Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE

PCP rejeita Orçamento Comunitário para 2012

Os deputados do PCP ao Parlamento Europeu (PE) consideram que este Orçamento segue os mesmos caminhos das políticas neoliberais, militaristas e federalistas da União Europeia e não responde às necessidades dos povos, acentuando as divergências e ignorando as consequências da grave crise do capitalismo. Ausentes estão as medidas que eram necessárias para a promoção da justiça social, do emprego, das condições de vida digna das populações, da solidariedade e da cooperação.

Entre muitos aspectos preocupantes, os deputados do PCP destacam o seguinte:
1- O Orçamento comunitário para 2012 aponta para um tecto de 1,02% do Rendimento Nacional Bruto (RNB) comunitário (em pagamentos) quando o Quadro Financeiro Plurianual 2007-2013, já de si extremamente exíguo, previa 1,08% do RNB comunitário, para 2012. Temos, portanto, uma redução de 8216 milhões EUR em termos de pagamentos, ou seja, menos 5,81 %.

2- Com apenas cerca de 130.000 milhões de euros para pagamentos em 2012, estão a inviabilizar qualquer coesão económica e social, o que é ainda mais grave no contexto dos programas de agressão contra os países alvo dos programas FMI-UE.

3- São lamentáveis os cortes propostos pelo Conselho à proposta da Comissão na ordem dos 1,59 mil milhões EUR (-1,08%) em autorizações e 3,65 mil milhões EUR em pagamentos (-2,75%), num orçamento global já de si bastante exíguo e que, em termos reais e percentuais, tem valores inferiores a outros anos, tratando-se de uma clara imposição e transposição prática dos interesses dos países mais poderosos da UE à custa dos países de economias mais frágeis, imputando-lhes a responsabilidade de suportar os custos económicos e sociais decorrentes destas políticas.

4- É alarmante a forma como é aumentado o financiamento para a execução de políticas lesivas para países e populações dentro e fora da UE, como é o caso da repressão da imigração - por exemplo, o aumento de 13,7% do fundo para fronteiras externas, Frontex - do intervencionismo e ingerências externas e do militarismo, como são os casos das rubricas do serviço europeu de acção externa (aumento de 5,29%) e da subcategoria "UE como actor global" (fundo de garantia para acções externas, Política Externa de Segurança Comum, entre outras) que viu aumentada a sua verba em 8,05%.

5- Na subcategoria "Coesão para o crescimento e o emprego", são inaceitáveis as reduzidas verbas, dado ser uma área prioritária para apoiar países mais atingidos pela crise.

6- Relativamente ao orçamento do Parlamento, lamenta-se que haja um corte de 21 milhões de euros nos serviços de interpretação e tradução, o que é uma ameaça séria e inaceitável ao princípio do multilinguismo e aos postos de trabalho de muitos trabalhadores cuja função é imprescindível ao funcionamento do PE e à defesa do multilinguismo.

Propostas do PCP que foram rejeitadas
No seguimento de propostas apresentadas nas Comissões parlamentares, também em plenário os deputados do PCP apresentaram alterações à resolução sobre o Orçamento, visando rejeitar o Pacto de Estabilidade (PEC) o Pacto para o euro mais, os programas ditos de austeridade, designadamente os programas impostos aos países com a dita "assistência financeira", assim como a via militarista e neoliberal da UE.
Igualmente insistiram em novas políticas e verbas que fomentem a coesão económica e social, na criação de um Programa de Emprego e Progresso Social que aposte na produção, no desenvolvimento dos serviços públicos, na criação de emprego com direitos e na erradicação da pobreza.
Exigiram também o aumento significativo do orçamento da UE e a alteração das suas prioridades, com o objectivo de caminhar para uma efectiva coesão económica e social, pressupondo uma melhor capacidade de absorção dos fundos comunitários por parte dos países com maiores debilidades financeiras.

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