Intervenção de

Situação e as perspectivas futuras da Alcoa Fujikura Portugal e dos seus trabalhadores<br />Intervenção de Francisco Lopes (sessão de perguntas ao Governo)

Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado Adjunto, da Indústria a da Inovação,Além das dificuldades do sector têxtil, vestuário e calçado, há um vasto conjunto de sectores de actividade, com destaque para o sector automóvel e de material eléctrico e electrónico, baseados em multinacionais, que, em regra, receberam incentivos para se instalarem no País, que estão a sofrer o impacto da destruição de empresas, liquidação de postos de trabalho, pressão para rescisões forçadas e ameaças de despedimento colectivo. Em muitos casos, estão a ser promovidas deslocalizações totais ou parciais da produção. São os casos, entre outros, da Yasaki Saltano, com a ameaça de despedimento, com justificação em problemas de mercado e deslocalização da produção para a Eslováquia e para a Turquia, e da Alcoa Fujikura Portugal. A unidade da Alcoa Fujikura, situada no concelho do Seixal, já teve mais de 3000 trabalhadores e neste momento tem mais de 1000. Esta unidade representa muito para as pessoas que ali trabalham, pois dela depende a subsistência de milhares de pessoas, além da sua importância para as actividades do comércio e serviços na zona envolvente e mesmo para a economia nacional. A Alcoa Fujikura quer de imediato a redução de 500 postos de trabalho, mas prepara-se para encerrar a fábrica a curto prazo, se nada for feito para o impedir, deixando no desemprego mais de 1000 trabalhadores, 20% dos quais com tendinites e doenças crónicas, que criarão aos trabalhadores grandes dificuldades para arranjarem um novo emprego. Neste processo, é invocada a redução da produção do monovolume da Autoeuropa para quem a Alcoa fornece as cablagens. No entanto, a Alcoa ganhou, com base nos padrões de qualidade na sua fábrica do Seixal, o fornecimento das cablagens para o novo modelo que vai ser produzido na Autoeuropa e quer agora deslocalizar esta produção para a República Checa e para a Roménia. Perante esta situação, Sr. Secretário de Estado, o que está o Governo a fazer e o que se propõe fazer para salvaguardar a manutenção desta e de outras unidades e dos respectivos postos de trabalho, salvaguardando a sua importância económica, inequívoca, para o País? Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado Adjunto, da Indústria e da Inovação,A sua referência merece-me a melhor atenção. Agora, a melhor atenção, quer relativamente a Alcoa quer a todo o sector das cablagens, não pode ser apenas aquilo que afirmou. É necessária uma maior clareza relativamente àquilo que o Governo se propõe fazer, não apenas no que concerne aos aspectos de prevenção de situações de desemprego, porque a questão essencial que está colocada, neste momento, é a da defesa dos postos de trabalho e da actividade produtiva, seja salvaguardando pela manutenção da produção de cablagens para a Autoeuropa que sempre foi feita a partir desta unidade, seja relativamente à integração de novas produções. Em suma, é preciso uma maior clareza por parte do Governo sobre aquilo que se propõe fazer, sobre aquilo que efectivamente vai adiantar, para que não haja mais este problema grave, em termos sociais e em termos económicos.

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