PCP junta mais de 5 000 em Lisboa contra as injustiças

Mais de cinco mil pessoas participaram, quinta-feira, num desfile, pela Baixa lisboeta, promovido pelo PCP, contra as políticas de austeridade do Governo. No final, Jerónimo de Sousa afirmou que é possível e necessária «uma política patriótica e de esquerda» para acabar com a «instabilidade, com o retrocesso social e o declínio nacional», que PS, PSD, com ou sem o CDS-PP, arrastaram o País. O Secretário-geral do PCP apelou ainda à participação de todos no «dia nacional de protesto e de luta», convocado pela CGTP-IN, que ficará marcado, no dia 8 de Julho, com manifestações e greves por todo o País.

Uma grande iniciativa de massas, pelos direitos e interesses do povo, que se vai estender, hoje, sexta-feira, em Évora, e no sábado, no Porto.

As bandeiras rubras, empunhadas com orgulho pelos comunistas, inundaram, quinta-feira, ao final da tarde, a Praça do Rossio, em Lisboa. Dos altifalantes dos carros de som ouviam-se músicas de intervenção e de luta, com mensagens que ainda hoje continuam a ter sentido, face às medidas impostas pelo PS, com o apoio do PSD, que agravam a exploração, empobrecem os trabalhadores e o povo português.

À hora marcada, por volta das 18.30 horas, aquele «mar» de gente, sob o olhar atento e curioso de todos aqueles que ali passavam vindos do seu trabalho, iniciaram o desfile que terminou na Rua Augusta. «Assim se vê, a força do PCP», «o custo de vida aumenta, o povo não aguenta», «o País não se endireita com a política de direita», «isto assim vai mal, novo rumo para Portugal», «o PEC está mal, só interessa ao capital», «é preciso, é urgente, uma política diferente», «o público é de todos, o privado só de alguns», «os trabalhadores passam mal para encher o capital» foram algumas das palavras de ordem entoadas, de viva-voz, durante o percurso, que passou pela Rua da Prata e pela Rua do Ouro, e que recebeu o apoio e a solidariedade dos lojistas que ali trabalham, muitos deles precários.

A terminar aquela grande acção de luta, interveio Jerónimo de Sousa. «Mais uma vez o PCP honra a palavra, lutando pelos direitos e interesses do nosso povo contra a situação que o País vive», salientou, lembrando que aquela iniciativa «decorre num quadro de uma violenta ofensiva, onde se revelam todas as contradições de um sistema injusto e desumano como é o capitalismo e a política de direita que em Portugal lhe dá expressão».

Para ilustrar a situação, o Secretário-geral do PCP falou do ataque aos salários e das pensões e condenou o aumento dos preços do leite, do pão, dos medicamentos, da electricidade e dos transportes, aliados ao corte no subsídio de desemprego e nas prestações sociais.

«Mentem [PS e PSD] quando dizem que há justiça e equidade nestas medidas. Injustiças e sacrifícios só para aqueles que não foram nem são responsáveis pela crise. Para os grupos económicos ficam os lucros, os milhões de benefícios fiscais, o banquete das privatizações, a paralisia e cumplicidade com a saída ilegal de muitos milhões que repousam nos paraísos fiscais», acusou, lembrando que esta semana «o Governo resolveu, com o dinheiro do Estado, dos contribuintes, encharcar mais uma vez a banca privada, atribuindo-lhe 450 milhões para acudir à fraude».

«Para esses há sempre dinheiro, para quem trabalha, para quem está desempregado, para quem é pobre, não existem facilidades», acrescentou, alertando: «A insistência nas mesmas políticas agravará a actual situação, com mais desemprego, mais pobreza, mais precariedade, mais exploração, mais falências e maior dependência».

«Lei da selva»

Jerónimo de Sousa acusou ainda o líder do PSD, «que anda aí permanentemente a reunir com os patrões», de estar a tentar promover a aplicação «da lei da selva» em relação aos despedimentos. «No nosso País existem mais de 760 mil trabalhadores desempregados e mais de um milhão e 200 mil desempregados. A precariedade aumentou e o desemprego também. O problema não está na legislação laboral, mas nesta política, nestas propostas, que visam rasgar a própria Constituição da República, que define os direitos dos trabalhadores como fundamentais», destacou. «As alterações à legislação laboral não são para combater o défice, mas sim para agravar a situação. Mais uma vez, no quadro da luta de classes, aquilo que está em causa é que o capitalismo nunca se conformou com as parcelas do domínio perdido devido à luta de gerações inteiras de trabalhadores», disse ainda.

O Secretário-geral do PCP, quase a terminar, salientou que há «possibilidade de ruptura e de mudança», que Portugal «não é um País pobre» e que «é possível e necessário uma política patriótica e de esquerda para aumentar os salários e as pensões, para defender a produção nacional na indústria, na agricultura e nas pescas, para defender e alargar os serviços públicos». Neste sentido, apelou à participação dos trabalhadores e das populações em geral, assim como o fizeram no passado, no «dia nacional de protesto e de luta, convocado pela CGTP para o dia 8 de Julho. «Vamos lutar e conseguir um País melhor, com mais justiça, progresso e desenvolvimento», disse.

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