Intervenção de Jorge Machado na Assembleia de República

Petição n.º 165/XIII/1ª— Solicitam que a Força Aérea Portuguesa volte a combater diretamente o flagelo dos incêndios nas florestas portuguesas

Sr. Presidente,
Srs. Deputados,

Começo, naturalmente, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, por saudar os mais de 32 000 peticionários que colocam o problema do combate aos incêndios e da utilização dos meios da Força Aérea nesse mesmo combate.

A utilização de meios da Força Aérea no combate a incêndios não é uma questão nova e sucessivos governos foram degradando aquela que era a capacidade que a Força Aérea poderia ter neste âmbito.

Mas, mais do que degradar a capacidade de resposta da própria Força Aérea, sucessivos governos foram degradando e privatizando todos os meios aéreos, a sua manutenção e também a sua gestão operacional.

O que aconteceu com os Kamov, o vergonhoso processo dos Kamov demonstra bem que tem de ser posto termo ao processo de privatização de meios e manutenção dos equipamentos e é importante arrepiar caminho nessa matéria.

O PCP defende que o Estado português deve garantir os seus meios próprios e a sua própria manutenção para os meios aéreos de combate aos incêndios.

Dito isto, entendemos que a Força Aérea deve, em primeiro lugar, reganhar capacidades, trata-se de reganhar capacidades que foram perdidas, para colaborar no combate aos fogos sob tutela da proteção civil. E a palavra-chave, no plano constitucional, que nos obriga a repetir é a palavra «colaboração».

Não é substituição, não é assunção, por parte da Força Aérea, de missões e atribuições que não são suas e que constitucionalmente não podem ser suas mas, sim, colaboração com os meios de proteção civil e com as missões de proteção civil.

Nesse sentido, colocamos esse mesmo enfoque na questão da colaboração e não da proteção civil e, portanto, não vemos nenhum problema em que a Força Aérea, em colaboração com os meios de proteção civil, possa desempenhar funções sob a tutela e a orientação das autoridades civis nesse combate aos fogos, tendo em conta essa mesma ressalva.

Mas fundamental mesmo é que o Estado português assegure a capacidade, os meios aéreos para acabar com o regabofe dos privados que PSD e CDS-PP promoveram durante muitos e muitos anos.

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