Intervenção de Luís Miranda, membro do colectivo da Escola Secundária Rodrigues Freitas da JCP, Comício comemorativo do 94.º aniversário do PCP

A JCP prova que a juventude não desiste, que luta e organiza-se

A JCP prova que a juventude não desiste, que luta e organiza-se

A juventude Portuguesa, como espelho que é do resto do país, sofre cada vez mais. A ofensiva aos direitos e liberdades daqueles que nascem e crescem, actualmente, neste país, torna-se cada vez mais incomportável. Cada vez mais os jovens são criados no ambiente de precariedade social e financeira que reina neste país. Cada vez mais essa precariedade leva à total e completa negação do direito ao desenvolvimento pleno do indivíduo. Negam-nos a realização dos nossos estudos, por falta de condições económicas; condenam-nos à exploração, à precariedade, ao empobrecimento; negam-nos o acesso à cultura, à saúde, ao desporto, à segurança social, à habitação. Cada vez mais, nós, os jovens portugueses, o suposto futuro do país, somos empurrados, arrastados, praticamente forçados a sair do nosso país em busca não de uma vida melhor, mas sim de uma vida, visto que até essa possibilidade nos está a ser retirada. Camaradas, vivemos um período negro, pois temos um governo que não só limita o potencial dos jovens portugueses, como REJEITA, de uma forma vil e insensata, TODA e QUALQUER possibilidade de FELICIDADE que nos possa ser apresentada. É por isso que cá temos o nosso partido, que ao longo de 94 anos lutou para que os portugueses pudessem ter as melhores condições possíveis, e que continua, com a mesma confiança e determinação inabaláveis, a levar a cabo essa defesa dos direitos e liberdades do povo português.

Em tempos como os que vos descrevi, torna-se ainda mais clara a necessidade de uma juventude ORGANIZADA e de VANGUARDA que mobilize as camadas jovens. Em Portugal, essa juventude é, sem margem para dúvida, a Juventude Comunista Portuguesa. A JCP, organização de juventude do PCP, desenvolve um trabalho incansável no sentido de dinamizar, organizar e consciencializar os estudantes dos diferentes níveis de ensino e os jovens trabalhadores. É por isso que, ao longo do último ano, a organização regional do Porto da juventude comunista portuguesa tem fomentado a união e luta dos jovens do porto.

É um facto, camaradas, que, face ao ataque que tem sofrido por parte daqueles que nos governam, a juventude NÃO DESISTE. Por ser, precisamente, reconhecida como a organização que está com a luta pela defesa dos direitos e liberdades da juventude, a JCP prova que a juventude não desiste, luta e organiza-se. Notando-se no Porto pelo reforço da luta e o reforço da organização.

Cumprindo o seu papel de agitadores, os jovens comunistas trabalharam e trabalham incansavelmente para que eles e os seus colegas de escola ou de trabalho se organizassem e se organizem frente à ofensiva do capital.

Os jovens trabalhadores, constituem um belo exemplo da organização e coragem que são fundamentais à luta pelos direitos que nos são roubados:

- Em Fevereiro apesar do medo que lhes tentam impor e da brutal precariedade os trabalhadores dos call centers da PT, incluindo o de Tenente Valadim e Santo Tirso, lutaram e fizeram uma corajosa greve com mais de 50% de adesão.

No que toca ao ensino superior, foram também muitas as lutas realizadas, das quais apresentamos os seguintes resultados:

-Na faculdade de Belas Artes o desinvestimento é cada vez mais visível tanto na falta de material, como na falta de condições humanas. No entanto, após 3 anos de luta organizada e persistente, tanto o material para as oficinas como as obras em 3 pavilhões foram conquistados e mais de 200 mil euros foram investidos em maquinaria nova.

-Na Escola Superior da Educação, os estudantes conseguiram, através da luta, que se reabrisse a cantina, apesar de ainda haver dificuldades.

No ensino secundário, camaradas, o ardor da luta também não arreda pé:

- Na escola Artística Soares dos Reis, a constante pressão e luta por parte dos estudantes levou a que fosse conquistado o prato vegetariano.

- Na Fontes Pereira de Melo, uma manifestação com 500 estudantes levou à contratação imediata de 4 funcionários para a escola.

- Camaradas, fez agora um ano que, nesta mesma sala, a intervenção da JCP no comício de aniversário dos 93 anos do Partido falava na necessidade de obras nas escolas secundárias do Marco de Canaveses e da Trofa. Pois é com uma imensa alegria que dizemos: os estudantes lutaram e saíram à rua e hoje as obras recomeçaram e vão ser concluídas.

Nem sempre vencemos mas estas vitórias acrescentam energia à nossa luta!

