Intervenção de Valter Loios, Encontro «Os comunistas e o movimento sindical – uma intervenção decisiva para a organização, unidade e luta dos trabalhadores»

O local de trabalho e o papel da organização de base

O local de trabalho e o papel da organização de base

A classe operária e os trabalhadores no nosso país podem continuar a contar com a força organizada e transformadora dos sindicatos do Movimento Sindical Unitário que a sua central sindical de classe a CGTP-IN agrega.

A maior organização social e de massas, a força transformadora capaz de intervir na defesa dos direitos e aspirações dos trabalhadores, onde os comunistas têm o papel de vanguarda da classe operária e das massas.

É o local de trabalho que ganha centralidade e prioridade da intervenção sindical, onde os comunistas têm um papel insubstituível nesta intervenção diária e única de ligação aos trabalhadores.

Quando afirmamos que o local de trabalho é a prioridade e centralidade do nosso trabalho, dizemo-lo porque foi sempre com a acção e participação dos trabalhadores nos locais de trabalho, em unidade, que independentemente da sua filiação partidária, credos religiosos ou outros este partido e a CGTP-IN se reforçam, constroem a reivindicação, a luta e a conquista de direitos para quem trabalha.

Digo estar e não passar. Precisamos de lá estar com organização de base, com o delegado sindical, a comissão sindical e os representantes dos trabalhadores para o SST.

É no estar lá que conseguimos uma ligação com o maior rigor no que lá se passa, nos atropelos aos direitos, nas expectativas que os trabalhadores têm, nas reivindicações que ambicionam alcançar.

É o delegado sindical o rosto do sindicato no local de trabalho, a quem em primeira instância os trabalhadores recorrem, para o esclarecimento, para dizer da injustiça, para encontrarem soluções de as ultrapassar.

Termos organização de base permite muito melhores condições para uma forte dinâmica reivindicativa e de luta, pois o constante e directo contacto com os trabalhadores contribui para o seu aumento da consciência social, política e de classe.

Temos que planificar e organizar a nossa intervenção no local de trabalho, desde logo num aspecto de como vamos fazer essa ligação aos trabalhadores e levá-los à sua participação na vida sindical. São aspectos que a organização de base deve reflectir.

Foi assim na GESTAMP onde o partido em muitos momentos teve comunistas a intervir na comissão sindical, com o trabalho da célula e o reforço do partido, que a luta reivindicativa pelas questões concretas ganham a dimensão de conquista.

Na GESTAMP em Vendas Novas começamos por ter uma intervenção da comissão sindical na base da ligação aos trabalhadores, envolvendo a sua participação na vida sindical, nas discussão, reflexão e construção de proposta, plenários com 90% de trabalhadores, e eram todos comunistas?

Os comunistas eram meia dúzia, mas estavam lá para esclarecer, contribuir para o aumento da consciência social, de classe, para desmontar argumentação do patrão e fazer ver que existem alternativas e sim a partir das coisas concretas os trabalhadores em unidade levaram por diante as suas reivindicações que construíram e lutaram por elas.

Luta essa que teve um final de conquista nos últimos dois anos de aumento 100€ e desde 2017 que 10 trabalhadores com vínculo precário viram o seu vínculo ser efectivo.

Ou a luta que mobilizou milhares de trabalhadores na administração local pela concretização da opção gestionária, ou nos quadros da administração pública pelas 35H, foram movimentações de massas que em unidade e a partir dos locais de trabalho que os trabalhadores se mobilizaram, lutaram e conquistaram.

Estes exemplos e muitos outros que podia aqui dar, é o que nos leva a afirmar que precisamos de estar lá no local de trabalho onde se dá o confronto de classes com o capital.

A nossa intervenção de hoje, como há cem anos atrás, é de grande exigência. Nunca foi fácil, o capital nunca facilitou a vida na nossa intervenção. É compreensível pois sabe da força da luta dos trabalhadores quando é organizada e ganha ainda maior dimensão pelas mãos dos comunistas, pois é mais consequente e profunda dado o projecto de sociedade que defendemos.

É no local de trabalho que se constrói a reivindicação do problema concreto e que dá expressão à luta mais geral como o aumento geral dos salários de todos os trabalhadores, dos sectores público e privado, um aumento de 90€ para todos em 2021 e a fixação do SMN em 850€; o emprego com direitos e o fim da precariedade; a redução do período normal de trabalho semanal para as 35 horas e a rejeição da desregulação dos horários; a revogação da caducidade e das outras normas gravosas da legislação laboral para garantir o direito de contratação colectiva; o exercício da liberdade sindical e dos direitos dos trabalhadores em todos os locais de trabalho; a melhoria dos serviços públicos e das funções sociais do Estado.

Termino como comecei pode a classe operária e os trabalhadores no nosso país continuar a contar com a força organizada e transformadora desde PCP na luta pelo progresso e emancipação dos trabalhadores, pela urgente e necessária alternativa patriótica e de esquerda, uma luta que travada todos os dias é parte constituinte da afirmação da democracia avançada e os valores de Abril no futuro de Portugal, pelo socialismos e o comunismo.

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