Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre a situação no Rádio Clube Português

Sobre a situação no Rádio Clube Português

O PCP face à decisão do Rádio Clube Português de passar a emitir num novo formato a partir do próximo Domingo e de despedir 36 trabalhadores, considera esta situação semelhante a outras já registadas no 24 Horas e no Global Notícias, num processo em que os grupos económicos nesta área reforçam a concentração e agravam a exploração dos trabalhadores.

O anúncio por parte da administração da Média Capital Rádios – do grupo Media Capital, um dos principais no sector da comunicação social – de que as emissões do Rádio Clube Português passam no próximo Domingo, dia 11 para um formato descontínuo, com o respectivo despedimento de pelo menos 36 trabalhadores, constitui mais um exemplo do aproveitamento pelos grupos económicos da actual situação do país para intensificar a exploração dos trabalhadores, reduzir postos de trabalho, acelerar a acumulação de lucros.

A confirmar-se esta decisão, estaremos perante mais um passo no agravamento das condições de trabalho dos profissionais da comunicação social – desemprego, precariedade, baixos salários, intensificação e desregulação dos ritmos de trabalho – e na diminuição do pluralismo informativo, desportivo e cultural na comunicação social em geral e na rádio em particular.

A administração da Média Capital Rádios, que já em 2009 tinha procedido a um despedimento colectivo de 10 trabalhadores, invoca o quadro financeiro para tomar esta decisão, escondendo que ao longo dos últimos anos não apenas se têm mantido e até crescido as receitas publicitárias e o volume de negócios do grupo Media Capital, como têm sido distribuídos sob a forma de dividendos milhões de euros aos seus accionistas. Os lucros deste grupo económico têm sido de tal forma significativos - só nos últimos dois anos (2008 e 2009) foram distribuídos mais de 80 milhões de euros em dividendos aos seus accionistas – que desmentem cabalmente a tese das dificuldades financeiras invocadas para esta decisão.

Num momento em que esta situação no RCP se assemelha a outras registadas nas últimas semanas no sector encerramento do 24 Horas, do Global Notícias, etc. –, num processo que tem como perspectiva uma reconfiguração dos grupos económicos no sector da comunicação social, reforçando a sua concentração e agravando a exploração dos seus trabalhadores, o PCP reafirma a necessidade de uma política que, em ruptura com o actual rumo, garanta a melhoria das condições de trabalho dos jornalistas e restantes profissionais do sector e uma comunicação social independente e pluralista.

O PCP, ao mesmo tempo que manifesta a sua solidariedade com os trabalhadores do RCP e os incentiva a lutar pelos seus legítimos direitos, exige do Governo PS que tome as medidas adequadas para impedir o encerramento de mais uma empresa e o despedimento de mais 36 trabalhadores.

09.07.2010

A Direcção do Sector Intelectual de Lisboa do PCP

  • Cultura
  • Economia e Aparelho Produtivo
  • Trabalhadores
  • Central