Camaradas, todas estas lutas são realizadas sob um clima autoritário e opressivo que, infelizmente, é hoje generalizado no ensino secundário português. Está em curso um verdadeiro ataque à democracia estudantil, um atentado ao poder de decisão e organização dos estudantes, uma repressão a todo e qualquer direito de opinião no que toca ao funcionamento do sitio onde passamos largas horas da nossa vida. Camaradas, vários directores exercem pressão das maneiras mais velhacas e reprováveis, ignoram leis e ameaçam os estudantes, tudo para que uma RGA não se realize, um abaixo assinado não tenha sucesso ou uma faixa não seja pintada. Camaradas, depois de uma sucessão de peripécias, foram, no entanto, realizadas duas RGA. No dia 20 de Fevereiro, uma RGA na Escola Secundaria Almeida Garrett, que contou com 230 estudantes presentes, e na Rodrigues de Freitas, uma RGA com 50 estudantes, no passado dia 11 de Março, apesar da forte tentativa por parte das direcções para que elas não acontecessem. Camaradas, são exemplos como estes que provam que, sendo dotados da fibra que caracteriza os resistentes ao longo dos 94 anos do nosso partido, os estudantes não se vergam.

E não se vergam nem vacilam, realizando inúmeras acções, como são exemplo o apitão realizado na Rodrigues de Freitas no dia 25 de Novembro, que contou com 60 alunos a lutar por melhores condições nas casas de banho e por mais funcionários, o apitão na Soares dos Reis, que, apesar de ter sofrido com a reacção de certas camadas dentro da escola, reuniu 150 estudantes, no dia 27 de Fevereiro, que se uniram, em luta, pelo fim dos exames nacionais e pelo investimento no ensino artístico. Bem como as incontáveis distribuições, faixas, abaixo assinados e conversas que formam a base de toda a actividade de consciencialização, organização e movimentação das massas estudantis de que a JCP é vanguarda revolucionária.

Depois de tudo isto, é preciso manter um olho no passado, admirando toda a nossa história e contributo, e um olho no futuro, pois se o PCP se mantém actual ao fim destes 94 anos de história, é porque soube analisar as mudanças do seu tempo e intervir, sem, no entanto, comprometer o seu ideal e princípios.
É sem esquecer este foco no futuro que os militantes da JCP têm trabalhado com outros estudantes incansavelmente para organizar a luta de todos os seus sectores a nível nacional. Depois de um grande dia nacional de luta dos estudantes, a 23 de Outubro, que se expressou, no porto, através dos 350 estudantes que estiveram na rua, temos agora um dia nacional de luta do ensino básico e secundário já na próxima quarta-feira, dia 18 de Março. A luta cresce e avança tendo 16 AAEE subscrito o apelo lançado, esperamos que no dia 18 os estudantes do distrito saiam à rua, para que, todos juntos, possamos dizer “BASTA! POR UMA ESCOLA PUBLICA, GRATUITA E DE QUALIDADE!”.

Por sua vez, os estudantes do Ensino Superior sairão à rua, no próximo dia 24 de Março, para defenderem com a luta aquilo que foi conquistado com a luta! Protestam, como toda a educação, contra os cortes monumentais que têm sido feitos, contra a diminuição do número e do valor das bolsas, contra o aumento de preços e a falta de qualidade nas cantinas, em suma, contra a elitização financeira e a degradação do Ensino de Abril.

Em simultâneo, decorrerá a semana de luta da juventude trabalhadora, que terá expressão por todo o país e culminará, de maneira gloriosa, numa grande manifestação em Lisboa no dia 28, uma manifestação para todos os jovens, uma manifestação que será de luta pelos direitos e liberdades da juventude, na luta pelo derrubamento do arco da governação e das suas políticas, e na luta pela alternativa que dê continuidade aos valores de Abril.

E pela continuidade dos valores de Abril já o PCP luta e lutou, durante muitos anos; mesmo quando a revolução dos cravos ainda não se tinha realizado, já o Partido Comunista Português lutava pelos seus valores e conquistas, já o Partido Comunista Português defendia o seu ideal, desde o primeiro dos muitos dias que compõem estes 94 anos de história. É para celebrar esta história e esta luta contínua pelos direitos, liberdades e aspirações de todos que aqui estamos. É para celebrar a incansável luta do povo português que aqui estamos, a luta que não tem nome, pois é a luta de todos e o seu nome é o nome de todos nós. Por isso mesmo, essa luta tem quem a faça. Tem quem a defenda. E os trabalhadores e o povo português têm um Partido que os defendeu, defende e defenderá sempre. Um Partido com uma palavra. Um Partido que é a vanguarda dessa luta. Um Partido com soluções para o País, com projecto. O Partido do sonho. Camaradas, hoje, ao fim de 94 anos de história, podemos afirmar com plena confiança que esse partido é o Partido Comunista Português.

Viva o 94º aniversário do PCP
Viva a Juventude Comunista Portuguesa
Viva o Partido Comunista Português.