Intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral, Declaração do 1.º candidato da lista da CDU ao Parlamento Europeu

A CDU apresenta-se, de forma clara, pela soberania e a independência nacionais, pelo direito do povo a decidir do seu caminho

Uma saudação a todos os presentes, aos nossos aliados do PEV e da ID e aos muitos que não tendo filiação partidária encontram na CDU o seu espaço de construção e de unidade.

No próximo dia 9 de Junho, o povo português será novamente chamado às urnas para eleger 21 deputados para um Parlamento Europeu, que funciona de facto em Bruxelas/Estrasburgo, mas cujos impactos das suas decisões se reflectem na vida de todos os dias de quem cá vive e trabalha.

Se é lá que se fazem, é cá que se pagam e se pagam no que também está em causa nestas eleições. 

Os salários, pensões, acesso à saúde, à educação e à habitação, os preços dos alimentos, da energia, dos medicamentos, o que o País pode ou não produzir, as opções sobre as empresas e sectores  estratégicos.

E não vale a pena virem com meias conversas, porque nestas questões o que se exige é clareza.

Ou se está do lado dos grupos económicos e das multinacionais ou, tal como a CDU, se está na defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo.

Ou se continua a submeter o País às grandes potências e ao rumo federalista, neoliberal e militarista, ou se converge com os comunistas, os ecologistas e muitos outros activistas sem filiação partidária, nesta força de Abril, da democracia, da soberania e da paz que é a CDU.

Aqui estamos com o João Oliveira, o primeiro candidato desta candidatura ao serviço dos interesses dos trabalhadores e do povo.

Cá estamos para fazer frente aos objectivos dos grupos económicos, dos monopólios e das multinacionais que têm na União Europeia um dos instrumentos ao seu dispor.

Aqui estamos a falar verdade. 

E a verdade é que os fundos comunitários e as chamadas “bazucas” não compensam, como nunca compensaram tudo aquilo de que se abdicou e se está a abdicar no nosso desenvolvimento. 

A verdade é que, com o Euro, o País só conheceu estagnação económica, contenção salarial, menos serviços e investimento público.

A verdade é que o desrespeito pela independência do País é consequência da submissão e das ingerências da UE. 

A verdade é que a Política Agrícola Comum de Bruxelas paga a uns para não produzir,  favorece os grandes proprietários e obriga o País a comprar ao estrangeiro o que antes produzia.

A verdade é que o País perdeu soberania monetária com todas as consequências que aí estão e que ficaram muito evidentes durante o Pacto de Agressão das troikas; e na forma como se expressa hoje no brutal agravamento das taxas de juro decretadas pelo BCE.

A verdade é que o País, cumprindo ordens da UE e pelas mãos dos sucessivos governos, foi entregando ao estrangeiro cada uma das suas empresas estratégicas, e que agora olha para a TAP como mais uma oportunidade para as multinacionais que dividem entre si os céus da Europa.

A verdade é que aí está uma nova directiva que dá à Comissão Europeia plenos poderes para impor ao País ritmos para a redução da dívida, maior aperto sobre a despesa pública para as funções sociais do Estado, menos investimento, mais cortes nos serviços públicos, mais privatizações, ataques ao direito do trabalho e à protecção social, mais contenção salarial.

A verdade é que a União Europeia parece querer proibir a palavra Paz, e quer continuar a gastar cada vez mais milhares de milhões de euros para a guerra, para o armamento e para os bolsos dos que ganham com a morte e o sofrimento humano, seja na Ucrânia, na Palestina ou em qualquer outro conflito.

A União Europeia está ao serviço do grande capital e é este quem determina o rumo das políticas e a verdade é que se estão nas tintas para os trabalhadores, os povos, os imigrantes, para a natureza e o ambiente. 

Não pactuamos e não deixamos de denunciar e enfrentar o caminho de constrangimento ao desenvolvimento soberano do País, este caminho da política de direita perfeitamente alinhado com as opções da União Europeia.

Não foi contra a UE, pelo contrário, que 16 mil milhões de euros públicos foram para tapar os buracos da corrupção e da gestão privada da banca.

