliza-se, e também ela está com Abril.

Também o 1.º de Maio constituiu por todo o País uma poderosa e inequívoca rejeição da precariedade, dos horários desregulados,  dos baixos salários.

É preciso continuar e sermos cada vez mais nas muitas lutas que se avizinham.

Abril aí está a demonstrar quão longe pode ir um povo decidido a trilhar o caminho do progresso.

Abril aí está a demonstrar que o nosso povo tem a capacidade e a força para se libertar dos grilhões que impedem o seu desenvolvimento, bem-estar e progresso.

Resistir e defender o muito de Abril que nos querem tirar.

Lutar e avançar para recuperar e levar mais longe o que de Abril está por cumprir na vida de todos os dias.

Se os últimos dias nos carregaram ainda mais de ânimo, confiança, alegria, transformemos isso em contacto, em conversa, em esclarecimento, transformemos isso no reforço de que o Partido precisa para defender o Povo e os trabalhadores ante todas as ameaças.

Vamos a isto!