Intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral, Sessão Pública CDU Lisboa

«Para o PCP e CDU há uma opção clara. O caminho do País deve ser, tem de ser, ao serviço dos trabalhadores e do povo»

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Queria saudar esta iniciativa, todos os aqui presentes, uma saudação particular para os nossos aliados do Partido Ecologista “Os Verdes” e os muitos independentes que aqui estão connosco, sejam bem vindos, fazem cá muita falta, a CDU é o vosso espaço de construção colectiva, o projecto necessário.

Ditaram as circunstâncias que assinalássemos dois anos da realização das autárquicas, aqui mesmo nesta praça, nesta praça de Saramago, no dia em que se assinalam 101 anos do seu nascimento, aliás como aqui já foi e bem referido, uma importante acção que aqui hoje desenvolvemos, no meio de uma crise política que nos levará a eleições legislativas antecipadas em Março.

Aqui estamos perante uma nova batalha onde o que vai contar e ser determinante é até onde vai o reforço da CDU, o número de deputados eleitos e a força com que irá sair a CDU.

A força que defende o Poder Local Democrático e a proximidade dos eleitos às populações, esta força com provas dadas em todo o País e também aqui de forma expressiva na cidade de Lisboa.

Foi assim e é assim em todos os momentos, quer em maioria quer em minoria.

Estamos a meio do mandato e, dois anos depois, aqui estamos a fazer o necessário balanço.

Aí estão os problemas que se agravam, problemas que vêm do tempo da gestão do PS, como a transferência de competências para o município e para as freguesias, o desmantelamento de serviços municipais e a liberalização dos solos e o favorecimento da especulação imobiliária.

Questões que PSD/CDS não só não resolveram como acentuaram e acrescentaram a sua marca das desigualdades sociais. 

Uma marca bem visível quando devolvem, e ainda vão devolver mais, dezenas de milhões de euros em IRS às famílias mais ricas da cidade, quando aquilo que se exigia e se necessitava era que esses recursos financeiros fossem investidos na habitação municipal, na cultura ou nos apoios sociais. 

Este é um exemplo de opções que revelam de que lado é que Moedas está.

Opções erradas para quem vive e trabalha na cidade, opções que combatemos.

E é neste quadro que valorizamos muito o trabalho de todos os activistas e eleitos da CDU na cidade de Lisboa, valorizamos a sua vasta intervenção em torno dos problemas concretos da população, valorizamos o seu trabalho de rua e de proximidade, um trabalho, uma acção e iniciativa que faz com que os lisboetas saibam que é a CDU que está do seu lado, todos os dias, na construção de uma cidade melhor, de uma cidade a que os lisboetas têm direito, a esse direito de viver melhor na sua terra.

Uma vida melhor, a que todos e cada um de nós tem direito.

Também é isso que está hoje em causa no plano nacional e é por isso que é determinante o reforço da CDU e do PCP também na Assembleia da República.

É hora de mudar de política.

E é mesmo hora de mudar de caminho, mudar para as soluções e as respostas necessárias.

É hora de a política se colocar ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País e não, como até aqui tem acontecido, andar ao sabor dos interesses, dos lucros e da riqueza dos grupos económicos.

É hora de uma vez por todas responder à crise da vida de todos os dias que aí está e que não começou na semana passada.

É por isso que dizemos que a luta dos trabalhadores e das populações e as suas exigências não podem ficar à espera, a prestação, a renda, o mês cada vez maior para os salários e pensões cada vez mais curtos, o aumento do custo de vida, a falta de consultas e tratamentos, os medicamentos de que precisamos, nada disso fica à espera, é preciso respostas agora, é preciso resolver os problemas de hoje e com a luta influenciar as opções políticas de futuro.

Estão marcadas eleições, vamos a elas.

Esta é uma oportunidade para reforçar o PCP e a CDU, e é esta a questão que determinará o futuro próximo.

Podem querer antecipar todos os cenários possíveis e imaginários, mas nós sabemos, e os trabalhadores e o povo sabem e por experiência própria, que o que determinará o dia a seguir às eleições é a força e o número de deputados que o PCP e a CDU tiverem.

Hoje cada vez mais gente já percebeu que quando o PCP e a CDU avançam isso contribui para que a vida de cada um ande para a frente e, se assim é, é do interesse e é uma condição para que a vida de cada um melhore, o reforço do PCP e da CDU.

Vamos para eleições, olhamos para elas como uma oportunidade para melhorar a vida de cada um.

Querem impor-nos uma narrativa velha apresentada como sendo nova.

Querem recuperar a mistificação da eleição para primeiro-ministro, esse mito que ainda há bem pouco tempo ruiu como não podia deixar de ruir.

