Intervenção de

Sobre a empresa ROHDE<br />Intervenção de Jorge Machado

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados A ROHDE, multinacional alemã do calçado, na sua unidade de Santa Maria da Feira emprega cerca de 15000 trabalhadores na sua grande maioria mulheres. Esta multinacional, que recebeu do Estado Português avultados incentivos públicos, e dos trabalhadores da ROHDE inúmeras horas de dedicação e empenho a favor da empresa, tem vindo a adoptar um comportamento no mínimo vergonhoso. Com o objectivo de aumentar, a todo o custo, as suas margens de lucro e desprezando a sua função social, esta empresa ameaça os trabalhadores com a deslocalização para a Roménia, colocando o lucro acima do flagelo social e sofrimento humano que esta medida pode provocar. Quanto a esta matéria, o Ministro do Trabalho em resposta a um requerimento do PCP apenas mostra preocupação pela formação profissional dos eventuais desempregados, dando assim como adquirida a deslocalização e o consequente desemprego. Para o PCP não é aceitável que esta empresa que recebeu avultados benefícios e incentivos públicos para se instalar em Portugal uma vez esgotados esses benefícios pretenda abandonar o nosso país, deixando um lastro de desemprego, para partir em direcção a novos benefícios num outro país qualquer. Esta ofensiva tem vindo a ser denunciada e combatida pelo PCP mas também pelos trabalhadores que lutam pelos seus postos de trabalho. Neste sentido, e ao contrário do Governo, não poupamos esforços e articulamos a nossa intervenção, quer a nível nacional quer na Comunidade Europeia, com a luta dos trabalhadores. Estamos onde sempre estivemos, com os trabalhadores da ROHDE para com eles lutar contra a deslocalização, lutar contra o desemprego e lutar pela defesa do aparelho produtivo nacional. Outro caminho é possível, o desemprego não é um dado adquirido, a ROHDE e a industria do calçado têm futuro em Portugal para que isso aconteça basta que o Governo empreenda algum esforço e tome medidas para a defesa do aparelho produtivo, esforço que infelizmente não temos vindo a assistir. Infelizmente os trabalhadores da ROHDE enfrentam uma outra luta. A empresa anunciou mais uma vez o recurso a lay off. Com esta é já a segunda vez que o faz este ano. ambém quanto a esta matéria os sucessivos Governos nada têm feito, apesar de inúmeros requerimentos e chamadas de atenção por parte do PCP, a utilização ilegal e imoral do mecanismo da lay off é uma prática nesta empresa. Na realidade esta empresa tem utilizado este mecanismo desde o ano 2000 e não poucas vezes mais do que uma vez ao ano. Senão vejamos, ao longo dos últimos anos foram vários os processos de lay off, 823 trabalhadores em Outubro de 2001, cerca de 1000 trabalhadores em Setembro de 2002, cerca de 750 trabalhadores em Fevereiro de 2003, 747 trabalhadores em Maio de 2004 e este ano o lay off de Junho implicou cerca de 900 trabalhadores tendo a empresa anunciado mais dois lay off um para Outubro e outro a decorrer entre Novembro e Janeiro de 2006. Para justificar o recurso a lay off esta empresa utiliza como argumentos, desde os ataques terroristas em 2001 até a crise do mercado alemão ao mesmo tempo que exige elevados ritmos de trabalho. Com este mecanismo esta empresa e mais uma vez desprezando o sofrimento humano, uma vez que a utilização deste mecanismo implica a redução em cerca de 30% dos já magros salários dos trabalhadores, arrecada mais lucros desta vez a custa dos salários. Contudo não são só os trabalhadores os prejudicados pela utilização da lay off, a segunda vitima deste abuso é o orçamento da Segurança Social que suporta assim um custo totalmente ilegítimo. Assim esta empresa, qual sanguessuga, vive uma boa parte do ano à custa da redução dos salários dos trabalhadores e à custa do orçamento da Segurança Social. Não é aceitável que esta empresa utilize ano após ano estes mecanismos e não seja fiscalizada, não é aceitável que não se ponha cobro a esta situação, que só acontece porque também aqui o Governo consente. Mais uma vez reiteramos estamos nesta luta aonde sempre estivemos com os trabalhadores. Os trabalhadores da ROHDE e muitos outros já sabem que não podem contar com o Governo mas podem confiar na participação activa e empenhada do PCP pela defesa dos direitos dos trabalhadores e na luta pela construção de uma sociedade mais justa. Disse

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