Intervenção de

Protesto dos professores - Intervenção de Miguel Tiago na AR

 

A situação da escola portuguesa e o protesto dos professores no dia em que fazem greve às aulas

Sr. Presidente,
Sr.ª Deputada Cecília Honório,

De facto, perante uma greve com a dimensão da que presenciamos hoje é merecida a alusão à luta dos professores e também é bem merecido que cada vez mais se relacione esta luta que os professores estão a travar pela sua dignidade, pelos seus direitos, com a defesa da escola pública, porque está cada vez mais subjacente à luta dos professores a defesa dos princípios da escola pública, que este Governo, com o óbvio contributo do Ministério da Educação, teima em tentar subverter.

O que está aqui em causa é exactamente a subversão do papel do sistema educativo, feita, em primeiro lugar, com um ataque cerrado aos direitos dos professores. Uma vez mais, os números e a mobilização dos professores provam que a tentativa de manipulação pública que o Ministério faz sistematicamente não «cola» com a realidade.

Veio aqui a Sr.ª Ministra, de uma forma claramente irónica e provocatória, dizer: «Desculpem os professores porque vos obrigámos a trabalhar um bocadinho, pedimos desculpa por isso».

Aqui está a prova de que os professores estão, além de qualquer episódio, unidos em torno de uma luta contínua pelos seus direitos e do respeito que devem merecer do Governo.

Hoje, de facto, é mais fácil encontrar uma «agulha num palheiro» do que um professor nas escolas a dar aulas, é mais fácil encontrar uma «agulha no palheiro» do que um professor que não faça greve.

Como dizia há pouco, esta manipulação da opinião pública é muito importante.

Tentou a Sr.ª Ministra fazer crer que a luta dos professores era separada dos interesses da população e, então, tentou isolar os professores, virando-os contra a opinião pública.

Até porque a ofensiva deste Governo se dirige a todas as camadas trabalhadoras da população, a prova de que conseguem capitalizar uma unidade muito assinalável em torno das suas «bandeiras» de luta é esta greve massiva.

Quero deixar claro que este Ministério tem dito várias vezes que está disponível para negociar e o que é certo é que nega o primeiro passo, que é suspender.

Não se pode dizer que se está pronto para negociar se não se pára de «disparar» contra o escolhido «inimigo» e, neste caso, os «inimigos» do Ministério foram os professores.

A situação é clara: a suspensão é o único caminho e o PS está isolado nesta Assembleia, tendo em conta, inclusivamente, que existem, curiosamente, projectos de resolução para a suspensão da avaliação dos professores.

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