Intervenção de Paulo Raimundo na Assembleia de República, Apresentação e debate do Programa do XXIV Governo Constitucional

Não alimentamos ilusões, rejeitamos um programa de governo que está claramente ao serviço dos grupos económicos

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Uma saudação, um alerta, um compromisso, uma pergunta e uma certeza.

A saudação é aos médicos, enfermeiros, técnicos, professores, auxiliares, oficiais de justiça, profissionais das forças de segurança e das forças armadas e bombeiros.

A saudação, a todos os trabalhadores e à sua luta que vão obrigar o Governo a dar respostas aos seus problemas.

O alerta é a todos os que ambicionam uma vida melhor.

Ainda o Governo tenta iniciar funções e já procura justificações para não cumprir o que lhes foi vendendo.

Que Governo é este? Que Programa é este?

Sobre direitos dos trabalhadores, reformas, combate à injustiça, à desigualdade, à precariedade e aos horários desregulados, considerações vagas, mas nada de soluções.

Sobre salários, demagogia e contenção são as palavras de ordem, numa altura em que cai por terra o mito da produtividade, no qual o Governo sustenta parte do seu Programa.

É que hoje é claro que os salários reais evoluem menos que a produtividade.

O Governo e seus aliados da concentração da riqueza nas mãos de uns poucos, à custa de quem a produz a riqueza que são os trabalhadores, procuram sempre justificações para travar o aumento de salários e pensões, mas encontram sempre razões para mais favores aos grupos económicos e para retirar ao Estado condições e meios para cumprir o seu papel, como é agora com a redução do IRC.

Há impostos que deviam de facto baixar, vai o Governo reduzir o IVA na eletricidade, telecomunicações e gás?

Vai o Governo ser um passa cheques para o capital?

Vão continuar as parcerias público privadas rodoviárias a sacar por ano mil milhões de euros públicos?

São para manter benefícios fiscais de mil e seiscentos milhões de euros aos grupos económicos

É desta que os lucros da banca vão suportar o aumento das taxas de juro?

São as respostas a estas questões que se exigem e das respostas virá a definição dos caminhos.

Senhor Primeiro-Ministro,

Do PCP, contará com firme combate e oposição ao Governo, aos objetivos e aos projetos que unem, entre outros, PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal.

É este o compromisso do PCP com os trabalhadores e o povo.

Sabemos bem o caminho que querem retomar e aprofundar.

Não alimentamos ilusões, rejeitamos um Programa que é negativo pelo que afirma mas também pelo que omite e que está claramente ao serviço dos grupos económicos.

Para finalizar deixo a certeza e a convicção de que os trabalhadores, os reformados, a juventude, o povo, todos os que exigem a mudança, salários, reformas, acesso à saúde, educação, serviços públicos, justiça, habitação, combate à corrupção e às suas causas, respeito e dignidade, todos os que exigem uma vida melhor, não vão baixar os braços perante ataques ou recuos nos seus direitos e vão exigir com a sua luta respostas aos seus problemas, e o direito que têm a uma vida melhor, a um País soberano e desenvolvido, com uma mais justa redistribuição da riqueza criada.

Senhor Primeiro-Ministro, não iluda os problemas do nosso País e, acima de tudo, não iluda as dificuldades dos que cá vivem, trabalham e estudam.