Nota da Comissão Política do Comité Central do PCP

Sobre a decisão do PS de retirar o seu apoio à CDE de Lisboa

O PCP tornou conhecimento, através do Diário de Noticias de hoje, de um comunicado do Partido Socialista relativamente ao Movimento Democrático Português, onde o PS anuncia a decisão de retirar o seu apoio à CDE de Lisboa, “enquanto a CDE de Lisboa não declarar, e agora explicitamente, que não disputará as eleições para a Assembleia Constituinte”.

O PCP entende dever manifestar a sua surpresa por tal decisão, que não é de molde a reforçar a unidade das forças democráticas, particularmente necessária num clima político marcado por várias tentativas da reacção para passar à ofensiva.

O PCP considera também dever assinalar que nada justifica o tom utilizado e as exigências colocadas pelo comunicado do PS em relação a um movimento que tanto nas condições do fascismo como depois do 25 de Abril deu poderosa contribuição à luta pelas liberdades, o fim da guerra colonial e outros objectivos centrais da luta do nosso povo. Não se compreende que se classifique de organizações dependentes da CDE de Lisboa o Movimento da Juventude Trabalhadora e o Movimento das Mulheres, que, como é sobejamente conhecido, são organizações independentes de carácter unitário, com as suas próprias direcções representativas e os seus próprios objectivos de luta.

O PCP considera ainda um tanto estranho que um partido torne como acto hostil para consigo o facto de tal ou tal organização democrática admitir a possibilidade de “disputar” as eleições para a Assembleia Constituinte.

O PCP manifesta a sua solidariedade e o seu apoio ao Movimento Democrático Português, e em especial à CDE de Lisboa, bem como às outras organizações atingidas — Movimento da Juventude Trabalhadora e Movimento Democrático das Mulheres — no comunicado do Partido Socialista.

O PCP insiste no importante papel que o MDP e a CDE, com a sua larga base popular e a ampla participação de portugueses das mais variadas tendências, continuará a desempenhar na actual situação política e na construção de um Portugal democrático, próspero e independente.