Pergunta ao Governo N.º 2699/XI/2

Situação Social da Empresa “Rodoviária da Beira Litoral”

Situação Social da Empresa “Rodoviária da Beira Litoral”

Os trabalhadores do Grupo Transdev realizaram uma greve no dia 11 de Fevereiro pela defesa da contratação colectiva e do aumento dos salários; contra o congelamento de salários; pela não discriminação dos trabalhadores contratados através de empresas de sub-contratação de mão-de-obra; pela defesa do contrato sem termo dos trabalhadores da Rodoviária da Beira Litoral contratados a tempo parcial.
O Grupo Transdev e o Governo através dos Ministérios dos Transportes e Obras Publicas, e do Trabalho e da Solidariedade Social, decretaram por despacho, mais uma vez injustamente, serviços mínimos. É escandaloso que se convoque um número tão elevado de motoristas (30) para a “prestação de serviços mínimos”.
Os argumentos para decretar serviços mínimos são frágeis e facilmente rebatíveis recorrendo à prática da própria empresa. Desde logo o argumento da preocupação com os utentes que não tem alternativa de transporte é bastante frágil, pois em anteriores greves, sem decretar serviços mínimos, a empresa deslocou os trabalhadores que não aderiram à greve para satisfazer a realização dos Expressos, deixando por fazer as carreiras sem alternativa.
Na Greve de 11 de Fevereiro a empresa deslocou trabalhadores não aderentes para fazer os Expressos e requisitou trabalhadores de serviços mínimos para fazer outras carreiras. Houve trabalhadores escalados para trabalhar, ao afirmarem que faziam greve foram postos de folga. A empresa requisitou trabalhadores ao abrigo dos serviços mínimos que escalou ilegalmente para além do horário fixado no despacho. Não foi afixada a listagem dos trabalhadores escalados para serviço. Todas estas situações são violações da legislação laboral e do direito à greve.
Na véspera da Greve a empresa terá deslocado diversas equipas de chefias a casa dos trabalhadores, para de forma intimidatória proceder à sua requisição para os serviços mínimos, entregando-lhes o despacho do Governo apensado com uma carta da empresa.
O grupo TRANSDEV desde há vários anos que não contrata motoristas para a Rodoviária da Beira Litoral (RBL), tendo vindo a servir-se de diversas pequenas empresas que adquiriu para funcionar como empresas de sub-contratação de mão-de-obra barata, sendo que os alvarás da concessão de carreiras são propriedade da RBL. A TRANSDEV não tem cumprindo com o instrumento de regulamentação colectiva de trabalho em vigor e recusando-se sempre a negociar qualquer reposição salarial desde há anos, praticando aumentos abaixo da inflação e recusando em 2010 qualquer actualização.
Num momento histórico de profunda crise económica e social o actual Governo PS com o apoio do PSD e CDS tem desenvolvido uma política de ataque aos direitos individuais e colectivos dos trabalhadores, agravando a exploração, promovendo os baixos salários e a precariedade, fragilizando a situação dos trabalhadores e reforçando o poder do patronato.

Assim, ao abrigo do disposto na alínea d) do Artigo 156º da Constituição da República Portuguesa e da alínea d), do n.º 1 do artigo 4º do Regimento da Assembleia da República, solicitamos ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, os seguintes esclarecimentos:
1- Tem esse Ministério conhecimento da situação relatada?
2- Que medidas vai tomar, nomeadamente através da ACT, para apurar as situações relatadas e garantir o cumprimento do direito constitucional à greve?
3- Como justifica a não afixação da lista dos trabalhadores escalados para garantir os serviços mínimos?
4- Como justifica o facto da RBL recorrer a outras empresas para satisfazer necessidades permanentes?
5- Que medidas pretende tomar para garantir o cumprimento do instrumento de regulamentação colectiva de trabalho em vigor na RBL?

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