Declaração de voto de João Ferreira no Parlamento Europeu

Projecto de acordo internacional relativo a uma união de estabilidade orçamental - Conclusões do Conselho Europeu

A discussão e a votação desta resolução, não sendo surpreendentes, são clarificadoras. Mostrando maior ou menor indignação, face à manifesta ilegalidade e ilegitimidade deste acordo e à forma como o parlamento foi desprezado em todo o processo, os principais grupos políticos preparam-se agora para o caucionar, exigindo apenas pias garantias de que será respeitado, no futuro, o que agora foi desrespeitado.

A ênfase colocada nas reservas ou divergências quanto à forma como o acordo foi alcançado, não esconde a aceitação do seu intolerável conteúdo. Estamos perante um autêntico golpe, através do qual se pretendem constitucionalizar e eternizar as políticas de autêntico retrocesso civilizacional que puseram em marcha em vários países, como Portugal.

Reproduzindo o discurso de Merkel e de Sarkozy, quer o presidente da Comissão Europeia, quer os grupos políticos habituais - direita, liberais, verdes e social-democracia - com naturais (mas acessórias) cambiantes, vieram aqui defender o conteúdo do acordo. É elucidativo como logo no primeiro ponto se defendem os objectivos do acordo, pondo apenas em causa o modo como os mesmos serão alcançados. No fundo, Comissão e Parlamento remetem-se ao seu papel de mero adorno da arquitectura institucional da UE, autênticas caixas de ressonância das orientações que emanam de quem verdadeiramente manda: o directório franco-alemão, cada vez mais hegemonizado pela Alemanha.

  • União Europeia
  • Declarações de Voto
  • Parlamento Europeu