Este relatório é profundamente hipócrita ao insistir em apontar a UE como exemplo da "democracia", do "Estado de Direito", do respeito pela "universalidade dos direitos humanos e liberdade fundamentais", do "respeito pelos princípios da Carta da Nações Unidas e do Direito Internacional", quando a prática da UE e das suas potências nas relações com países terceiros testemunha flagrantes, continuadas e agravadas violações dos princípios enunciados.
É oportuno recordar a conivência e o silêncio da UE em relação aos gritantes atropelos dos anos 90 na Rússia, nomeadamente quando o regime de Iéltsin procedeu às terapias de choque no plano económico e social ou durante os acontecimentos do golpe e assalto armado ao parlamento em 1993.
Como pano de fundo deste tipo de posições estão as disputas em curso entre a UE e o grande capital russo. Os monopólios da UE cobiçam as riquezas e o estatuto de fornecedor energético da Rússia, que é também um adversário estratégico da UE na (re)divisão de esferas de influência. É desta forma que se devem compreender novos alargamentos a leste e a consolidação da UE como pilar europeu da NATO - organização que continua a sua expansão no espaço da ex-URSS.