Intervenção de Inês Zuber no Parlamento Europeu

Rumo a uma recuperação geradora de emprego

Este pacote da Comissão Europeia defende a redução dos encargos do capital com as contribuições para a segurança social dos trabalhadores, ou seja, defende a redução dos custos com o trabalho, a descapitalização dos sistemas de segurança social, abrindo caminho à sua privatização e ao roubo dos trabalhadores por esta via. Para onde diz a CE que se deve canalizar a constituição de empresas? Para esse novo sector de “oportunidade” a que chamam “economia social” e “empresas sociais”, o que significa a substituição dos serviços públicos encerrados, transformando direitos das populações em oportunidades de negócios. A CE defende ainda a fixação de salários em função da “produtividade”, "fórmula mágica" para colocar em cima dos trabalhadores as “responsabilidades” pelo desempenho empresarial. O pacote de medidas brinda-nos com algumas outras pérolas como a necessidade de aumentar a flexibilidade do horário de trabalho, a implementação de bancos de horas e com o apelo à criação de condições que “favoreçam” a mobilidade dos trabalhadores – ou seja, promove a emigração como solução para a falta de emprego. Como pode alguém aplaudir um pacote da CE a promover a criação de trabalho quando é a própria que defende os despedimentos no sector público em vários países? A Comissão Europeia pode agora estar a tentar ter uma retórica social, mas as suas políticas agravaram a recessão e, com isso, o desemprego. Exigimos o fim das políticas neo-liberais e ditas de austeridade. A Europa necessita de uma recuperação que passa pelo investimento no sector público e no aumento de salários, única forma de criar empregos e crescimento económico, reduzindo a dependência económica dos países periféricos e, desta forma, a dívida pública.

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