Dia Internacional da Mulher

Um dia contra a dupla exploração

«Não consegues vencê-los junta-te a eles», parece ser o lema que preside às comemorações do Dia Internacional da Mulher, que hoje se assinala. Nos jornais, as propostas são variadas e vão das massagens às flores, passando pela inevitável ida ao cinema e por um romântico jantar num restaurante um pouco mais fino – para eles oferecerem a elas. Em várias empresas são os próprios patrões a assinalar a data, oferecendo flores às trabalhadoras. Alguns, como o administrador da PT, acrescentou um espelho a tão generoso presente.

Se isto mostra, por um lado, que já ninguém consegue esconder a existência de um Dia Internacional da Mulher, revela também as tentativas de lhe retirar todo o conteúdo revolucionário que efectivamente possui: proposto há 100 anos pela revolucionária alemã Clara Zetkin, na segunda Conferência Internacional de Mulheres, em Copenhaga, a consagração do 8 de Março marcou uma nova etapa da luta das mulheres contra a exploração e pela emancipação económica, social e política.

O PCP resolveu assinalar a data com mais de cem acções de contacto com mulheres trabalhadoras, em empresas e locais de trabalho – sobretudo em sectores onde é predominante a mão-de-obra feminina. Numa dessas acções, à entrada dos serviços sociais do Banco Espírito Santo, participou Jerónimo de Sousa, que também ofereceu flores – cravos vermelhos de Abril. Em breves conversas que manteve, e nas declarações prestadas à comunicação social, o Secretário-geral do PCP realçou que «não há uma verdadeira emancipação da mulher se não lhe for reconhecida a igualdade no trabalho, no salário, nos direitos». Sem esta igualdade, a mulher não pode aspirar a uma maior participação na vida política e social.

Jerónimo de Sousa aproveitou para denunciar a situação de trabalhadoras contratadas através de empresas de prestação de serviços que, por essa razão, não têm o estatuto de bancárias, apesar de fazerem exactamente as mesmas funções. Por essa razão, para além dos vínculos precários, são discriminadas nos salários e em vários direitos. Isto passa-se num sector que apresenta lucros fabulosos.

No BES, especificamente, há casos de mulheres que, regressadas do gozo da licença de maternidade, deparam-se com uma despromoção das funções que antes realizavam.

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