Intervenção de Libério Domingues, membro do Comité Central, Comício «Pôr Fim ao Desastre - Rejeitar o Pacto de Agressão»

Uma Greve Geral por um Portugal de Futuro!

Este grande comício da Organização Regional de Lisboa do PCP realiza-se num momento de grande exigência a todo o nosso colectivo partidário.

Um momento que exige o nosso máximo esforço, empenho e determinação!

Temos pela frente enormes desafios mas, hoje como sempre e em todos os momentos decisivos da vida do nosso país e do nosso povo, o Partido e os militantes comunistas estarão à altura e corresponderão sem hesitações, com firmeza e coerência, àquilo que os trabalhadores e o povo esperam deste partido e dos seus militantes.

Esperam, acima de tudo, que estejamos, como sempre, na vanguarda da organização da luta pela emancipação dos trabalhadores e pela melhoria das suas condições de vida, contra todas as formas de opressão ou exploração.

Vivemos hoje uma situação de um brutal agravamento da ofensiva das forças do capital que, de forma desenfreada, aceleram a exploração e empobrecimento dos trabalhadores e do povo, pondo em causa a soberania e o futuro do nosso país.

A região de Lisboa, à semelhança do país, está hoje mais empobrecida, mais injusta, mais desigual.

Uma Taxa de desemprego de 17,6% e de desemprego juvenil de 46%;

Um nível de precariedade que atinge 1 em cada 5 trabalhadores por conta de outrem;

Milhares de trabalhadores alvo de despedimentos colectivos;

72.000 postos de trabalhos destruídos em apenas 1 ano;

Uma taxa de pobreza que nos últimos 20 anos sofreu um aumento de 80%.

Foi a este estado e a esta gravíssima situação que nos conduziram 36 anos de política de direita levada à prática pelos sucessivos governos do PS, PSD e CDS, de total submissão aos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros, no plano nacional e internacional, dos sucessivos PEC’s e do pacto de agressão das troikas do capital (agora bem presentes nesta proposta de Orçamento de Estado para 2013).

Não admira, por isso, que os banqueiros reclamem a aprovação imediata deste orçamento, afirmando que a sua rejeição seria trágica.

Mas nós perguntamos: trágico para quem?

O que é uma verdadeira tragédia, camaradas, é hoje a vida de milhares de trabalhadores, de reformados e pensionistas que vivem abaixo do limiar de pobreza.

A vida de mais de 1 milhão e 400 mil desempregados, de milhares de jovens sem perspectivas de futuro.

Por isso eles têm pressa, têm mesmo muita pressa!

Porque a luta dos trabalhadores ganha força, porque se amplia, porque são cada vez mais aqueles que acreditam que é possível um rumo diferente para o nosso país e que há alternativas a este trágico caminho de destruição.

A demonstrá-lo, camaradas, estão as grandiosas demonstrações da adesão dos trabalhadores às lutas, sejam estas de grande ou pequena dimensão!

Porque eles têm medo da luta consequente e organizada dos trabalhadores! Das múltiplas lutas que todos os dias se travam nas empresas e nos locais de trabalho sob a bandeira dos sindicatos e da sua central sindical, verdadeiramente digna desse nome, a CGTP-IN, a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses.

E permitam-me camaradas que daqui saúde todos os trabalhadores que, de Norte a Sul do país, estão em luta contra a destruição dos direitos alcançados, contra a destruição da contratação colectiva, contra as tentativas de aplicação das alterações gravosas do código de trabalho constantes do acordo de traição aos trabalhadores, assinado pela UGT e de que seu Secretário-geral não tem vergonha de ser hoje o seu principal defensor.

Daqui saúdo, os trabalhadores da Administração Pública, dos mais diversos sectores (da saúde, do ensino, da justiça, da administração central lutam pela defesa dos seus direitos e dos serviços públicos: os trabalhadores da Administração local que lutam pelos seus direitos mas também pela defesa do poder local democrático.

Os trabalhadores da agência lusa e do Público; da Imprensa Nacional Casa da Moeda; Os trabalhadores da Petrogal; Os trabalhadores dos sectores do comércio e Serviços da hotelaria; Os trabalhadores do sector dos transportes, da CP, da CP Carga, da TAP, do Metro, da Carris, da Barraqueiro, da Scotturb e, neste último caso, camaradas, é uma luta também pelo exercício dos direitos sindicais e, por isso, daqui enviamos uma grande saudação e uma forte mensagem de solidariedade ao trabalhador e activista sindical que está a ser alvo de um processo disciplinar por assumir um direito que a constituição lhe consagra – o direito à greve.

Este é o dia a dia da luta, e é a partir desta realidade que se reforça a unidade e ampliam as condições para formas de luta de maior dimensão e de carácter mais geral, de que são exemplo a Grandiosa Manifestação de 29 de Setembro no Terreiro do Paço, que sendo das maiores praça da Europa, foi pequeno para tanto protesto, tanto descontentamento e tanta vontade de lutar pela rotura e pela mudança de política.

