Projecto de Resolução N.º 1307/XII/4.ª

Recomenda ao Governo que reforce os meios humanos no Instituto Nacional de Emergência Médica

Recomenda ao Governo que reforce os meios humanos no Instituto Nacional de Emergência Médica

Os profissionais de saúde que desempenham funções no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) há muito que vêm denunciando a enorme carência de trabalhadores no Instituto. Obviamente que essa carência de profissionais de saúde tem tradução na redução de capacidade do INEM na atempada resposta e no socorro às populações.

O Grupo Parlamentar do PCP tem questionado o Governo sobre esta matéria (Pergunta nº 1847/XII/3ª e Pergunta nº 963/XII/4ª), sem ter obtido até ao momento qualquer resposta. Também propusemos a realização de um conjunto de audições (Presidente do INEM, Comissão de Trabalhadores do INEM, Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência e Sindicato dos Enfermeiros Portugueses) em sede de Comissão Parlamentar de Saúde que foram rejeitadas pelos partidos que suportam o Governo, PSD e CDS-PP, impedindo que a Comissão cumpra as suas responsabilidades em matéria de fiscalização da atividade do Governo na área da saúde e que encontre soluções para os problemas que atingem o INEM e os respetivos trabalhadores.

Segundo o Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE), o mapa de pessoal do INEM prevê para 2015, 938 Técnicos de Ambulância de Emergência (TAE) e 296 Técnicos Operadores de Telecomunicações de Emergência (TOTE) mas tem somente 770 TAE para garantir a operacionalidade das ambulâncias e 185 TOTE nos Centros de Orientação de Doentes urgentes (CODU). Isto significa que estão em falta, pelo menos, 168 TAE e 111 TOTE.

Perante esta realidade, a recente abertura de concurso público para a contratação de 85 TAE fica muito aquém das necessidades.

Dada a enorme carência de profissionais de saúde no INEM, nomeadamente de TAE e de TOTE, os trabalhadores estão exaustos e em situação de esgotamento, situação que pode inclusivamente comprometer a segurança e a resposta do INEM.

Chegaram-nos inclusivamente relatos de profissionais de saúde que trabalham 22 dias consecutivos, sem dias de descanso, para evitar que as ambulâncias fiquem paradas.

E a carência de profissionais nos CODU já teve consequências no aumento do tempo de atendimento das chamadas de emergência, assim como no número de chamadas perdidas sem atendimento. A situação nos CODU é de tal forma caricata que num dia normal de trabalho estão sete TOTE mas na eventualidade de uma greve os serviços mínimos preveem a presença de 15 TOTE!

A abertura de concursos internos não resolveu a carência de profissionais no INEM. O que é preciso e o que é urgente é que se abram os concursos públicos externos para a contratação dos profissionais de saúde em falta, preenchendo todos os postos de trabalho previstos no mapa de pessoal.

Para a emergência médica ser eficaz e eficiente tem que ter recursos humanos e materiais suficientes, adequados, trabalhadores motivados e com condições de trabalho. Ora, a falta de profissionais pode comprometer seriamente a resposta de socorro, pelo que urge contratar os profissionais em falta e corrigir os problemas que originam o stress e exaustão detetados nos trabalhadores do INEM.

Assim, tendo em consideração o acima exposto e ao abrigo da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, os Deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PCP propõem que a Assembleia da República adote a seguinte:

Resolução

Nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, a Assembleia da República recomenda ao Governo que:

1. Reforce os meios humanos no INEM através da abertura de concursos públicos externos para a contratação dos profissionais de saúde em falta, nomeadamente de Técnicos de Ambulância de Emergência e de Técnicos de Operadores de Telecomunicações de Emergência, de acordo com o mapa de pessoal da instituição para 2015.

2. Garanta condições de trabalho que assegurem o cumprimento de todos os direitos destes profissionais de saúde.

Assembleia da República, em 12 de março de 2015

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