Querem impor a “operação sondagens”, dando vencedores e perdedores antecipados. 

Conhecemos bem o que é isso e o que se pretende com isso, mas também sabemos, e é preciso lembrar, que essa operação falhou há pouco mais de um mês nas eleições na Madeira.

Quando essa mesma “operação sondagens” dizia que íamos desaparecer, a realidade foi outra. 

Crescemos, reforçámos com mais votos e mais percentagem, ficámos mais perto de eleger o segundo deputado regional.

Querem impor, mais uma vez, a falsa bipolarização. 

E que jeito dá esta operação de apresentação da disputa eleitoral entre esquerda e direita, procurando reduzir a disputa à forma, descartando por completo o conteúdo.

É verdade que vamos ter uma disputa eleitoral bipolarizada.

Mas uma bipolarização, isso sim, entre a política ao serviço dos grupos económicos e a alternativa pelos trabalhadores, pelo povo e o País.

A bipolarização entre a política que abre as portas aos 25 milhões por dia de lucros dos grupos económicos e a alternativa pelo aumento dos salários para todos os trabalhadores e em particular para os 3 milhões que ganham até mil euros por mês. 

A bipolarização entre a política que anima os 11 milhões de euros de lucros por dia da banca e a alternativa para os milhões que estão a cada dia mais apertados e a fazer todos os sacrifícios para aguentar o seu tecto, a sua habitação e o seu pequeno negócio ou empresa.

A bipolarização entre a entrega de 8 mil milhões de euros públicos para o negócio da doença e a alternativa de reforço do Serviço Nacional de Saúde, da fixação de profissionais, da garantia de condições e resposta às necessidades dos utentes.

A bipolarização e o confronto entre a política ao serviço dos 5% mais ricos que concentram 42% da riqueza criada e a alternativa que responde ao drama dos dois milhões que estão na pobreza, dos quais 345 mil são crianças, e dos 72% dos reformados com pensões abaixo dos 500 euros.

A bipolarização entre a entrega de chorudos benefícios fiscais, baixa de IRC e mais milhões para uns poucos e a alternativa por uma política fiscal mais justa, que baixe impostos para quem trabalha e trabalhou uma vida inteira, e para as micro, pequenas e médias empresas.

A bipolarização entre a política criminosa de privatizações e a alternativa pelo controlo público de instrumentos estratégicos de soberania e pela produção nacional.

A bipolarização entre a política que alimenta a promiscuidade entre o poder económico e político e a alternativa de combate efectivo à corrupção. 

A bipolarização entre as contas certas de uns poucos e a incerteza nas contas de muitos.

A bipolarização e o confronto entre um punhado de gente para a qual nunca há dificuldades e a alternativa ao serviço da larga maioria que trabalha ou trabalhou uma vida inteira, da maioria que cá vive e trabalha, ao serviço do País da sua soberania e desenvolvimento.

É esta a bipolarização que está em jogo todos os dias, a bipolarização entre a alternativa patriótica, ao serviço que está do País e do seu desenvolvimento, de esquerda, que coloca os trabalhadores e o povo no centro da sua acção, a alternativa de Abril e da Constituição em confronto com a política de direita que, independentemente dos seus protagonistas de turno, objectivamente, serve por inteiro os grupos económicos.

E nesta bipolarização, da nossa parte não há nenhuma dúvida, aqui está o PCP e a CDU, aqui estamos do lado da alternativa. 

Do outro lado estão todos os outros que, para lá de diferenças objectivas que têm, e dos diferentes salvadores e profetas que apresentem, estão, como demonstra a sua prática diária e os seus compromissos, alinhados e ao serviço dos interesses dos grupos económicos e financeiros.

Não nos peçam que alimentemos ilusões, não peçam que sejamos acessórios ou que amparemos a política que nas suas opções de fundo se colocam ao serviço dos tais dos 25 milhões de lucros por dia.

Aqui no PCP e na CDU há uma opção clara.

O caminho do País deve ser, e tem de ser, ao serviço dos trabalhadores e do povo.

Para isso o PCP e a CDU nunca faltarão como nunca faltaram.

Foi assim no passado, é assim no presente e assim continuará a ser.

Com confiança, com essa confiança suportada nas justas propostas e no justo caminho que queremos abrir, confiança de quem lá está, todos os dias, junto e com os trabalhadores, as populações, lá está todos os dias intervindo sobre os seus problemas, tal como aqui fazemos na cidade de Lisboa.

É com essa confiança e determinação que vamos, mas é que vamos mesmo pôr a cidade de Lisboa e o País a andar para a frente.

Viva a CDU!