Declaração de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral

Sobre os resultados das eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa

1. Uma primeira palavra devida, e merecida, de saudação à população de Lisboa e a todos os que reiteraram o seu voto e confiança na CDU e, muito em particular, às centenas de activistas da CDU que ergueram uma intensa campanha de esclarecimento e de consciencialização sobre os principais problemas da cidade e quem são os responsáveis pelo estado a que Lisboa foi conduzida pelas opções de direita.

2. O importante resultado obtido pela CDU – traduzido em cerca de 10 por cento dos votos e na eleição de dois vereadores – constitui uma expressiva afirmação da CDU e do seu projecto para a cidade. Num quadro mais vasto de candidaturas, a votação agora obtida confirma a CDU como a terceira força política na cidade e uma força de inegável influência, presença necessária e indispensável para a solução dos seus problemas e para a defesa dos interesses da sua população.

É, entretanto, necessário deixar anotado que a elevada abstenção registada nestas eleições é, para além de outros factores subjectivos, expressão do prolongado processo de descredibilização gerado pela actual gestão da autarquia e os casos que a envolveram, e é sobretudo sinal de um profundo desencanto e descontentamento com as políticas do Governo e as dificuldades que tem criado para a vida da população.

3. O resultado agora obtido pelo PS – a eleição de um presidente da Câmara Municipal de Lisboa, com a menor percentagem e número de votos de sempre,
correspondente à menor maioria de todas as maiorias obtidas no município – não pode deixar de ser lido para além do resultado autárquico em si. O perfil do candidato e o seu papel decisivo na condução e responsabilidade do PS e da sua acção no Governo não são comparáveis às leituras que decorreriam da presença de um outro candidato.

Numa situação em que PSD e CDS/PP acumularam o maior descrédito de sempre na cidade e em que seria presumível que o PS dele pudesse beneficiar, a votação do PS e de António Costa constitui, sem dúvida, quando comparada com o resultado obtido pelo PS nas legislativas de 2005 (42,5 por cento), uma significativa redução da base de apoio do PS e uma condenação da política do actual Governo.

A maioria relativa obtida pelo PS – perto de 30 por cento dos votos – fica manifestamente aquém das expectativas e da maioria clara, absoluta de facto, que havia reclamado. O resultado do PS confirma uma reduzida credibilidade política, decorrente não apenas do percurso de compromissos com a direita na autarquia da capital mas também pela política anti-social que prossegue no País.

Não é possível deixar de observar com alguma inquietação que o PS esteja tentado – como algumas das suas declarações e propostas o indiciaram, de que são exemplo os convites a proeminentes figuras da direita, como Júdice ou Nogueira Pinto, para exercerem funções de topo na gestão da autarquia ou em áreas com incidência directa na cidade –, a manter, no essencial, uma orientação encostada à direita e aos interesses que por detrás se animam e perpetuam.

4. A presença da CDU na Câmara Municipal confirma-se como a mais sólida garantia para a defesa dos interesses da população, para a afirmação de valores e propostas que o seu projecto alternativo e de esquerda comporta e para uma firme atitude em defesa dos direitos da cidade junto do Governo e da Administração Central.

Com a credibilidade que seu percurso de trabalho e de intervenção coerente lhe confere, a CDU reafirma a sua determinação para contribuir para o encontrar das melhores soluções que sirvam os interesses da cidade e da sua população, assentes numa clara e inequívoca ruptura com as opções políticas de direita, que arrastaram a cidade para a actual situação, e numa assumida afirmação da autonomia da autarquia.

Hoje, como em todo o passado de mais de três décadas de trabalho nas autarquias da cidade, a CDU representará, pela sua presença, uma contribuição positiva e uma participação activa nas soluções que melhor sirvam Lisboa e a mais sólida garantia de uma acção que assegure uma gestão transparente, norteada pela defesa do interesse público, próxima das populações e dos seus problemas.

Para lá deste mandato intercalar de dois anos, a CDU afirma-se como a força alternativa necessária à solução dos problemas de Lisboa.

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