Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre os lucros da GALP

Foram anunciados os lucros de 478 Milhões de euros, em 2008, na maior empresa petrolífera – GALP Energia, empresa maioritariamente de capitais privados, na qual o Estado é detentor de apenas 7% do capital. Destes lucros, 105 milhões de euros foram sacados dos bolsos dos trabalhadores, dos agricultores e pescadores, dos micro, pequenos e médios empresários porque, enquanto os preços internacionais dos combustíveis baixavam, a GALP Energia ia deixando passar os dias sem fazer repercutir esse abaixamento nos preços dos combustíveis no mercado nacional.

Posição bem diferenciada foi a que a GALP tomou quando o preço do barril de petróleo subia todos os dias, atingindo preços recorde, em que vendendo o combustível que tinha em stock, comprado mais barato, aumentou quase todos os dias o preço da gasolina e do gasóleo, ganhando com isso milhões de euros. Só no primeiro semestre de 2008 arrecadou 316 milhões de euro pelo “efeito Stock”.

Numa situação de recessão económica em que se impunham entre outras medidas, como o congelamento ou redução dos preços da energia, o reforço dos apoios ao gasóleo verde para a agricultura e as pescas, a concretização do gasóleo profissional para os transportes colectivos rodoviários de passageiros, para os subsectores do táxi, reboques e pequena camionagem de mercadorias, medidas de apoio e estimulo à competitividade do tecido produtivo nacional, a GALP prepara-se para, em Maio, distribuir novos dividendos aos seus accionistas, a somar aos que em Outubro do ano passado já tinham recebido por antecipação.

O recurso crescente à mão-de-obra dos empreiteiros, barata e sem os mesmos direitos dos restantes trabalhadores do Grupo, apesar da maioria ocupar postos de trabalho permanentes é também um factor de acumulação de capital, à custa da exploração dos trabalhadores contratados.

Como o PCP tantas vezes tem afirmado, este sector estratégico nunca deveria ter saído das mãos do Estado para ser entregue à exploração de grupos privados que se apropriam da riqueza produzida. As privatizações, as reestruturações, as liberalizações do mercado, da responsabilidade da política de direita dos governos do PS e PSD, resultaram em graves prejuízos para a economia e soberania nacionais.

Por isso, o PCP, que entretanto pediu a audição parlamentar, com carácter de urgência, do presidente executivo da Galp, defende que o Governo PS/ Sócrates desista de alienar os 7% que ainda detém no capital da GALP e que, em nome da defesa dos interesses nacionais, ela retorne ao Sector Empresarial Público, colocando-a ao serviço do Povo e do País.

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