Audição sobre Hospital do Seixal

PCP defende Serviço Nacional de Saúde

«Uma luta que não de desliga de uma tese fundamental que perfilhamos, de que não há um projecto credível de desenvolvimento para o futuro do País que não integre um serviço público de saúde, geral, universal e gratuito, com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) reforçado e melhorado, com o Estado a assumir todas as suas responsabilidades em matéria de saúde», defendeu o Secretário-geral do PCP, explicando que, apesar do SNS ter contra si os «interesses instalados na saúde, os resultados obtidos são muito significativos como alguns dos principais indicadores e os níveis de produção obtidos no ano de 2007 (os últimos conhecidos) confirmam».

No entanto, criticou ainda, «muito mais podia ter sido realizado, não fosse a insistência em opções neoliberais, cujo o objectivo é debilitar o SNS para depois o privatizar, mais não fez do que aprofundar a promiscuidade entre o público e o privado, transferir milhões de euros do Orçamento de Estado para o sector privado e dificultar o acesso de milhões de portugueses, nomeadamente os mais carenciados, aos cuidados de saúde».

Jerónimo de Sousa saudou ainda a recente luta dos enfermeiros, que teve uma adesão de 90 por cento. «Na Assembleia da República, o primeiro-ministro, com a tradicional arrogância e prepotência que o caracterizam, interpelado por nós sobre as reivindicações dos enfermeiros, classificou esta luta de corporativista. Não é só corporativista, como se insere numa luta mais geral pela defesa do SNS e do direito em qualidade aos cuidados de saúde, razão pela qual não só estamos solidários, como apoiamos as justas reivindicações dos enfermeiros», sublinhou.

Na sua intervenção, alertou ainda para a falta de médicos nos cuidados primários, para o encerramento de serviços de proximidade e para a contratação de empresas de prestação de serviços médicos. «Esta reforma no modelo Unidades de Saúde Familiar revelou-se um processo gerador de desigualdades», acusou o Secretário-geral do PCP, manifestando-se desagradado com os «mais de 750 mil utentes que não têm sequer acesso ao médico de família».


Utentes prometem lutar contra interesses privados

A audição pública, realizada a propósito do lançamento de concurso público para «Estudos e Projectos do Hospital do Seixal», contou ainda com a intervenção de vários autarcas e dirigentes comunistas. Presentes estiveram ainda, entre outros, Bruno Dias e Paula Santos, deputados na Assembleia da República, e Margarida Botelho, responsável pela Organização Regional de Setúbal do PCP.

Odete Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia de Amora, reafirmou o compromisso de continuação da luta pela construção de um hospital público no concelho do Seixal e pelo direito das populações à saúde, que passa também pela reabertura de Serviços de Atendimento Públicos (SAP's) e pelo aumento da capacidade de resposta dos centros de saúde.>

Por seu lado, Alfredo Monteiro, presidente da Câmara Municipal do Seixal, salientou que «é necessário garantir os investimentos» e que «o hospital esteja a funcionar até 2012».

Durão Carvalho, da comissão que acompanhou o Plano Director Regional dos Equipamentos de Saúde, encomendado pela Administração Regional de Saúde, em 2002, alertou para o facto de aquele hospital, pelas suas características, entretanto apresentadas pelo Governo, que nada têm a ver com as acordadas com as autarquias do Seixal, Sesimbra e Almada, vir «dar espaço à instalação de um hospital privado». «É lamentável que se gastem 72 milhões de euros numa unidade que de facto não vai responder às necessidades da população. A solução, da responsabilidade do PS, não tem qualquer suporte técnico em estudos elaborados e a solução tecnicamente correcta é aquela que foi definida pelo Plano Director Regional, com 300 camas e a qualificação de plataforma B, de acordo com a Direcção Geral de Saúde», frisou, acusando o PS de «alimentar e deixar espaço para os grupos económicos».

Esta iniciativa contou ainda com a intervenção de Joaquim Judas,presidente da Assembleia Municipal do Seixal, que apelou à «luta» por um hospital que satisfaça «as necessidades das populações». «Cada passo que damos em frente, procuram-nos empurrar para trás. O programa funcional não obedece àquilo que foi assinado no protocolo», denunciou, explicando, por exemplo, que a «urgência de 24 horas» foi substituída por uma «urgência básica». Segundo o eleito do PCP foram, de igual forma, retiradas especialidades àquela unidade de saúde, nomeadamente de neurologia.

Francisco Lopes, deputado e dirigente do PCP, salientou a importância de «continuar a luta» para que o protocolo seja cumprido e para que o projecto e o concurso avancem rapidamente. Prosseguiremos a nossa intervenção para que o hospital avance com as valências necessárias, com a dotação de profissionais e com uma gestão pública, integrado no SNS», prometeu, lembrando que a situação no Hospital Garcia de Orta, em Almada, é de «ruptura». «O planeamento, uma visão de futuro, uma concepção humanista, exige que se tome medidas para cumprir o protocolo que foi estabelecido com as populações, utentes e autarquias locais», referiu.

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