Assim como a Marcha Contra o Desemprego, que atravessando o país de norte a sul, recolheu apoios e abalou consciências nas vilas e cidades por onde passou.

Foi nesta realidade que se forjou a decisão da CGTP-IN de convocar para o próximo dia 14 de Novembro a Greve Geral. Uma greve geral que, assentando as principais razões da sua convocação na resposta dos trabalhadores à brutal ofensiva contra os seus direitos e a suas condições de vida e de trabalho, será também uma clara rejeição a esta política de destruição do aparelho produtivo, da economia nacional e fundamentalmente de exploração e empobrecimento dos trabalhadores e das camadas mais desfavorecidas da população.

Uma política que destrói as suas legítimas aspirações de viver numa sociedade e num país mais justo, mais solidário e soberano.

Por tudo isto, ao contrário do que alguns (esses sim cada vez mais isolados) pretendem insinuar, a CGTP-IN não está sozinha nesta Greve Geral!

Diria mesmo, está mais acompanhada do que nunca!

A Greve Geral é de Todos e para Todos os Trabalhadores!

É uma Luta Pelas novas gerações e Pelo Povo!

É uma Greve Geral por um Portugal de Futuro!

Esta greve geral é a resposta e a expressão de um enorme e profundo sentimento de revolta do povo e dos trabalhadores portugueses!

Uma greve geral que se molda e se constrói nos locais de trabalho, que se sente já no número de pré-avisos aprovados, abrangendo todos os sectores de actividade, nas muitas declarações de adesão já formuladas (mesmo da parte de sindicatos não filiados na CGTP-IN), nas centenas de moções de adesão vindas das empresas e locais de trabalho.

Camaradas, esta será uma grandiosa jornada de luta dos trabalhadores do nosso país!

Mas ainda há muito por fazer até ao dia 14 de Novembro.

É preciso garantir que todos os que estão com a greve geral, estejam efectivamente em greve geral no dia 14 de Novembro!

É preciso concretizar na totalidade tudo o que está planificado ao nível do esclarecimento e mobilização (e, devo dizer-vos que, apenas ao nível do distrito de Lisboa, estão marcados mais de 1000 plenários e contactos com os trabalhadores nos locais de trabalho).

É preciso preparar desde já e com o máximo de rigor as cerca de 2 centenas de piquetes de greve no nosso distrito, elementos de enorme importância para o êxito da Greve Geral.

É preciso encher de propaganda as ruas da cidade e dos concelhos de Lisboa!

É preciso garantirmos que no dia 14 de Novembro todos aqueles com quem contactamos no nosso dia-a-dia, estão na greve geral. Porque é também destes pequenos passos, destes pequenos contactos, que se constrói uma grande adesão!

É preciso ganhar a adesão de todas as camadas de população que estão a ser duramente atingidas com esta política: os desempregados, os reformados e pensionistas, os jovens, os micro e pequenos empresários.

Para que esta greve geral tenha não só uma poderosa expressão nos locais de trabalho, mas que se afirme também nas ruas e nas praças, nas manifestações que estão convocadas pela CGTP-IN em mais de 50 localidades no país! Que no dia 14 de Novembro os trabalhadores e a população de Lisboa estejam no Rossio e desfilem até à AR numa expressão de rua inequívoca do êxito da Greve Geral nos locais de trabalho!

As Lutas que travamos e que havemos de travar contam com o apoio e solidariedade do PCP, um apoio não meramente formal mas com o papel activo e empenhado dos seus militantes, na sua organização e na sua realização.

E por isto mesmo, permitam-me Camaradas uma saudação particular a todos aqueles que nos locais de trabalho, no confronto directo com o patronato, no dia a dia, assumem, com dignidade, firmeza e determinação as suas responsabilidades de militantes comunistas.

Sim camaradas, os trabalhadores e o povo sabem que podem sempre contar connosco!

E aqui estamos! Entregues à luta com todas as nossas forças, num momento como já disse de grande exigência mas, simultaneamente, de enormes potencialidades, tendo pela frente o trabalho de preparação e realização da greve geral convocada pela CGTP-IN para o próximo dia 14 de Novembro e a realização do XIX Congresso do nosso Partido.

Num caso e noutro, realizações da maior importância para os trabalhadores, para o povo e para o futuro do nosso país.

Sim camaradas! O nosso XIX Congresso é um momento da maior importância na vida do nosso partido, mas é mais do que isso. É também um momento de reafirmação do nosso projecto de sociedade e para o futuro de Portugal, reafirmação de que é possível outro caminho, um caminho que rompa decisivamente com a política de direita, que rompa com o pacto de agressão; que reponha o nosso país nos caminhos de Abril, que avance para o socialismo!

VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES!

VIVA A GREVE GERAL!

VIVA O PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS!