As notícias hoje divulgadas sobre a participação do Presidente da Entidade Reguladora do Sector Eléctrico (ERSE) numa sessão sobre o sector e a privatização da EDP com bancos e outras empresas multinacionais configuram uma grave situação que merece do PCP os seguintes comentários:

1. São mais uma revelação, a somar a outras (designadamente a compra de acções da EDP pelo Ministro da Economia na 4ª fase da privatização daquela empresa), que confirma o processo de privatizações como um obscuro novelo de ligações profundamente lesivo dos interesses nacionais.

2. Demonstram que as chamadas Entidades Reguladoras, apresentadas como independentes, estão afinal integradas na defesa dos interesses dos sectores económicos e financeiros dominantes.
A situação criada, a confirmarem-se as notícias divulgadas, exige que o Governo dê explicações sobre o aval concedido a tal tipo de procedimentos e torna insustentável a posição dos responsáveis da ERSE.

3. O facto de as informações fornecidas terem contribuído para que bancos e outras empresas tivessem actuado de forma a baixar o valor da empresa, conseguindo com isso enormes ganhos com os consequentes prejuízos para o erário público (venderam por um preço mais alto e voltaram a comprar por um preço mais baixo), é mais um elemento que se associa ao grave significado que tem em si mesma a perda da maioria do capital do Estado numa empresa estratégica fundamental e que confirma os alertas do PCP e que, com acrescida justificação, exige em nome dos interesses nacionais a anulação da 4ª fase da privatização da EDP.