Artigo de Ruben de Carvalho no «Diário de Notícias»

«Negócios»

Um dos aspectos mais inquietantes daquilo que se poderá chamar a mutação de padrões culturais e éticos resultante da guerra do Iraque é a indiferença, o estatuto de quase naturalidade que rodeia os negócios e lucros que ele proporciona. Nos anos 50-60, desenvolveu-se um intenso labor crítico sobre o que então se designou por «complexo militar-industrial» norte-americano, expressão de resto criada por alguém francamente insuspeito de «pecados» pacifistas: o próprio Presidente dos EUA, general Dwight Eisenhower. A pressão das grandes indústrias para condicionarem e retirarem copiosos lucros dos orçamentos de defesa do Pentágono foram objecto de violentas críticas.

Em rigor, o tema era recorrente. Já no século XIX larga literatura denunciou o papel dos fabricantes de armamento em conflitos como a guerra franco-prussiana ou a I Guerra Mundial, fazendo parte da galeria dos vilões os ubíquos negociantes envolvidos com todos os beligerantes em conflitos por eles próprios promovidos. O que se passa com a empresa Halliburton do vice-presidente Dick Cheney atinge, contudo, dimensões que transformam o passado em pequenos delitos.

Consulte-se www.corpwatch.org/issues/PID.jsp?articleid=6008

  • Soberania, Política Externa e Defesa
  • Central
  • Artigos e Entrevistas