Trabalhadores dos transportes prometem dura luta contra o Governo

Mais de cinco mil trabalhadores dos transportes e comunicações repudiaram hoje, na concentração de protesto, no Largo de Camões, em Lisboa, a ameaça de despedimentos, a destruição de direitos, de serviços públicos e as privatizações e fusões de empresas contidas no Plano Estratégico de Transportes do Governo, e o aumento do custo de vida. Antes de iniciarem um desfile até à residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, onde deram largas à sua indignação, os participantes aplaudiram a decisão dos sindicatos e das comissões de trabalhadores de realizarem plenários com paralisações, a 8 de Novembro, nas empresas do Grupo CP, Metro de Lisboa, Carris, Transtejo e Soflusa. Para dar continuação a uma luta que pretendem ampliar e endurecer, os participantes também se comprometeram a desenvolver esforços e contactos que garantam um grande sucesso na Greve Geral, marcada pelas centrais sindicais para 24 de Novembro. Manifestaram «inteira disponibilidade para combater qualquer tentativa de redução de salários, retirada de direitos e da contratação colectiva», como consta na moção, posteriormente entregue na residência oficial do primeiro-ministro, consensualizada por todos os sindicato da CGTP-IN, da UGT e independentes, e as comissões de trabalhadores das empresas representadas nesta acção. No Largo de Camões, o coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, da CGTP-IN, Amável Alves, interveio lembrando que o Governo está a empenhado num forte ataque contra os direitos dos trabalhadores do sector, com propostas «ainda mais graves» do que aquelas que tem anunciado para os restantes trabalhadores dos sectores público e privado. Salientando que «os trabalhadores dos transportes não têm qualquer culpa pelo défice existente nestas empresas», lembrou que essas dívidas são da responsabilidade dos governos anteriores que não lhes deram meios financeiros para investirem na modernização e manutenção, tendo-as obrigado a contrair empréstimos na banca. Igualmente vaiada pelos participantes foi a intenção do Governo de privatizar as partes e sectores rentáveis nestas empresas, mantendo no Estado ou extinguindo o que dá prejuízo e os encargos, mesmo tratando-se de serviços essenciais aos utentes e ao País. «Não estamos cá para sermos roubados por esta gente», acusou, entre forte aplausos, Amável Alves, que também lembrou as responsabilidades dos governos anteriores e do actual, por não terem transferido, para as empresas públicas, os dividendos resultantes dos passes sociais, tendo-os transferido para o sector privado, provocando um défice ainda maior nestas empresas. À tribuna chegou uma saudação da União Internacional dos Sindicatos dos Transportes (estrutura sindical mundial) e da central sindical de classe grega, PAME, a cumprir, também hoje, na Grécia, um segundo dia de greve geral contra um novo pacote de medidas de austeridade. Quando o desfile chegou a São Bento, os trabalhadores vaiaram fortemente o Governo, entre palavras de ordem. A acção foi saudada pelo deputado do PCP, Bruno Dias, que representando o Grupo Parlamentar comunista, teve calorosa recepção dos trabalhadores em luta. Antes desta acção, pela manhã, no Metro de Lisboa, participaram, num plenário geral, mais de 700 trabalhadores que aprovaram, por unanimidade, a decisão colectiva de lutar em defesa dos seus direitos e de um serviço público de transportes, ao serviço do povo e do País, garantindo a sua total adesão à greve geral, no próximo mês. «A luta continua!», garantiram antes de darem por finda a concentração, quando uma delegação sindical se encontrava na residência oficial de Passos Coelho, onde deixou a moção aprovada no fim da concentração.
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