Intervenção de Rita Rato na Assembleia de República

"Os jovens sabem, querem e têm direito a ser felizes no seu país"

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Sr.ª Presidente,
Sr. Primeiro-Ministro,
O seu discurso de estratégia acertada e prosperidade é totalmente desmentido pela vida concreta das pessoas, quando, ao fim do mês, as contas caem para pagar e o salário não estica para fazer face às despesas. E o Sr. Primeiro-Ministro devia corar de vergonha quando é Primeiro-Ministro num País onde uma em cada 10 crianças está numa taxa de privação material severa e onde a única refeição quente que fazem mais de 13 000 crianças é na escola.
Sr. Primeiro-Ministro, apostou na emigração para esconder os efeitos da sua política. Aliás, vários Membros do Governo foram incansáveis no convite à emigração. O próprio Primeiro-Ministro disse aos milhares de professores contratados que despediu que, «querendo continuar como professores, podem olhar para todo o mercado da língua portuguesa e, aí, encontrar uma alternativa». Primeiro, o Governo despediu; depois, convida a emigrar!
Até o próprio Sr. Secretário de Estado do Ministro Relvas não se cansou de dizer que os jovens deviam sair da sua zona conforto e ir para além das nossas fronteiras.
Sr. Primeiro-Ministro, mais de meio milhão de portugueses saíram do País, entre estes, milhares de jovens enfermeiros, médicos, professores, cientistas, engenheiros, investigadores; milhares de jovens cuja falta o País sentirá, de forma dramática, nos próximos anos.
Saíram do País para fugir ao desemprego, à precariedade e à pobreza, saíram não por opção mas por necessidade, Sr. Primeiro-Ministro! Saíram porque o Governo lhes virou as costas e lhes negou o futuro no seu próprio País. E aos que ficaram, o Governo negou também o futuro, empurrou-os para contratos de trabalho temporários, para falsos recibos verdes, para estágios, para estágios não remunerados, para formações e contratos de emprego-inserção, promovendo o trabalho gratuito e não remunerado, sem qualquer perspetiva de estabilidade.
Sr. Primeiro-Ministro, os jovens não esquecem que este Governo lhes quis destruir os sonhos. Os jovens não esquecem que foram sujeitos à precariedade e à emigração, e vão responsabilizá-lo por isso.
Os jovens sabem, querem e têm direito a serem felizes no seu País. Os jovens vão continuar a lutar pelos seus direitos, pela derrota deste Governo e desta política, vão continuar a lutar contra falsas ilusões, contra esta política que querem perpetuar, porque têm direito a serem felizes no seu País.

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