Não é contra, pelo contrário, é em conformidade com a UE, que se transferem mil milhões de euros por ano para as Parcerias Públicos Privadas; que metade do orçamento da saúde é para alimentar o negócio privado da doença; que os 10% mais ricos têm mais de metade de toda a riqueza do País; que se atribuem 1,6 mil milhões em benefícios fiscais aos grupos económicos.

Não é contra, mas sim é no estreito cumprimento das regras da UE que 13,8 mil milhões de euros de lucros e dividendos saem todos os anos do País para o estrangeiro. 

As contas certas das opções da UE e da política de direita desacertam a vida de milhões de pessoas, tal como ficou expresso durante a maioria absoluta do PS e que querem agravar em função da correlação de forças ainda mais favorável à política de retrocesso social, resultante das eleições legislativas e que a formação do governo PSD/CDS confirma.

Aqui estamos, sem hesitações, não alimentando ilusões e com os todos os instrumentos ao dispor a dar, desde o primeiro minuto, firme combate ao projecto e objectivos da política de direita, seja na Assembleia da República, na rua e no desenvolvimento da luta de massas. Essa luta que aí está com expressão concreta nas empresas e locais de trabalho, mas que se alarga a vários sectores e camadas.

Este é o elemento determinante para a resistência, mas também para a exigência de respostas, e defesa dos direitos e dos valores de Abril.

É hora de sair à rua em todo o lado e de afirmar as conquistas, os valores e o projecto de presente e de futuro, que é a Revolução de Abril.

Voltamos a apelar à participação massiva nas comemorações populares dos 50 anos do 25 de Abril. Abril é mais futuro, que se concretiza nesse Maio dos trabalhadores.

Façamos do 1.º de Maio um grande momento de afirmação das justas reivindicações dos trabalhadores.

Vamos travar a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, com os do costume a quererem levar o debate para longe da vida das pessoas e dessa forma tentar encobrir as responsabilidades – quer dos sucessivos governos, quer da UE - pela situação a que chegou o País.

Mas cá está a CDU para trazer a discussão para as consequências das opções da UE na vida de todos os dias e com a clareza de quem associa a defesa da soberania à luta por uma Europa dos trabalhadores e dos povos, de Paz, cooperação e progresso social.

Ao contrário de todos os outros, a CDU apresenta-se, de forma clara, pela soberania e a independência nacionais, pelo direito do povo a decidir do seu caminho.

Cá estamos com a coragem de quem não se resigna, de quem intervém para transformar, de quem faz frente aos grandes senhores do dinheiro e o sistema capitalista, cá estamos, esta força de Abril que por isso mesmo está e estará sujeita à hostilidade.

É esta coragem e esta força que faz falta no Parlamento Europeu, faz falta dar mais força à CDU, mais força a quem trabalha, aos que sentem a injustiça, a desigualdade, a discriminação, e aos que justamente se indignam.

É a CDU que faz e fez a diferença seja lá no Parlamento Europeu, seja cá no contacto directo e regular levado a cabo pelos deputados eleitos.

Questionem PS, PSD e CDS como se posicionaram os seus deputados em todas e cada uma das matérias que implicam na vida de todos nós.

Questionem o que lá andam a fazer e a quem servem esses deputados, aos quais agora se querem juntar Chega e IL.

Vamos para a batalha eleitoral do Parlamento Europeu a contar com todas as barreiras e mais algumas que nos querem impor, mas determinados e empenhados, e com experiência acumulada, para levar por diante uma grande jornada de esclarecimento e construir um resultado eleitoral da CDU.

Um resultado que, mais uma vez, depende de todos e de cada um, um resultado construido em cada conversa, em cada contacto, em cada empresa e local de trabalho, em cada escola e universidade, em cada sítio, em cada rua e localidade.  

Contemos com as nossas forças e com a nossa determinação, contemos com o povo e os trabalhadores, contemos com os muitos e muitos que, tal como nas anteriores eleições, se vão juntar à CDU.

Damos hoje o pontapé de saída para uma batalha de grande importância para a luta que aí está e que é determinante para construir, dia a dia, a alternativa que se impõe.

Também por isso é necessário reforçar o PCP e a CDU no Parlamento Europeu, dar força à Democracia, à Paz e à Soberania. 

Com confiança, sempre contigo para o que der e vier, cá estamos, ao lado dos trabalhadores, ao lado do povo, ao serviço do País, todos os dias e em todas as horas.

Vamos ao trabalho!

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